Raio de blog de esquerda que não dá três vivas ao 25 de Abril. Não há um cravo nem nada. Em hora tardia nos redimimos. Pedimos desculpa. Estivemos na rua a comemorar (desculpa verdadeira que não justifica a total ausência).
Falamos e festejamos o 25 de Abril. o Dia da Liberdade, não num acto de saudosismo, mas conscientes da importância que teve, e ainda tem para as nossas vidas.
Hoje ensinam-nos na escola, e no educador-mor, a televisão, uma coisa do estilo "antes do 25 não se podia falar, reunir ou associar e agora pode-se, graças aos militares que estavam descontentes com a guerra colonial que fizeram um golpe miltar e, por acaso, as pessoas saíram também à rua".
Não podia ser mais redutor.
Não nos podemos esquecer do que foram os 48 anos de fascismo em Portugal. Pela pobreza extrema, pelo analfabetismo, pelas perseguições políticas, pela tortura e muitas vezes a morte a quem defendia tão-só a liberdade e lutava por ela.
Limitar as conquistas de Abril ao direito de associação, reunião e expressão é dar uma visão distorcida da realidade. Não podemos, por uma questão de tempo (e já agora de espaço) enumerar todas estas conquistas, mas não podemos falar de Abril sem referir o direito a férias pagas, o salário mínimo nacional, o fim dos latinfúndios (a terra a quem a trabalha!) e dos monopólios, as nacionalizações, a massificação da cultura, do ensino, da saúde....
( e em 2006 os latifúndios aí estão, empresas do estado as que ainda não foram privatizadas estão na lista, os senhores do antigamente são os de agora, saúde, ensino e cultura são para quem os possa pagar, o salário mínimo é de facto, mínimo......)
Por último, o dia 25 de Abril surgiu de facto pela mão dos militares. Mas não podemos nunca pensar que foi um acto isolado do resto da luta dos trabalhadores e da população por melhores condições de vida e contra o fascismo. De facto, toda a luta desenvolvida, desde as grandes greves das 8 horas, às lutas sectoriais, às comemorações do 1º de Maio, em que naturalmente destacamos o papel dos comunistas pelo seu papel na organização e direcção dos trabalhadores, forma essenciais para a materialização do descontentamento polpular num dia- o 25 de Abril.
Por isso estivemos na rua . Para lembrar o 25 de Abril. Para desmistificar ideias erradas. Mas sobretudo para defender o que foi conquistado com a Revolução
Thursday, April 27, 2006
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2 comments:
obrigado, mamute.
pelo contributo, pela atempada correcção da imperdoável lacuna.
Abril Vive, cerceado e atacado, mas verá seus cravos de novo florir.
um grande abraço
só outra coisa:
além de a participação popular em massa no dia 25 de Abril ter sido reflexo de um movimento que era bastante mais vasto que o movimento militar; essa participação, encorajada pelos comunistas e contrariando as ordens de muitos que apelavam a ficar em casa, foi determinante para transformar um golpe de estado numa revolução política.
o 25 de abril foi o que foi, não pelo golpe, mas pela força que o povo fez.
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