Eu, o Povo
Conheço a força da terra que rebenta a granada do grão
Fiz desta força um amigo fiel.
O vento sopra com força
A água corre com força
O fogo arde com força
Nos meus braços que vão crescer vou estender panos de vela
Para agarrar o vento e levar a força do vento à Produção.
As minhas mãos vão crescer até fazerem pás de roda
Para agarrar a força da água e pô-la na Produção.
Os meus pulmões vão crescer soprando na forja do coração
Para agarrar a força do fogo na Produção.
Eu, o Povo
Vou aprender a lutar do lado da Natureza
Vou ser camarada de armas dos quatro elementos.
A táctica colonialista é deixar o Povo no natural
Fazendo do Povo um inimigo da Natureza.
Eu, o Povo Moçambicano
Vou conhecer as minhas Grandes Forças todas.
poema do povo de Moçambique,
António Quadros
porque é poesia, política, natural, importa.
Friday, July 27, 2007
Thursday, July 12, 2007
lágrimas de verdade
Acontecimento insólito. Estava nas traseiras do palco do Concurso Nacional de Bandas para o palco Novos Valores da Festa do Avante! e que decorria no Largo Camões - promovido pela Juventude CDU de Lisboa - e aguardava pacientemente os "strike back"* para os levar a jantar no Centro de Trabalho Vitória na Avenida da Liberdade. Estava, portanto, dentro da carrinha à espera que os 3 elementos dessa banda chegassem acompanhados do pai de um deles para que também eles pudessem comer o frango assado que a JCP disponibilizou para os membros de todas as bandas que participaram nesta fase do concurso nacional de bandas.
Mesmo por detrás do palco a música fazia-se ouvir a bom som e eu tinha a janela da carrinha aberta. Uma senhora, de olhos claros, idade pesada, uma sacola na mão direita e o cabelo cinzento dos anos, aproximou-se naturalmente da janela onde o meu braço esquerdo se atirava cá para fora. Chegou-se bem perto da janela da carrinha:
"sabe menino, eu gostava mais do Carvalhas..."
não sei que cara fiz... surpreendido pela conversa que seguiu.
- mas do Jerónimo... também gosta?
- gosto, gosto, mas gostava mais do Carvalhas, era muito boa pessoa.
- era sim, mas o Jerónimo também é, não pense que não.
- mas o Carvalhas uma vez, estava eu na fila do supermercado e ele vinha à minha frente mais a sua esposa e diz ele à senhora: "deixa passar a senhora que vai mais carregada". foi muito amável, gostei muito do senhor Carvalhas.
- ah, mas olhe que o Jerónimo faria o mesmo.
(...) assim começou uma conversa de 10 minutos. curta mas impressiva. real.
- olhe menino, olhe o que lhe digo: já trago 83 anos de vida e digo-lhe que já vi muita coisa. e digo-lhe isto: este governo não chega ao fim do mandato.
- acha?
- tenho a certeza, eles andam a trabalhar para encher os bolsos dos estrangeiros à nossa custa. e sempre com aquele ar de finos, de filhos da puta, é o que são. aquele sócrates sempre arrogante com a mania...
- pois, enriquecem sempre os mesmo à custa da gente...
- ouça menino, não chegam ao fim do mandato. não podem fazer-nos isto. estamos todos pobres e eu fiz uma vida de trabalho para chegar agora e ter 240 euros para viver.
uma lágrima começa a descer-lhe o rosto quando anuncia trémula:
- pago 120 euros só por uma cama onde dormir.
estremece mais e chora abertamente:
- tenho de ir para fora de lisboa pedir, porque tenho vergonha... eu, que nunca pedi na minha vida...
um arrepio tomou-me o corpo ainda incrédulo pelo momemto, enquanto a senhora limpou as lágrimas e virou as costas a caminho da sua casa.
Mesmo por detrás do palco a música fazia-se ouvir a bom som e eu tinha a janela da carrinha aberta. Uma senhora, de olhos claros, idade pesada, uma sacola na mão direita e o cabelo cinzento dos anos, aproximou-se naturalmente da janela onde o meu braço esquerdo se atirava cá para fora. Chegou-se bem perto da janela da carrinha:
"sabe menino, eu gostava mais do Carvalhas..."
não sei que cara fiz... surpreendido pela conversa que seguiu.
- mas do Jerónimo... também gosta?
- gosto, gosto, mas gostava mais do Carvalhas, era muito boa pessoa.
- era sim, mas o Jerónimo também é, não pense que não.
- mas o Carvalhas uma vez, estava eu na fila do supermercado e ele vinha à minha frente mais a sua esposa e diz ele à senhora: "deixa passar a senhora que vai mais carregada". foi muito amável, gostei muito do senhor Carvalhas.
- ah, mas olhe que o Jerónimo faria o mesmo.
(...) assim começou uma conversa de 10 minutos. curta mas impressiva. real.
- olhe menino, olhe o que lhe digo: já trago 83 anos de vida e digo-lhe que já vi muita coisa. e digo-lhe isto: este governo não chega ao fim do mandato.
- acha?
- tenho a certeza, eles andam a trabalhar para encher os bolsos dos estrangeiros à nossa custa. e sempre com aquele ar de finos, de filhos da puta, é o que são. aquele sócrates sempre arrogante com a mania...
- pois, enriquecem sempre os mesmo à custa da gente...
- ouça menino, não chegam ao fim do mandato. não podem fazer-nos isto. estamos todos pobres e eu fiz uma vida de trabalho para chegar agora e ter 240 euros para viver.
uma lágrima começa a descer-lhe o rosto quando anuncia trémula:
- pago 120 euros só por uma cama onde dormir.
estremece mais e chora abertamente:
- tenho de ir para fora de lisboa pedir, porque tenho vergonha... eu, que nunca pedi na minha vida...
um arrepio tomou-me o corpo ainda incrédulo pelo momemto, enquanto a senhora limpou as lágrimas e virou as costas a caminho da sua casa.
Friday, July 06, 2007
Mas ca ganda desplante!
A falta de vergonha do Governo não pára de nos surpreender. É impressionante o fluxo de barbaridades com que este governo vomita a sua política de direita.
Foi hoje mesmo discutida na Assembleia da República uma Proposta de Lei do Governo que fixa a consignação de uma parcela do preço pago pelo consumidor de combustíveis ao financiamento da rede rodoviária do país. O Governo encontrou esta fórmula mágica para financiar a rede rodoviária, num belo passe de ilusionismo.
Na verdade, o que o Governo propõe é que cerca de 14 escudos (em moeda antiga) por cada litro de combustível seja directamente entregue uma entidade pública empresarial chamada Estradas de Portugal. Sim, a mesma que o Governo já anunciou como parte do património que quer privatizar. Então, o Governo do PS propôs hoje à Assembleia da República Portuguesa, sem nenhuma falta de vergonha, foi o financiamento directo de uma empresa privada pelo Orçamento Geral do Estado.
É nestes negócios que me dá vontade de participar! assim é que é! O Governo assume, o Estado paga e arrisca, o capital privado cresce. Presenciámos hoje uma Proposta de Roubo colectivo, trazida até aos patidos representantes do povo pela mão do Senhor Ministro dos Transportes, Obras Públicas e Telecomunicações. O PS acenava que sim, convicto de que está competentemente, cumprindo o seu papel.
E está. Desmantelar o Estado. Engordar as contas do capital, empobrecendo o país.
Foi hoje mesmo discutida na Assembleia da República uma Proposta de Lei do Governo que fixa a consignação de uma parcela do preço pago pelo consumidor de combustíveis ao financiamento da rede rodoviária do país. O Governo encontrou esta fórmula mágica para financiar a rede rodoviária, num belo passe de ilusionismo.
Na verdade, o que o Governo propõe é que cerca de 14 escudos (em moeda antiga) por cada litro de combustível seja directamente entregue uma entidade pública empresarial chamada Estradas de Portugal. Sim, a mesma que o Governo já anunciou como parte do património que quer privatizar. Então, o Governo do PS propôs hoje à Assembleia da República Portuguesa, sem nenhuma falta de vergonha, foi o financiamento directo de uma empresa privada pelo Orçamento Geral do Estado.
É nestes negócios que me dá vontade de participar! assim é que é! O Governo assume, o Estado paga e arrisca, o capital privado cresce. Presenciámos hoje uma Proposta de Roubo colectivo, trazida até aos patidos representantes do povo pela mão do Senhor Ministro dos Transportes, Obras Públicas e Telecomunicações. O PS acenava que sim, convicto de que está competentemente, cumprindo o seu papel.
E está. Desmantelar o Estado. Engordar as contas do capital, empobrecendo o país.
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