é a primeira vez que conto por escrito esta estória. é verdadeira, mas como compreenderão não citarei nomes. passou-se em setúbal.
há alguns tempos atrás, o T tinha-me perguntado por que era eu comunista. frequentávamos juntos as aulas de religião e moral e ele sempre se assumira como cristão, católico. eu, pelo contrário, sempre frequentei aquelas aulas pelo mero gosto de saber e conhecer a doutrina que ali se ensina e pelo estímulo que a discussão com os católicos me oferecia. o T era bom rapaz, assim sempre pensei e mesmo hoje não o nego.
o T ficou sensibilizado com a minha explicação sobre a minha opção política. na sequência dessa conversa pediu-me livros e informação. era um rapaz capaz de reconhecer algo justo quando o via. depois de algumas conversas, de pontos de contacto e de discenso, lá o T se disponibilizou a visitar o espaço da JCP e a participar numa ou outra reunião. o que viu espantou-o pela positiva.
inscreveu-se na JCP. militou nessa organização juvenil durante uns meses, participou em algumas reuniões. parecia-me às vezes até entusiasmado e era patente que julgava justas as posições da JCP sobre as mais diversas matérias.
um dia, o T aproxima-se de mim e pede-me para falar. um certo incómodo atravessava-lhe a voz e o olhar baixo. diz-me que falaram com ele (a família e alguns amigos) e o desaconselharam quanto à sua participação política com comunistas. lembro-me bem da expressão "na JCP não vou a lado nenhum, por isso vou para a JS". dizia que na JS teria mais perspectivas de "subir" e ter carreira. confesso que fiquei triste.
mas também fiquei contente. e respondi-lhe: "se são essas as razões, fazes bem e apoio".
tínhamos 17 anos. aos 24 ou 25 o T fez parte das listas do PS para a assembleia municipal de setúbal. não foi eleito.
Friday, March 20, 2009
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