Paz social é o termo utilizado pela direita para mascarar o
conflito permanente entre os interesses de cada classe. Convém sempre à classe
dominante que a classe dominada não decifre e não compreenda que sofre domínio.
Na prática, também a um ladrão é muito conveniente que a vítima se julgue a ser
amparada em vez de roubada.
A "paz social" não comporta qualquer dimensão de
"paz", pois é apenas o termo utilizado para encobrir uma guerra sem
trincheiras, sem fronteiras, uma guerra enraizada e sulcada na matriz genética
da organização social capitalista. Uma guerra em que o agressor sabe que
agride, mas que atordoa de tal forma o agredido que este se pensa protegido
pelo seu próprio inimigo.
A "paz social" não é paz. Não é prosperidade, não é
felicidade, não é crescimento, não é progresso. A "paz social" não é
harmonia, não é amizade entre as pessoas, entre os povos. A "paz
social" não é ver as crianças no jardim e passear nas férias. Não: a "paz
social" deles é o empobrecimento, a infelicidade, o desemprego, o
retrocesso social e civilizacional. A "paz social" deles é guerra, é
roubo, é enriquecimento assimétrico, corrupção. É não ter como deixar as
crianças ir ao jardim porque entretanto o crime, a prostituição, a
toxicodependência alastram brutalmente. É ficar no desemprego à procura de
biscates porque não há trabalho. É não ir de férias porque não há
dinheiro.
Enquanto tudo isso, a "paz social" deles é também
opulência, lucros, iates, charutos, ferraris, lamborghinis, jaguares,
submarinos, contas em off-shores, banquetes, sapatos mais caros que a nossa
casa, desperdício, luxo.
A "paz social" é tudo isso, desde que tu não
protestes. No dia em que protestas, abres a "guerra" e és um vândalo criminoso.
A "paz social" é o termo que o capitalismo encontra
para lançar o anátema sobre todos os que lutam, todos os que protestam.
Mussolini fê-lo primeiro, os de hoje seguem-lhe, fiéis, os passos.