Mandam as regras da boa organização e da capacidade articulada de resposta que, por detrás de cada colectivo, exista um secretariado. Um secretariado investido do poder de decidir política e executivamente. Os partidos políticos têm os seus. Independentemente do nome que dão a esse organismo, existe sempre um conjunto de dirigentes eleitos que decidem sobre orientações e formas de as levar a cabo. O que é normal e ainda bem.
No entanto, anda aí, há já bastante tempo, um secretariado oculto. O secretariado do capital e dos seus interesses. A convergência de interesses em torno de políticas fundamentais entre os partidos do sistema é notável. Particularmente entre o Partido Socialista e o Partido Social-Democrata, a coligação de interesses, a convergência de posições, é totalmente inolvidável.
Não há volta a dar… é vê-los levantar-se todos ao mesmo tempo no parlamento. É vê-los a dizer exactamente o mesmo, mudando os vocábulos. É vê-los, sem vergonha a defender os mesmos interesses, sem qualquer reserva. É vê-los, sistematicamente, a trocar galhardetes sem qualquer consequência de fundo. É vê-los na televisão a debater, sem que haja a mínima oposição de ideias. É vê-los competir pelo prémio da “cara mais bonita”, para que não tenham que confrontar as opções políticas.
Senão vejamos:
O Partido Socialista acaba de ser eleito governo e continua com o apoio de Portugal às guerras do imperialismo.
O Partido Socialista continua com a imposição do código do trabalho aos trabalhadores portugueses, com tudo quanto isso acarreta.
O Partido Socialista mantém a lei de financiamento do Ensino Superior, mantendo o Ensino Superior ao alcance exclusivo daqueles que o podem pagar.
O Partido Socialista afinal não vai desenvolver a regionalização.
O Partido Socialista afinal não vai despenalizar o aborto, prefere andar numa salganhada com os seus amigos do berloque de esquerda e mendigar um referendo ao Presidente da República. Quem tira os proveitos? A direita retrógrada que vai aproveitando o tempo para fazer campanha e propaganda pelo preconceito.
O Partido Socialista vai mesmo implantar co-incineradoras, entregando volumosos lucros a empresas que vão passar a receber para utilizar combustível que antes pagavam. Vai mesmo arruinar o Parque Natural da Serra da Arrábida para satisfazer os interesses sabe-se lá de quem. Até porque Portugal não produz suficientes Resíduos Industriais Perigosos para justificar este processo… Vamos importar merda dos outros países?
O Partido Socialista aumentou os impostos indirectos, fazendo pagar os mesmos de sempre a factura crescente das más políticas dos governos.
O Partido Socialista não mexeu na tributação das mais-valias das transacções em bolsa, nem mexe nos impostos do sector financeiro que acumula lucros assustadores.
O Partido Socialista continua com a intenção de privatizar a eito todo o sector produtivo nacional e, a juntar à festa, agora também a água.
O Partido Socialista continua, como já afirmou, a querer retirar os Estudantes da Gestão Democrática das Instituições de Ensino Superior.
O Partido Socialista vai aumentar a idade da reforma.
O Partido Socialista vai congelar as progressões na carreira dos funcionários públicos.
O Partido Socialista vai retirar privilégios aos trabalhadores da administração pública sob o pretexto da igualdade… porque não dar mais direitos aos outros?
E muitos outros fenómenos “inesperados” seria possível escrever mas chega. Afinal estes são exactamente iguais aos outros… Com a diferença que se dizem de esquerda. Para mal da própria esquerda! Fazem a merda e a esquerda paga a factura. Depois dizem que isto é tudo igual, mas não é!!! PSD e PSD são iguais, ponto. Mas não podemos correr o risco de dizer que a extrema-direita bolorenta do CDS é a mesma coisa… isso seria perigoso. Seria também ingénuo e falso dizer que o berloque é igual… não é. O berloque é uma cagada da burguesia para distrair a malta. Foi um engodo que a própria burguesia nos deitou para ver se os achamos “com pinta”. Tipo: “eles são fixes… fumam berlaitas”. Não, não são iguais: são amorfos e oportunistas, não têm estrutura nem projecto. Tomam as suas posições conforme aquilo que acham que lhes pode garantir mais votos entre o seu público alvo e não por convicções. Resta-nos a CDU… enfim. Quase desaparecida dos nossos jornais e alvo da difamação dos eruditos senhores professores, das televisões às escolas e igrejas. Estes, desafio-vos a todos a acompanhar a sua acção política e, por vossos próprios olhos, será fácil verificar as diferenças.
Mas… falávamos do secretariado. Não era pouco importante o anterior parágrafo. Serve então este já longo e enfadonho post para provar que as orientações de PSD e PS emanam de uma mesma fonte. Vejamos a forma como tudo encaixa. Como defendem exactamente a mesma visão da sociedade. Tudo sujeito ao mercado, ao lucro, ponto final. As grandes empresas é que mandam e o resto é treta! Basta ver como ambos protegem os interesses dos bancos, das seguradoras e de todo o sector financeiro. Basta ver como se colocam de joelhos para atrair uma empresa para território nacional, cedendo tudo, infra-estruturas, máquinas, terreno, benesses fiscais, etc., mas que, à mínima cócega da empresa, nada se faz para impedir que se vá embora e que deixe as suas centenas de trabalhadoras e trabalhadores no olho da rua. Depois dizem-lhes: “Epá, mas a gente dá-vos uns tostões de indemnização, até vos pagamos acima da tabela e tal.” Ai! Mas ninguém percebe que o que estes trabalhadores querem é trabalhar? Querem saber se amanhã os putos comem ou não!!!
Mas ainda ninguém reparou que eles fazem exactamente o mesmo? Ainda ninguém reparou que a televisão decide quem para lá vai? Então o Sócrates e o Santana não tinham ambos um programa de tv em que debatiam? Curioso, um foi primeiro ministro pouco tempo depois, o outro é agora! Curioso também é o facto de executarem exactamente o mesmo tipo de políticas! Irra que isto já chateia!
Então, o PS chega ao governo e mais não faz senão continuar o trabalho dos outros? Então isto não mostra que existe uma orientação comum? As leis que apresentam nas questões de fundo são exactamente iguais. Quem manda nesta merda afinal? Se eles nos apresentam um programa mas chegam lá e fazem exactamente o contrário, não acham que alguma coisa está mal? Quem manda? Esta questão é tortuosa… e o pior é que já ninguém manda… manda o interesse irracional e impessoal do dinheiro, da especulação e da exploração. Tudo gira em torno disso, do lucro. Pouco importa se o povão fica na fossa, desde que a banca ganhe mais uns trocos.
Thursday, June 30, 2005
Wednesday, June 29, 2005
O amor e o capitalismo - as faces do império bárbaro
Amar talvez seja a capacidade suprema do Ser Humano.
O império bárbaro, no entanto, tudo faz para estropiar o amor. Leva-nos o amor pelo sol, pela lua, pelo mar e pela praia, o amor pelo vento, pelo gelo, pelas folhas do outono a cair, pela noite, leva-nos o amor por nós e pelos outros. Barbaramente, vamos, a cada dia que passa, ficando com cada vez menos tempo para amar e, pior, com cada vez menos objectos de amor. A humanidade ama a natureza, mas delapidam-na com máquinas sedentas de rocha, de óleo, de água, de madeira. A humanidade ama o desporto, mas vende-se ao quilo. Amamos a cultura mas destrói-se a criatividade e fecha-se o quadro lindo numa sala de ouro. Amamos a própria humanidade, mas encarceram-na num televisor enquanto é baleada com aço que ela própria tirou da terra. Amamos as mulheres, os homens, os filhos... mas já não os podemos ter... o império não deixa amar. Deixam-nos, quanto muito, acasalar e procriar. Mas amar...
O império bárbaro avança intrepidamente contra o amor. É mal a erradicar. O amor é a raíz do humanismo, pecado mortal na bíblia bárbara. Começa a ser comum ver as barrigas inchadas, as guerras sanguinárias, a pobreza miserável. Parece-nos inevitável que ao nosso lado o mendigo peça uma moeda, ou que à nossa frente um homem esquálido sinalize um lugar para estacionarmos o pópó. O humanismo, que é a forma suprema de amor, está a dar lugar outros sentimentos. Manipulados pela própria barbaridade, esquecemos que somos todos iguais.
Como já não exigimos ter o tempo do jantar para os putos? Como já achamos natural que as mulheres não tenham tempo para os filhos? E que os homens não tenham tempo para as mulheres? E que já ninguém se veja a outra hora que não seja a de acordar as seis da manhã para ir trabalhar? Como toleramos que nos levem o amor? Que nos façam odiar aqueles que tiveram o seu país destruído pela guerra ou pela barbaridade e que agora, sem soluções, migram para outras terras? Que nos façam olhar serenos para as árvores que caem e os indígenas que fogem por suicídio? Que nos toldem a revolta quando o esmagam a humanidade?
Enquanto uns vivem na opulência de relvados e piscinas, de casas e casarões, de mansões e de limusinas, outros vivem na miséria, outros vivem sem ter o que comer, sem nunca ter visto pai nem mãe... Enquanto crescem lucros como nunca antes, enquanto se canonizam papas, se constroem igrejas e outros santuários do luxo e da abundância, o povo lá fora morre aos poucos. Morre mesmo. Morrem os que nos deixam para sempre e morrem aos poucos aqueles que já não podem amar. Não os deixam amar.
Mas eles enganam-se quando pensam que podem amarrar-nos para sempre. Por toda a parte o amor nasce como espinhos de uma rosa, naturalmente. O amor pela luta e pela vida, pelos outros e por nós. O amor pela luz que nos deixa ver é incontrolável e mais cedo ou mais tarde, irrompe! na revolta. não nos levam o amor. Não nos levam o grito!
E a cada um que calam, outros mil se levantam. Não nos tiram o amor ainda que no-lo escondam! Não deixaremos que a vontade do lucro seja mais forte que a paixão pelo mundo e pela vida. Em cada canto nasce a papoila vermelha do combate! Aqui e ali as vozes dos homens levantam-se contra a mordaça. Ergam-se Homens, trabalhadores e trabalhadoras!
sob todas as formas, exijam respeito!
O outro dizia que "amar a humanidade é fácil, mais difícil é amar cada Ser Humano". E pois, amar é sentir a dor da Humanidade e com ela lutar pela sua libertação. Não podemos amar cada Ser Humano enquanto existirem os projectistas do império bárbaro.
O império bárbaro, no entanto, tudo faz para estropiar o amor. Leva-nos o amor pelo sol, pela lua, pelo mar e pela praia, o amor pelo vento, pelo gelo, pelas folhas do outono a cair, pela noite, leva-nos o amor por nós e pelos outros. Barbaramente, vamos, a cada dia que passa, ficando com cada vez menos tempo para amar e, pior, com cada vez menos objectos de amor. A humanidade ama a natureza, mas delapidam-na com máquinas sedentas de rocha, de óleo, de água, de madeira. A humanidade ama o desporto, mas vende-se ao quilo. Amamos a cultura mas destrói-se a criatividade e fecha-se o quadro lindo numa sala de ouro. Amamos a própria humanidade, mas encarceram-na num televisor enquanto é baleada com aço que ela própria tirou da terra. Amamos as mulheres, os homens, os filhos... mas já não os podemos ter... o império não deixa amar. Deixam-nos, quanto muito, acasalar e procriar. Mas amar...
O império bárbaro avança intrepidamente contra o amor. É mal a erradicar. O amor é a raíz do humanismo, pecado mortal na bíblia bárbara. Começa a ser comum ver as barrigas inchadas, as guerras sanguinárias, a pobreza miserável. Parece-nos inevitável que ao nosso lado o mendigo peça uma moeda, ou que à nossa frente um homem esquálido sinalize um lugar para estacionarmos o pópó. O humanismo, que é a forma suprema de amor, está a dar lugar outros sentimentos. Manipulados pela própria barbaridade, esquecemos que somos todos iguais.
Como já não exigimos ter o tempo do jantar para os putos? Como já achamos natural que as mulheres não tenham tempo para os filhos? E que os homens não tenham tempo para as mulheres? E que já ninguém se veja a outra hora que não seja a de acordar as seis da manhã para ir trabalhar? Como toleramos que nos levem o amor? Que nos façam odiar aqueles que tiveram o seu país destruído pela guerra ou pela barbaridade e que agora, sem soluções, migram para outras terras? Que nos façam olhar serenos para as árvores que caem e os indígenas que fogem por suicídio? Que nos toldem a revolta quando o esmagam a humanidade?
Enquanto uns vivem na opulência de relvados e piscinas, de casas e casarões, de mansões e de limusinas, outros vivem na miséria, outros vivem sem ter o que comer, sem nunca ter visto pai nem mãe... Enquanto crescem lucros como nunca antes, enquanto se canonizam papas, se constroem igrejas e outros santuários do luxo e da abundância, o povo lá fora morre aos poucos. Morre mesmo. Morrem os que nos deixam para sempre e morrem aos poucos aqueles que já não podem amar. Não os deixam amar.
Mas eles enganam-se quando pensam que podem amarrar-nos para sempre. Por toda a parte o amor nasce como espinhos de uma rosa, naturalmente. O amor pela luta e pela vida, pelos outros e por nós. O amor pela luz que nos deixa ver é incontrolável e mais cedo ou mais tarde, irrompe! na revolta. não nos levam o amor. Não nos levam o grito!
E a cada um que calam, outros mil se levantam. Não nos tiram o amor ainda que no-lo escondam! Não deixaremos que a vontade do lucro seja mais forte que a paixão pelo mundo e pela vida. Em cada canto nasce a papoila vermelha do combate! Aqui e ali as vozes dos homens levantam-se contra a mordaça. Ergam-se Homens, trabalhadores e trabalhadoras!
sob todas as formas, exijam respeito!
O outro dizia que "amar a humanidade é fácil, mais difícil é amar cada Ser Humano". E pois, amar é sentir a dor da Humanidade e com ela lutar pela sua libertação. Não podemos amar cada Ser Humano enquanto existirem os projectistas do império bárbaro.
Monday, June 20, 2005
O aborto das nossas correntes.
É urgente quebrar as correntes que nos amarram ao porto do preconceito. Levantar a âncora e seguir em frente pelo mar da tolerância. É urgente avisar toda a gente que existe o controlo moral, o controlo psicológico e que essa é uma das bases para o controlo político e económico.
Vivemos em pleno sec XXI, num país europeu (ou não?) e dito desenvolvido. Vivemos, no entanto, com um terço da população abaixo do limite de pobreza e com uma das populações mais endividadas da Europa. Mas cá estamos. No limite do futuro, mas agarrados a bolores antigos.
Vivemos num pequeno país próximo da realidade antiga. Próximos de uma realidade que muitos julgam já ultrapassada. O Estado laico, sem relações privilegiadas com religião, é algo que merece a nossa maior atenção e o nosso mais empenhado alerta.
Ao fim de novas eleições, cá estamos de novo sem permitir que o problema do aborto clandestino seja discutido.
Os compromissos obscuros entre o Partido Socialista e entidades religiosas não permitem que este assunto seja tratado com a importância que deve ser. Não quer ter a responsabilidade perante os sectores mais retrógrados de assumir a despenalização do aborto. O outros, os berloques estavam convencidos de que poderiam ter mais um tempo de antena na ribalta das luzes em torno de um referendo! Estiveram-se nas tintas para as mulheres, pensaram exclusivamente no protagonismo que dali poderiam tirar.
Como é possível que ainda estejamos amarrados ao cais da imposição moral?
Como é possível que não se cobre a estes senhores que cumpram o dever básico de garantir a saúde das mulheres portuguesas, no momento em que tomam a decisão mais difícil das suas vidas?
Andamos a colocar a questão no plano ético e moral... e quem tem o direito de impor a sua moral a outro!? São os padres e as beatas? São as gajas do papel que vão abortar a Inglaterra? Quem pode vir meter grilhões na vida dos outros? Como pode um padreco apregoar na sua igreja que quem recorre ao aborto é pecador, sem nunca chamar pecador a quem mete as mulheres na situação de pobreza extrema ou de desamparo social? Como não é pecador o explorador que retira à mulher dez vez mais que aquilo que lhe paga? como não é pecador o governante que permite que milhares de mulheres e jovens mulheres não tenham acesso à informação, ao planeamento familiar e à contracepção gratuita? Porque não acusam de pecadores aqueles que rebentam o mundo, deixando milhões de famílias sem quaisquer condições para ter e suportar filhos?
Quem são esses corvos? Esses religiosos abutres empedernidos? Esses que espalham a desgraça e que fazem um dos papeis mais nojentos da sociedade quando acusam e julgam. Quando julgam eles os poderosos? Os que compram o seu lugar no céu, em belas quintas recheadas de cerejeiras? Porque não julgam eles a sua própria mãe, a igreja católica?
E porque raio continuamos a tolerar que os ranhosos do CDS espalhem a fé e a moral e a defesa da vida, quando são responsáveis por muitas mortes no Iraque? Como podem eles arrogar-se defensores da vida quando são os mais conservadores do actual sistema político? Mas quem são esses badamecos para virem dar lições de moral às mulheres portuguesas? Esses senhores que nasceram em berços de ouro e viveram toda a sua vida sob a soalheira dourada do latifúndio querem agora vir atar com a sua moral as mulheres encurraladas!
Abortem as mentes retrógradas e faça-se nascer um mundo de tolerância! Abortem as correntes da moral caduca e brotem flores nos ventres das mulheres!
Vivemos em pleno sec XXI, num país europeu (ou não?) e dito desenvolvido. Vivemos, no entanto, com um terço da população abaixo do limite de pobreza e com uma das populações mais endividadas da Europa. Mas cá estamos. No limite do futuro, mas agarrados a bolores antigos.
Vivemos num pequeno país próximo da realidade antiga. Próximos de uma realidade que muitos julgam já ultrapassada. O Estado laico, sem relações privilegiadas com religião, é algo que merece a nossa maior atenção e o nosso mais empenhado alerta.
Ao fim de novas eleições, cá estamos de novo sem permitir que o problema do aborto clandestino seja discutido.
Os compromissos obscuros entre o Partido Socialista e entidades religiosas não permitem que este assunto seja tratado com a importância que deve ser. Não quer ter a responsabilidade perante os sectores mais retrógrados de assumir a despenalização do aborto. O outros, os berloques estavam convencidos de que poderiam ter mais um tempo de antena na ribalta das luzes em torno de um referendo! Estiveram-se nas tintas para as mulheres, pensaram exclusivamente no protagonismo que dali poderiam tirar.
Como é possível que ainda estejamos amarrados ao cais da imposição moral?
Como é possível que não se cobre a estes senhores que cumpram o dever básico de garantir a saúde das mulheres portuguesas, no momento em que tomam a decisão mais difícil das suas vidas?
Andamos a colocar a questão no plano ético e moral... e quem tem o direito de impor a sua moral a outro!? São os padres e as beatas? São as gajas do papel que vão abortar a Inglaterra? Quem pode vir meter grilhões na vida dos outros? Como pode um padreco apregoar na sua igreja que quem recorre ao aborto é pecador, sem nunca chamar pecador a quem mete as mulheres na situação de pobreza extrema ou de desamparo social? Como não é pecador o explorador que retira à mulher dez vez mais que aquilo que lhe paga? como não é pecador o governante que permite que milhares de mulheres e jovens mulheres não tenham acesso à informação, ao planeamento familiar e à contracepção gratuita? Porque não acusam de pecadores aqueles que rebentam o mundo, deixando milhões de famílias sem quaisquer condições para ter e suportar filhos?
Quem são esses corvos? Esses religiosos abutres empedernidos? Esses que espalham a desgraça e que fazem um dos papeis mais nojentos da sociedade quando acusam e julgam. Quando julgam eles os poderosos? Os que compram o seu lugar no céu, em belas quintas recheadas de cerejeiras? Porque não julgam eles a sua própria mãe, a igreja católica?
E porque raio continuamos a tolerar que os ranhosos do CDS espalhem a fé e a moral e a defesa da vida, quando são responsáveis por muitas mortes no Iraque? Como podem eles arrogar-se defensores da vida quando são os mais conservadores do actual sistema político? Mas quem são esses badamecos para virem dar lições de moral às mulheres portuguesas? Esses senhores que nasceram em berços de ouro e viveram toda a sua vida sob a soalheira dourada do latifúndio querem agora vir atar com a sua moral as mulheres encurraladas!
Abortem as mentes retrógradas e faça-se nascer um mundo de tolerância! Abortem as correntes da moral caduca e brotem flores nos ventres das mulheres!
Friday, June 17, 2005
Tudo magro e o Estado Obeso?
O peso do Estado preocupa todos os digníssimos senhores analistas do mundo. Os senhores que analisam tudo e sabem falar de tudo, falam muito do peso do Estado. O peso do Estado preocupa-me também muito. É muito estranho que o Estado pese muito, quando todos temos umas contas bancárias tão levezinhas. Todos, todos não. Há por aí uns poucos que têm o bandulho cheio da guita e de caviar.
Mas isto do peso do Estado... Estas novas e imensas barabaridades que se vão implantando e vão criando raízes, preocupam-me. Ora, um Estado pesado parece mau. Aliás um Estado como este parece que está sempre em mau estado, quanto mais se estiver pesado. No entanto, quando ouço os senhores na bancada da TV a falarem do peso do Estado não posso deixar de pensar:
"Ora este borrabotas, que ainda ontem não era ninguém e agora é doutor da nação e sabe falar de tudo, vem agora falar do peso do Estado - que é preciso emagrecer o Estado e não-sei-quê - Então mas este não foi aquele que no dia em que fiz greve me chamou nomes? Este não foi aquele que disse mal dos trabalhadores ainda no outro dia? Não foi também ele que disse que os Estados Unidos é que eram a cena mais fixe do mundo? Lembro-me bem de o ouvir a dizer que os Estudantes só queriam era copos e algazarra... E de o ouvir dizer que a Europa era um mar de rosas que resolveria todos os nossos problemas... Era ele, era! Mas agora vem aqui para a TV, muito imparcial, dizer que sabe tudo. Sabe tudo e pronto, não há volta a dar. O senhor até tem um curso superior, numa porra qualquer daquelas em que sabem tudo. Não... espera lá."
E penso "espera lá", "espera lá" porque afinal o gajo não está a cagar aquelas barbaridades todas sem razão. Alguma coisa o faz dizer aquelas frases bonitas todas. Pois é, lembro-me... Ele está do outro lado da barricada. Ele é o gajo que sempre defendeu os patrões, aquele que ainda não engoliu o 25 de Abril, aquele que ainda guarda a foto do salazar com carinho escondida na gaveta da mesinha de cabeceira. E tudo começa a fazer sentido...
Exacto: o Estado tem peso a mais porque faz mais coisas do que eles gostariam. O Estado garante a Educação, a Segurança, a Saúde, a Protecção Social, garante ainda muita coisa. E, por isso mesmo, o Estado está pesado. Ora, se estes senhores querem emagrecer o Estado, quem querem eles engordar? Alguém há-de ter que garantir a Educação, a Segurança, a Saúde, a Protecção Social. Quem será? Provavelmente os mesmos que pagam aos senhores que sabem de tudo. E tudo começa a fazer sentido na minha pobre cabecita...
É isso! o que o senhor que sabe tudo quer é que emagrece o Estado para engordar o capital privado. Sim, porque eu não hei-de engordar certamente. Agora vou ao hospital, pago mil paus, quando aquela porra for toda privada, largo o ordenado para me darem um comprimido.
Hoje ando à escola e só pago os livros, quando for privada, pago tudo e ainda mais para dar um lucrozito ao dono da escola. Já agora as forças armadas também podem ser privadas e depois em vez de defenderem o povo, defendem quem lhes paga.
Mas o peso do Estado... Há muita malta a bulir no Estado? Vamos lá a ver aqui uma coisa. Quando falam da função pública, lembramo-nos da senhora mal humurada que nos atende nas finanças sem paciência porque ganha uma merda e tem de aturar milhares de pessoas com pressa e tem de estar a bater tudo à máquina porque a informática ainda não lhe chegou ao escritório, e que nunca teve um curso de formação para aprender a ser simpática com os utentes e porque há anos que faz todos os dias exactamente a mesma coisa num gabinete claustrofóbico onde um gordo que trabalha no balcão do lado se farta de suar. Mas é só isso a função pública?
Então e os professores, estão a mais, quando sabemos que há putos a chumbar a torto e a direito nas escolas e que muitos nem sequer lá andam? E os polícias? também estão a mais? então mas ouvimos toda a gente a dizer que há poucos! E os médicos e enfermeiros? são muitos? então porque raio esperamos anos a fio por uma cagada duma operação que leva meia hora? Isso é que é a função pública! E a marinha, a força aérea, o exército? podemos dispensá-los? E os serviços de investigação? os laboratórios do Estado e os Institutos Públicos? são muitos? vamos desmantelá-los? ou vendê-los?
O peso do Estado é um cliché. O Estado não está obeso, quem está obeso é o grande capital que não cansa de encher à nossa custa e agora até o Estado nos quer levar.
Privatize-se o Estado, então e passamos a votar em empresas para o gerir! Eu voto McDonald´s! Tu votas Microsoft!
Mas isto do peso do Estado... Estas novas e imensas barabaridades que se vão implantando e vão criando raízes, preocupam-me. Ora, um Estado pesado parece mau. Aliás um Estado como este parece que está sempre em mau estado, quanto mais se estiver pesado. No entanto, quando ouço os senhores na bancada da TV a falarem do peso do Estado não posso deixar de pensar:
"Ora este borrabotas, que ainda ontem não era ninguém e agora é doutor da nação e sabe falar de tudo, vem agora falar do peso do Estado - que é preciso emagrecer o Estado e não-sei-quê - Então mas este não foi aquele que no dia em que fiz greve me chamou nomes? Este não foi aquele que disse mal dos trabalhadores ainda no outro dia? Não foi também ele que disse que os Estados Unidos é que eram a cena mais fixe do mundo? Lembro-me bem de o ouvir a dizer que os Estudantes só queriam era copos e algazarra... E de o ouvir dizer que a Europa era um mar de rosas que resolveria todos os nossos problemas... Era ele, era! Mas agora vem aqui para a TV, muito imparcial, dizer que sabe tudo. Sabe tudo e pronto, não há volta a dar. O senhor até tem um curso superior, numa porra qualquer daquelas em que sabem tudo. Não... espera lá."
E penso "espera lá", "espera lá" porque afinal o gajo não está a cagar aquelas barbaridades todas sem razão. Alguma coisa o faz dizer aquelas frases bonitas todas. Pois é, lembro-me... Ele está do outro lado da barricada. Ele é o gajo que sempre defendeu os patrões, aquele que ainda não engoliu o 25 de Abril, aquele que ainda guarda a foto do salazar com carinho escondida na gaveta da mesinha de cabeceira. E tudo começa a fazer sentido...
Exacto: o Estado tem peso a mais porque faz mais coisas do que eles gostariam. O Estado garante a Educação, a Segurança, a Saúde, a Protecção Social, garante ainda muita coisa. E, por isso mesmo, o Estado está pesado. Ora, se estes senhores querem emagrecer o Estado, quem querem eles engordar? Alguém há-de ter que garantir a Educação, a Segurança, a Saúde, a Protecção Social. Quem será? Provavelmente os mesmos que pagam aos senhores que sabem de tudo. E tudo começa a fazer sentido na minha pobre cabecita...
É isso! o que o senhor que sabe tudo quer é que emagrece o Estado para engordar o capital privado. Sim, porque eu não hei-de engordar certamente. Agora vou ao hospital, pago mil paus, quando aquela porra for toda privada, largo o ordenado para me darem um comprimido.
Hoje ando à escola e só pago os livros, quando for privada, pago tudo e ainda mais para dar um lucrozito ao dono da escola. Já agora as forças armadas também podem ser privadas e depois em vez de defenderem o povo, defendem quem lhes paga.
Mas o peso do Estado... Há muita malta a bulir no Estado? Vamos lá a ver aqui uma coisa. Quando falam da função pública, lembramo-nos da senhora mal humurada que nos atende nas finanças sem paciência porque ganha uma merda e tem de aturar milhares de pessoas com pressa e tem de estar a bater tudo à máquina porque a informática ainda não lhe chegou ao escritório, e que nunca teve um curso de formação para aprender a ser simpática com os utentes e porque há anos que faz todos os dias exactamente a mesma coisa num gabinete claustrofóbico onde um gordo que trabalha no balcão do lado se farta de suar. Mas é só isso a função pública?
Então e os professores, estão a mais, quando sabemos que há putos a chumbar a torto e a direito nas escolas e que muitos nem sequer lá andam? E os polícias? também estão a mais? então mas ouvimos toda a gente a dizer que há poucos! E os médicos e enfermeiros? são muitos? então porque raio esperamos anos a fio por uma cagada duma operação que leva meia hora? Isso é que é a função pública! E a marinha, a força aérea, o exército? podemos dispensá-los? E os serviços de investigação? os laboratórios do Estado e os Institutos Públicos? são muitos? vamos desmantelá-los? ou vendê-los?
O peso do Estado é um cliché. O Estado não está obeso, quem está obeso é o grande capital que não cansa de encher à nossa custa e agora até o Estado nos quer levar.
Privatize-se o Estado, então e passamos a votar em empresas para o gerir! Eu voto McDonald´s! Tu votas Microsoft!
O défice. O défice quê???
Desde há uns tempos para cá que não se ouve falar doutra coisa.
Défice pra cá, défice pra lá?
Uns engravatados tótós falam dessa porra como se fosse a coisa mais importante do mundo... A malta vai falando nos cafés: "pois é, pá... o défice e tal." E o nosso défice?
O défice do orçamento é a percentagem do Produto Interno Bruto que corresponde a dinheiro que falta, dinheiro que não há. Há várias formas de o ir buscar... Porque escolhem sempre a mesma? Sempre a de ir buscar a quem já não tem mais para dar.
Olhamos para os lucros das grandes empresas e da banca e verificamos que andam a nadar em dinheiro, mas vão sempre pedi-lo a quem tem pouco, a quem trabalha dias de sol a sol para comer e vestir.
E então o défice orçamental da malta? Quase toda a gente chega ao fim do mês sem um tostão. Muitos chegam inclusivamente com saldo bancário negativo. Esse é um défice a que ninguém liga! O défice serve de desculpa para tudo: aumentar impostos, precariezar o trabalho, retirar direitos, reformas, pensões, despedimentos, aumentar as propinas, tudo!
Justificam tudo com essa coisa que é o défice! E nós, pumba, vai de pagar para combater o défice!
Porque não investem na produção nacional e no consumo dos produtos nacionais? Porque raio hão-de vender tudo aos senhores do dinheiro estrangeiro? Já começa a ser demais! Porque não investem na Educação para qualificar o trabalho e a mão-de-obra, porque não aumentam os salários para beneficiar a economia? Para que merda quero eu saber se o défice é inferior a 3% se não tenho com que comer?
Agora, dizem, pagam todos! Mentira! Descarada mentira! Ainda não vi os bancos abrirem os cordões à bolsa para pagar a crise! Mas quem é que provoca a crise? Sou eu? Tu? Donde é que veio essa crise? Deve ter sido o povo que jogou mal na bolsa... Então se não fomos nós que a gerámos porque é que temos de ser nós a pagá-la? Os pais da crise que se livrem dela!
O dinheiro quando desaparece dos nossos bolsos tem de ir para algum lado, ou desaparece? Onde é que ele anda? Vá-se buscar onde ele está!
Não nos venham é dizer que, por causa do défice, isto e aquilo. Peguem no poder que tenham e corrijam as assimetrias, possibilitem à população que ganhe melhores salários. Queixam-se que a malta se endivida? Então como é que querem que a gente viva, oh barrascos!?
Ao que ninguém liga é aos outros défices. O nosso défice democrático, o nosso défice cultural, o nosso défice salarial, o nosso défice científico, o nosso défice tecnológico. Querem mascarar tudo com o défice orçamental... Esse é o único que importa para fazer a vontadinha aos senhores da Europa.
Estes agora, com o défice acima do esperado. Acima do esperado, o tanas! Mais sabiam eles que mal lá chegassem ao poder iam usar o défice para fazer o que estão a fazer! Então e a fuga aos impostos? então e as grandes fortunas? Nesses não tocam. Então e as empresas que bazam, depois de receber milhões de euros do Estado para operar em Portugal? Então e as privatizações de tudo quanto é empresa? Nas mãos do Estado dão prejuízo, mas basta vendê-las para já darem lucro??? Só podem andar a enganar-nos à cara podre. E a gente a ver...
Já chega da conversa do défice! o défice... o défice o quê???
Défice pra cá, défice pra lá?
Uns engravatados tótós falam dessa porra como se fosse a coisa mais importante do mundo... A malta vai falando nos cafés: "pois é, pá... o défice e tal." E o nosso défice?
O défice do orçamento é a percentagem do Produto Interno Bruto que corresponde a dinheiro que falta, dinheiro que não há. Há várias formas de o ir buscar... Porque escolhem sempre a mesma? Sempre a de ir buscar a quem já não tem mais para dar.
Olhamos para os lucros das grandes empresas e da banca e verificamos que andam a nadar em dinheiro, mas vão sempre pedi-lo a quem tem pouco, a quem trabalha dias de sol a sol para comer e vestir.
E então o défice orçamental da malta? Quase toda a gente chega ao fim do mês sem um tostão. Muitos chegam inclusivamente com saldo bancário negativo. Esse é um défice a que ninguém liga! O défice serve de desculpa para tudo: aumentar impostos, precariezar o trabalho, retirar direitos, reformas, pensões, despedimentos, aumentar as propinas, tudo!
Justificam tudo com essa coisa que é o défice! E nós, pumba, vai de pagar para combater o défice!
Porque não investem na produção nacional e no consumo dos produtos nacionais? Porque raio hão-de vender tudo aos senhores do dinheiro estrangeiro? Já começa a ser demais! Porque não investem na Educação para qualificar o trabalho e a mão-de-obra, porque não aumentam os salários para beneficiar a economia? Para que merda quero eu saber se o défice é inferior a 3% se não tenho com que comer?
Agora, dizem, pagam todos! Mentira! Descarada mentira! Ainda não vi os bancos abrirem os cordões à bolsa para pagar a crise! Mas quem é que provoca a crise? Sou eu? Tu? Donde é que veio essa crise? Deve ter sido o povo que jogou mal na bolsa... Então se não fomos nós que a gerámos porque é que temos de ser nós a pagá-la? Os pais da crise que se livrem dela!
O dinheiro quando desaparece dos nossos bolsos tem de ir para algum lado, ou desaparece? Onde é que ele anda? Vá-se buscar onde ele está!
Não nos venham é dizer que, por causa do défice, isto e aquilo. Peguem no poder que tenham e corrijam as assimetrias, possibilitem à população que ganhe melhores salários. Queixam-se que a malta se endivida? Então como é que querem que a gente viva, oh barrascos!?
Ao que ninguém liga é aos outros défices. O nosso défice democrático, o nosso défice cultural, o nosso défice salarial, o nosso défice científico, o nosso défice tecnológico. Querem mascarar tudo com o défice orçamental... Esse é o único que importa para fazer a vontadinha aos senhores da Europa.
Estes agora, com o défice acima do esperado. Acima do esperado, o tanas! Mais sabiam eles que mal lá chegassem ao poder iam usar o défice para fazer o que estão a fazer! Então e a fuga aos impostos? então e as grandes fortunas? Nesses não tocam. Então e as empresas que bazam, depois de receber milhões de euros do Estado para operar em Portugal? Então e as privatizações de tudo quanto é empresa? Nas mãos do Estado dão prejuízo, mas basta vendê-las para já darem lucro??? Só podem andar a enganar-nos à cara podre. E a gente a ver...
Já chega da conversa do défice! o défice... o défice o quê???
Thursday, June 16, 2005
Os filhos a menos
Esta anda-me a afligir há muito tempo.
Ouvimos justificações para tudo, convencem-nos de que tudo quanto é mau é inevitável. E pior... somos tão patinhos que acreditamos. Como é possível acreditar que o facto de nos sacarem uns trocos ao fim do mes e outros de cada vez que vamos às compras, vá impelir o país para uma situação cimeira, para o pelotão do desenvolvimento? Mas como é que é suposto sermos um grande país se a sua população não tem dinheiro para comprar um papo-seco? Para que raio quero eu que o país seja muito evoluído, se não tenho dinheiro para mandar cantar um cego.
Para quem será essa evolução?
É para ti, chefe? Que vais tu ganhar se a bolsa estiver a render, ou se o défice (?) diminuir à tua própria custa?
Mas esta entrada do blog é para falar dos filhos a menos, filhos e filhas. Aqueles que, por ordem divina, não há meio de nascerem. Esta foi uma das atoardas que nos mandaram para justificar isto e aquilo. O país está velho... não tem jovens e não há dinheiro para as reformas...
Ora bem, sim senhor, vamos lá a ver isso.
Se o problema é haver velhos demais, claro está, vá de aumentar a idade de reforma para que se desconte mais tempo, ou por outra, para te amarrar ao trabalhito por mais uns valentes anos. Mas cum raio! Porque é que o país está velho? O pessoal deixou de "amandar umas"? As tarefas íntimas já não são cumpridas como dantes? Ou antes, dita a natureza que o povo vá fazendo menos amor à medida que o tempo passa em Portugal? Parece, efectivamente, uma questão apolítica. O pessoal já não curte fazer bébés e prontos!
Mas então e as condições de vida? Então o desemprego? Como é que eu posso pensar em ter filhos se não tenho já que chegue para a merda da casita em que vivo, mais a porra do gás, da água, da luz, da comida pá boca e da roupita para me vestir? Como podemos pensar em procriar quando não temos um segundo para passar com os putos, porque os horários já não existem, trabalha-se e pronto, as horas que forem precisas!
Então e há poucos jovens? E mesmo assim os que existem estão no desemprego? E querem convencer-me de que, se houvesse mais, já havia trabalho para todos!? e entao o trabalho temporário e um gajo nunca saber se amanhã tem emprego ou se vai catar lixo? Isso não importa... Parece que deixamos todos de gostar das actividades caseiras e dos deveres reprodutivos. Ora essa! Toda a gente gosta de fazer amor!
O que se passa é que, e isso as abéculas sabichonas, não dizem, hoje existem muito mais formas de evitar que nasça um puto de cada vez que se vai prá cama. E, por isso mesmo, o pessoal previne-se, exacta e essencialmente, porque não existem condições para ter filhos.
Quem é que pode depois pagar a ama? a creche? a comida? os cuidados médicos? a escola? os livros? Pá! vão gozar com a puta cos pariu! Agora querem convencer-me que os velhotes vao ter que trabalhar mais porque a taxa de natalidade é baixa!?
Então criem condições para os miúdos, garantam condições de vida aos casais e aos jovens! Agora, não se venham é queixar da baixa taxa de natalidade. Tudo tem uma explicação. Esta é muito simples: não há dinheiro nas famílias, logo não há putos! Com o aumento da idade da reforma não estou a ver como se combate o envelhecimento da população...
As medidas dos governos da direita e do PS são tipo aspirinas... combatem os sintomas, mas nunca, nunca, combatem as causas da doença.
Ouvimos justificações para tudo, convencem-nos de que tudo quanto é mau é inevitável. E pior... somos tão patinhos que acreditamos. Como é possível acreditar que o facto de nos sacarem uns trocos ao fim do mes e outros de cada vez que vamos às compras, vá impelir o país para uma situação cimeira, para o pelotão do desenvolvimento? Mas como é que é suposto sermos um grande país se a sua população não tem dinheiro para comprar um papo-seco? Para que raio quero eu que o país seja muito evoluído, se não tenho dinheiro para mandar cantar um cego.
Para quem será essa evolução?
É para ti, chefe? Que vais tu ganhar se a bolsa estiver a render, ou se o défice (?) diminuir à tua própria custa?
Mas esta entrada do blog é para falar dos filhos a menos, filhos e filhas. Aqueles que, por ordem divina, não há meio de nascerem. Esta foi uma das atoardas que nos mandaram para justificar isto e aquilo. O país está velho... não tem jovens e não há dinheiro para as reformas...
Ora bem, sim senhor, vamos lá a ver isso.
Se o problema é haver velhos demais, claro está, vá de aumentar a idade de reforma para que se desconte mais tempo, ou por outra, para te amarrar ao trabalhito por mais uns valentes anos. Mas cum raio! Porque é que o país está velho? O pessoal deixou de "amandar umas"? As tarefas íntimas já não são cumpridas como dantes? Ou antes, dita a natureza que o povo vá fazendo menos amor à medida que o tempo passa em Portugal? Parece, efectivamente, uma questão apolítica. O pessoal já não curte fazer bébés e prontos!
Mas então e as condições de vida? Então o desemprego? Como é que eu posso pensar em ter filhos se não tenho já que chegue para a merda da casita em que vivo, mais a porra do gás, da água, da luz, da comida pá boca e da roupita para me vestir? Como podemos pensar em procriar quando não temos um segundo para passar com os putos, porque os horários já não existem, trabalha-se e pronto, as horas que forem precisas!
Então e há poucos jovens? E mesmo assim os que existem estão no desemprego? E querem convencer-me de que, se houvesse mais, já havia trabalho para todos!? e entao o trabalho temporário e um gajo nunca saber se amanhã tem emprego ou se vai catar lixo? Isso não importa... Parece que deixamos todos de gostar das actividades caseiras e dos deveres reprodutivos. Ora essa! Toda a gente gosta de fazer amor!
O que se passa é que, e isso as abéculas sabichonas, não dizem, hoje existem muito mais formas de evitar que nasça um puto de cada vez que se vai prá cama. E, por isso mesmo, o pessoal previne-se, exacta e essencialmente, porque não existem condições para ter filhos.
Quem é que pode depois pagar a ama? a creche? a comida? os cuidados médicos? a escola? os livros? Pá! vão gozar com a puta cos pariu! Agora querem convencer-me que os velhotes vao ter que trabalhar mais porque a taxa de natalidade é baixa!?
Então criem condições para os miúdos, garantam condições de vida aos casais e aos jovens! Agora, não se venham é queixar da baixa taxa de natalidade. Tudo tem uma explicação. Esta é muito simples: não há dinheiro nas famílias, logo não há putos! Com o aumento da idade da reforma não estou a ver como se combate o envelhecimento da população...
As medidas dos governos da direita e do PS são tipo aspirinas... combatem os sintomas, mas nunca, nunca, combatem as causas da doença.
Tuesday, June 14, 2005
O descaramento amoral
Ontem faleceu uma figura maior da História contemporânea.
Ontem faleceu Álvaro Cunhal.
Álvaro Cunhal foi um exemplo de dedicação e de coragem. Foi um homem de elevados valores, mas que acima de tudo, deu tudo por eles. Um homem que marcou a luta dos trabalhadores portugueses, que marcou a conquista da liberdade e que foi um incontornável combatente pelas mais profundas aspirações do povo português.
Foi um comunista que expressou a sua grandeza em diversos níveis da vida. Expressou o seu magnânime Humanismo na arte, na pintura, na literatura. Um homem excepcional que deu um grandioso contributo para a construção e aperfeiçoamento das análises comunistas sobre o mundo, Portugal e seus problemas.
E agora... Deixa o exemplo e a inspiração, redobra a vontade transformadora dos comunistas com o seu legado.
Mas, e o que eu não esperava, mesmo no dia do seu falecimento, fomos todos presenteados com uma verdadeira operação de revisionismo e branqueamento histórico da sua vida e da vida dos comunistas e do seu Partido.
Logo nesse dia, uma iluminada abre as notícias da TV Pública como se possuísse o dom da análise sobre a vida de Álvaro Cunhal. Chama-lhe tudo: cruel (aliás como todos os comunistas), sedutor, e desistente. Como se portadora de uma verdade absoluta aceita de bom grado tecer comentários à vida de Álvaro Cunhal. Nesse mesmo dia, a mesma televisão pública desfere o golpe final contra a memória de Álvaro Cunhal no magnífico programa Prós & Contras, onde, pasme-se se sentam reconhecidos intelectuais da praça pública para desmantelar o património de luta e abnegação de Álvaro Cunhal.
O grande Senhor Luís Osório chega ao ponto de afirmar que Álvaro Cunhal não pedia duas vezes o mesmo prato para que ninguém soubesse qual a sua gastronomia favorita!!! Pá... só podes estar a gozar comigo!
Ficámos todos sabendo que Zita Seabra é pessoa indicada para falar de Cunhal e que não tem sequer réstias de suspeição e parcialidade. A falta de respeito demonstrada pela RTP devia suscitar todas as dúvidas.
Os jornais diários traziam hoje todo um conjunto das mais elementares teses anti-comunistas, sem sequer as fundamentar. Segundo estes, Álvaro Cunhal seria uma pessoa de cariz ditatorial, autoritário e arrogante, um Homem ao serviço de interesses estrangeiros que quis instaurar uma ditadura em Portugal... Benza-os Deus...
Estes senhores da comunicação Social, imparciais e verdadeiros paladinos da verdade, não respeitaram absolutamente nada! "Vai daí, o comuna morreu! Siga bombardear o pessoal com tretas inventadas só para dizer mal e cascar nos comunas!"
Como é possível que se proceda a tão caluniosa operação mesmo no dia da morte de um homem excepcional?
Mas quem são estas pessoas que gritam aos quatro ventos desde cedo a morte do comunismo e não há meio de se confirmar a maldita profecia??? Donde vêm, onde adquiriram tão profusa sapiência que os autoriza perante os milhões de portugueses e portuguesas a manipular os factos e a verdade a sabor da vontade de cada um?
Porquê a Zita Seabra? Porque o Luís Osório? Acaso foram amigos íntimos de Cunhal? E os milhares de militantes do Partido Comunista que com ele combateram anos a fio? Não seriam esses agora os mais importantes? os seus amigos? os seus camaradas?
Não deixa de ser curioso que, no dia da sua morte, tenham sido ditas as maiores barbaridades sobre a vida de Álvaro Cunhal... Um Homem que dedicou toda a sua vida à transformação da sociedade e à evolução do mundo para uma estado de maior organização e humanismo merecia pelo menos o respeito desses abutres que tudo farão para o apagar da História.
Mas desengane-se o pulha que pensa que pode enganar-nos todos. Álvaro Cunhal perdurará na memória colectiva do povo e dos trabalhadores portugueses, deixará as incontornáveis marcas no coração daqueles que anseiam por um mundo mais justo.
Descansemos, no entanto, porque o exemplo é seguido por muitos outros e porque sabemos que a luta continua. Álvaro Cunhal sabe que enquanto persistir a exploração do Homem pelo Homem, persiste a luta pelo socialismo!
Ontem faleceu Álvaro Cunhal.
Álvaro Cunhal foi um exemplo de dedicação e de coragem. Foi um homem de elevados valores, mas que acima de tudo, deu tudo por eles. Um homem que marcou a luta dos trabalhadores portugueses, que marcou a conquista da liberdade e que foi um incontornável combatente pelas mais profundas aspirações do povo português.
Foi um comunista que expressou a sua grandeza em diversos níveis da vida. Expressou o seu magnânime Humanismo na arte, na pintura, na literatura. Um homem excepcional que deu um grandioso contributo para a construção e aperfeiçoamento das análises comunistas sobre o mundo, Portugal e seus problemas.
E agora... Deixa o exemplo e a inspiração, redobra a vontade transformadora dos comunistas com o seu legado.
Mas, e o que eu não esperava, mesmo no dia do seu falecimento, fomos todos presenteados com uma verdadeira operação de revisionismo e branqueamento histórico da sua vida e da vida dos comunistas e do seu Partido.
Logo nesse dia, uma iluminada abre as notícias da TV Pública como se possuísse o dom da análise sobre a vida de Álvaro Cunhal. Chama-lhe tudo: cruel (aliás como todos os comunistas), sedutor, e desistente. Como se portadora de uma verdade absoluta aceita de bom grado tecer comentários à vida de Álvaro Cunhal. Nesse mesmo dia, a mesma televisão pública desfere o golpe final contra a memória de Álvaro Cunhal no magnífico programa Prós & Contras, onde, pasme-se se sentam reconhecidos intelectuais da praça pública para desmantelar o património de luta e abnegação de Álvaro Cunhal.
O grande Senhor Luís Osório chega ao ponto de afirmar que Álvaro Cunhal não pedia duas vezes o mesmo prato para que ninguém soubesse qual a sua gastronomia favorita!!! Pá... só podes estar a gozar comigo!
Ficámos todos sabendo que Zita Seabra é pessoa indicada para falar de Cunhal e que não tem sequer réstias de suspeição e parcialidade. A falta de respeito demonstrada pela RTP devia suscitar todas as dúvidas.
Os jornais diários traziam hoje todo um conjunto das mais elementares teses anti-comunistas, sem sequer as fundamentar. Segundo estes, Álvaro Cunhal seria uma pessoa de cariz ditatorial, autoritário e arrogante, um Homem ao serviço de interesses estrangeiros que quis instaurar uma ditadura em Portugal... Benza-os Deus...
Estes senhores da comunicação Social, imparciais e verdadeiros paladinos da verdade, não respeitaram absolutamente nada! "Vai daí, o comuna morreu! Siga bombardear o pessoal com tretas inventadas só para dizer mal e cascar nos comunas!"
Como é possível que se proceda a tão caluniosa operação mesmo no dia da morte de um homem excepcional?
Mas quem são estas pessoas que gritam aos quatro ventos desde cedo a morte do comunismo e não há meio de se confirmar a maldita profecia??? Donde vêm, onde adquiriram tão profusa sapiência que os autoriza perante os milhões de portugueses e portuguesas a manipular os factos e a verdade a sabor da vontade de cada um?
Porquê a Zita Seabra? Porque o Luís Osório? Acaso foram amigos íntimos de Cunhal? E os milhares de militantes do Partido Comunista que com ele combateram anos a fio? Não seriam esses agora os mais importantes? os seus amigos? os seus camaradas?
Não deixa de ser curioso que, no dia da sua morte, tenham sido ditas as maiores barbaridades sobre a vida de Álvaro Cunhal... Um Homem que dedicou toda a sua vida à transformação da sociedade e à evolução do mundo para uma estado de maior organização e humanismo merecia pelo menos o respeito desses abutres que tudo farão para o apagar da História.
Mas desengane-se o pulha que pensa que pode enganar-nos todos. Álvaro Cunhal perdurará na memória colectiva do povo e dos trabalhadores portugueses, deixará as incontornáveis marcas no coração daqueles que anseiam por um mundo mais justo.
Descansemos, no entanto, porque o exemplo é seguido por muitos outros e porque sabemos que a luta continua. Álvaro Cunhal sabe que enquanto persistir a exploração do Homem pelo Homem, persiste a luta pelo socialismo!
O primeiro dia do fim da lucidez
Pois, devemos mesmo ter perdido a paciência para arriscar escarrapachar os nossos pensamentos revoltosos e, por vezes, tumultuosos, numa página da net que provavelmente ninguém visitará. Mas, o presente começa a dar-nos de tal forma a volta à barriga que aqui estamos, nem que seja para um visitante perdido poder ler outra versão - uncensored - das interpretações mainstream dos acontecimentos que nos rodeiam.
Eu nem acredito muito nesta cena dos blogs e, para ser sincero, até os considero, em geral, uma perda de tempo. Mas, realmente, começo a compreender aqueles que, não vendo reflexo do seu pensamento na esmagadora corrente do mercado, e aqueles cujas opiniões não têm outro espaço senão o alcance do seu próprio grito. Começo a compreender, ainda que pelos piores motivos.
Impele-me a escrever, lamentavelmente, a revolta que pulsa já dentro de mim contra a mentira, contra a ridicularidade.
Tudo merece ser questionado, mas nada é.
Tudo, independentemente donde venha, merece aprofundamento e seriedade, mas nada os tem.
Mastigam-nos tudo na Tv - está tudo pronto a engolir.
Os jornais mostram-nos as verdades absolutas avalizadas por analistas acima de qualquer suspeita que são pagos para pensar por nós.
E nunca nos questionamos... "Quem é o otário?"
Pensamos antes: "é o Sr. Professor... sabe muito este Senhor." Mas sabe de quê? Sabe o que é trabalhar horas e horas a fio a receber um salário de merda para por a comida na mesa? Sabe o que é ter um patrão a pressionar para trabalhar mais depressa? Sabe o que temer o fim do contrato a prazo?
Sabem esses encartados da TV e dos Jornais o que é a vida para além da sua verborreia diária?
Mas donde vêm, quem são? Tiraram o doutoramento em "Tudo"??? Sim... porque isto de falar com todas as certezas sobre o campeonato e logo a seguir enfiar uma bucha sobre Clonagem e ainda ter tempo para avaliar a política nacional, não é coisa fácil e não é, certamente, para qualquer um.
Já só não vê quem não quer, ouvimos às vezes... Esquecemos os que não vêem porque não podem. E esses, com pena minha, raras oportunidades terão de visitar este e os outros blogs.
Este é o primeiro dia do fim da lucidez. Arrisco a perdê-la uns minutos por dia para despejar aqui o chorrilho de revoltas que mais me afecte. Perco-a porque não é muito lúcido escrever para um ecrã, empenhar minutos que somados resultarão em dias, para sabe-se lá quem vir ler. Não é muito lúcido...
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