O materialismo é o instrumento racional que temos para o desenvolvimento do pensamento humano e colectivo da humanidade. Aliás, todas as transformações sociais e históricas têm como base directa a relação material dos objectos, ainda que assimilados subjectivamente pelo Homem.
O materialismo dialéctico e a capacidade que encerra de consolidar a subjectividade em torno da objectividade, é a forma mais avançada do pensamento dos homens, distante das concepções místicas e supersticiosas. A exploração do Homem pelo Homem assenta em mecanismos materiais, ou seja, a espinha dorsal do sistema capitalista assenta numa base material.
O que é então a ofensiva ideológica? porque tem hoje tanta importância para a sobrevivência do sistema capitalista?
Embora a ofensiva ideológica se trave eminentemente no campo da ideia - ou dos sistemas de ideias - ela refere-se concretamente às relações sociais do dia-a-dia, ou seja, radica nos elementos materiais da sociedade. A ideologia burguesa do capitalismo não é, no entanto, directamente propagandeada. Não são as grandes teses nucleares do capitalismo que são anunciadas diariamente para todos, nas escolas, na tv, na rádio, na música, nos jogos de computador, na arte.
Se o capital propagasse a sua doutrina, a sua ideologia, seria obrigado a ensinar Marx nas escolas e a fazer de "O capital" a obra mais importante do Plano Nacional de Leitura. Não, o sistema capitalista não propaga a sua génese ideológica, nem tampouco a massifica. A burguesia massifica, isso sim, as fórmulas ideológicas da ilusão. A burguesia é neste momento a classe que melhor compreende o seu papel histórico e que mais fortemente reconhece a validade das teses marxistas. Por isso mesmo, a divulgação da doutrina, da essência do capitalismo, é algo que a burguesia reserva para os seus melhores e mais destacados quadros. Nem mesmo os seus pequenotes sabujos têm acesso à descodificação filosófica do mundo que a compreensão do Capitalismo exige.
Assim, a classe dominante encontrou a forma mais fácil de contrariar a compreensão social por todos quantos queira dominar. Trocar-lhes as ferramentas. Se a ferramenta mais avançada de que a Humanidade dispõe para a compreensão e sistematização do funcionamento dos fenómenos - do histórico ao natural, passando pelo social - é o materialismo, então nada melhor que dar a todos o idealismo.
O ataque às perspectivas materialistas é múltiplo e constitui uma rede, uma malha de ofensivas sub-reptícias quase imperceptível para quem não esteja atento à sua dimensão e objectivos. A promoção do idealismo como instrumento de apreensão da realidade é hoje a principal arma ideológica do sistema capitalista. A subjectividade, a religiosidade organizada ou supersticiosa, o individualismo, a felicidade consumista, a ignorância inconsciente, são apenas algumas das formas de que se reveste a campanha magna de promoção do idealismo.
A própria vida política, a cobertura mediática dos acontecimentos, a simplicidade com que se aligeiram todos os assuntos por mais complexos que sejam, a generalização da mentira facilmente aceite como tese científica, são outras dimensões deste fenómeno global.
Se o mundo fosse um código escrito em decimal, o melhor que eu poderia fazer para to esconder seria ensinar-te apenas o hexadecimal. Códigos diferentes neste caso não dariam interpretações diferentes, antes resultariam numa interpretação válida e numa não-interpretação.
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