Monday, July 07, 2008

voto fascista

Eu não ia dizer nada sobre isto. Mas depois de o anónimo ter lançado um desafio à racionalidade e à rectidão crítica, achei que umas palavras sobre o assunto não viriam em demasia.

A libertação de Ingrid Betancourt podia ser um motivo de regozijo político e constituir, de facto, um momento importante para a procura de soluções para a questão colombiana. Qual questão colombiana?, perguntarão todos quantos sorvam a desinformação da comunicação social dominante com a mesma avidez com com que os putos mamam nas mamas das prestáveis mães. Para esses, será bom procurar algo mais. Será bom tentarem saber onde estão as sete dezenas de activistas sindicais assassinadas pelo Governo neo-fascista de uribe; será talvez útil ler e tentar buscar as posições daqueles que, no terreno da colômbia, lutam contra um presidente ilegítimo apoiado pela grande potência americana por representar uma fonte inesgotável de cristais de cocaína; talvez também possa ser-vos útil saber que o regime de extrema direita de uribe negoceia directamente os actos dos paramilitares e de outros mercenários assassinos que esventram diariamente a colômbia, pilhando, saqueando, sequestrando e matando. As papas desinformativas que nos dão à boca já mastigadas na TV e nos jornais não excplicam os fenómenos políticos que nos rodeiam. Basta prestar a mínima atenção para descobrir a cada passo, uma nova mentira ou incongruência.

O que se passou na Assembleia da República com o voto de congratulação pela libertação de Ingrid Betancourt foi apenas uma manobra de aproveitamento político com vista ao isolamento do PCP e ao branqueamento do papel do regime uribista. PS, CDS e PSD uniram-se na apresentação de um voto intelectual e politicamente desonesto, cujo objectivo não era saudar a libertação de Ingrid, mas apenas louvar o fascista uribe e condenar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército Popular. Seria bom relembrar que as FARC libertaram um vasto conjunto de prisioneiros nos passados meses, num processo de libertação unilateral intermediado pelo Presidente Chávez e que ninguém saudou tal acto, tão demonstrativo que foi da verdadeira vontade que as FARC apresentam para buscar solução pacífica para o conflito.

Seria bom relembrar que nos cárceres do regime uribista estão centenas de prisioneiros políticos, entre os quais comunistas e sindicalistas e que não houve até ao momento nenhuma libertação desses presos políticos.

A estes a Assembleia da República não dirigiu palavras de apoio. Ao regime uribista a Assembleia da República dirigiu um clamoroso aplauso, bafiento, mas eficaz. PS, CDS e PSD demonstram uma vez mais a quem servilmente obedecem e ajoelham às orientações norte-americanas. Brasil, Venezuela, Cuba, Bolívia e outros países vizinhos não identificam as FARC como forças terroristas, mas Portugal quer mostrar bom serviço à embaixada norte-americana e eis que, bem-comportado, apresenta trabalho feito.

A Assembleia da República poderia ter saudado a libertação para estimular a resolução pacífica do conflito que se vive na colômbia. Mas não o fez. Preferiu acicatar o regime uribista para a aniquilação da guerrilha revolucionária. Tal como antes, nós (comunistas portugueses) éramos terroristas; tal como che e fidel foram terroristas, como mandela foi temido terrorista, tal como todos os movimentos de libertação foram terroristas, agora o são as FARC.

O Bloco de Esquerda, absteve-se no voto do PCP que saudava a libertação e apelava à solução pacífica do conflito, colocando sempre como principal objectivo a paz. Aliás, o voto do PCP, rejeitado pelo PS, CDS e PSD, era o únco que mencionava a palavra "PAZ" e que fora apresentado de facto para saudar a libertação de Ingrid Betancourt. Já o voto da direita e da extrema-direita, apoiado pelo Bloco de Esquerda não tinha outro objectivo senão sentenciar a luta armada do povo colombiano e de ajoelhar perante o narcopresidente uribe.

Assim se vê.

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