se a pergunta fosse:
"concorda com a instrumentalização da lei para servir dogmas éticos ou religiosos?"
que responderias?
a questão é que o nosso estado é laico, independentemente da confissão religiosa da maioria. ou seja, é um estado de leis do Homem e não de Deus. independentemente das concepções éticas da maioria, independentemente de quais essas concepções, a lei em portugal baseia-se nos princípios da laicicidade, nos princípios da liberdade e da igualdade.
Perante a pergunta do referendo que nos oferecem, aqueles que respondem não são a face mais pura da hipocrisia, da intolerância e do machismo entranhado na ausência de sinapses próprias.
Mas há outra componente nos movimento do "Não" - a componente manipuladora.
Componente que assenta a sua acção na ignorância, que direcciona o seu discurso a uma camada da população que não tem acesso à informação, que julga superficialmente e de forma pouco informada. Essa componente do movimento do "Não" é a cabeça de um movimento que, paradoxalmente, toma posições acéfalas.
A igreja, instrumento poderoso da classe dominante, e os sectores mais retrógrados de uma burguesia decadente que ainda quer impôr a subrevivência dos seus métodos de exploração exacerbada, sendo que são hoje representados pela exploração desmedida da mão de obra, sustentados pela existência permanente de um exército de recurso para a exploração capitalista. É esta burguesia, decadente mas influente na burguesia enquanto um todo, que ainda exerce este poder. Poder que chegou para o PS convocar o referendo ao invés de resolver a questão na Assembleia da Républica. Poder que é ainda suficiente para fazer do PS um instrumento político ao serviço do "Não", invocando os argumentos mais falaciosos e frágeis, anunciando custos infundados para o Estado após a despenalização, escondendo a realidade actual, altamente dividido nas suas capelas bolorentas, onde abundam as aves raras que ainda se afirmam publicamente pelo "Não".
Este Blog está pelo Sim, e daqui acusa os hipócritas do "Não" de serem carrascos das mulheres, de serem desumanos e falsos. Quem está pelo "não" não está pela vida, está é pela rejeição da mulher enquanto ser capaz de decidir sobre si própria. Assassinos.
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