O ministro da economia Manuel Pinho não é, ao contrário do que somos levados a pensar, uma nódoa. Não é, porque se insere num Governo que todo ele age em bloco, articuladamente. Portanto, o governo é, em si mesmo, uma nódoa. Arrisco dizer aliás que, à luz de uma ética própria de uma classe, este governo é um conjunto de criminosos, de mentirosos, corruptos.
Claro que a lei que temos, estabelecida em grande medida pela força política institucional da burguesia, não considera criminoso aquele que submete os interesses de uma nação aos interesses do capital transnacional; não considera criminoso aquele que angaria votos com uma propaganda mas que faz o contrário depois de os ter; não considera criminoso aquele que autoriza a utilização dos recursos de um país por uma empresa privada retirando o acesso a esse recurso pelo povo; não considera criminoso aquele que, depois de colectivamente o país ter retomado posse sobre a indústria, a banca, o Serviço de Saúde, a Educação, vende ao desbarato esse património.
Pois… triste lei esta que é feita pelos pontas-de-lança dos interessados na destruição do país. Triste país que tem a decisão política entregue a quem melhor engana o eleitor, e não a quem melhor o defende. Triste sistema político aquele que tem como decisora a classe menos numerosa mas mais poderosa.
Mas dizia-se, não é nódoa Manuel Pinho porque ele é apenas mais uma entre estas encomendas. O que este Sr. Ministro tem de especial é que é manifestamente mais mentecapto que a generalidade dos seus comparsas de fraude. Manuel Pinho fala pouco. Mas quando fala sai porcaria da grossa. Cada cavadela, cada minhoca; Cada tiro, cada merlo… como se costuma dizer. O homem, coitado, que não passa de um ser calmo e ligeiramente adormecido, com aquele ar típico de quem não tem sequer a preocupação de se informar sobre o que vai falar, não tem culpa nenhuma por falar a verdade.
Claro que exceptuamos a sua célebre passagem “a crise acabou” deste cabaz de verdades imponderadas. Esta foi uma mentira imponderada, provavelmente, rasgo de loucura temporária, semelhante àqueles que acontecem quando se consomem em excesso substâncias psicotrópicas.
Mas, analisemos as suas sábias palavras na Missão China! (Missão China … por favor! Haverá nome mais ridículo para uma visita institucional a um outro estado? – clara nomenclatura propagandística…) Dizia Manuel Pinho:
“os custos salariais [em Portugal] são mais baixos do que a média dos países da União Europeia e a pressão para o seu aumento inferior.”
Eis a verdade sobre a política do Governo. Temos pena que só tenha coragem de a afirmar lá fora. É a cobardia da burguesia: aqui, perante os trabalhadores, mente; lá fora, perante os magnatas, diz a verdade.
De facto, este Governo tem o capital desígnio de destruir a capacidade produtiva nacional, exterminando a soberania nacional, enquanto expressão da vontade popular. Este é o melhor Governo da recuperação fascista. É o mais vingativo e obstinado com a eliminação dos direitos dos trabalhadores. Este é o Governo de um Partido Socialista de corrupção legal. O Partido que cumpre a orientação nacional do grande capital. É esta o mais alinhado, o mais apostado.
É óbvio que, num Governo com estas características há corruptos competentes e incompetentes. Ou seja, os que conseguem cumprir o seu papel central de desmantelamento do Estado, mas resguardando a sua legitimidade pública, acolhendo apoios aqui e além. E os que, cumprindo o seu papel político destinado, não conseguem sequer fingir inteligência. É assim, a privação de inteligência não afecta só os incultos…
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