Hoje, primeiro dia de plenário da Assembleia da República, a vida política portuguesa volta a girar em torno deste circo de vaidades. A assembleia da república voltará a discutir e a debitar as regras do capital, a impor ao povo que vai carregando o fardo de ter eleito traidores para sua representação.
E pronto, fora isso, tudo vai no rumo orientado da política de direita, por muitos fait-divers que por aí vão pululando as notícias dos "nossos" jornais.
Arranca o ano lectivo com um novo regime jurídico para as instituições de ensino superior. À medida dos anseios do capital. Discutido à pressa entre os amigos do Partido Socialista e os interesses financeiros que os mandam, à revelia do povo, dos professores, dos estudantes, dos funcionários, à revelia das próprias instituições de ensino superior, pela calada de Agosto. Mas ei-lo triunfante, qual máquina demolidora do nosso Ensino Superior Público. As universidades e institutos politécnicos passam a ser fundações de direito privado, que é como quem diz "empresas privadas" financiadas pelo Estado. A direcção destas instituições passa a ser feita por entidades externas à instituição, que é como quem diz "empresas privadas com interesses na educação e no controlo directo da estratégia educativa e formativa". Os estudantes perdem a sua capacidade de intervir democraticamente e os conselhos pedagógicos passam a peças decorativas nas Instituições de Ensino, varridos que foram os seus poderes e competências.
A gestão das universidades e institutos é agora um mero acto administrativo e financeiro, sem o contributo daqueles que nelas trabalham, mas sob os ditames daqueles que delas lucram.
São já milhares as escolas básicas do primeiro ciclo que encerraram. No total, daqui a dois anos, o Governo terá encerrado 47,5% do total de escolas do primeiro ciclo do básico, com particular incidência na região do interior centro, onde mesmo até agora têm fechado mais escolas. É simples, para os estrategas do país, da banca e do capital financeiro, a distribuição geográfica das populações carece de urgente remodelação. O país está em reestruturação. É isso. À semelhança da reestruturação da Função Pública que tanto se poderia chamar "desmantelamento e encerramento", também o país está a saque nesta fúria de desmantelamento e encerramento do país. Os serviços públicos são um direito de todos. O trabalho dos funcionários públicos não é um direito só seu. É um direito de todos nós.
A disputa entre o público e o privado, entre trabalho e capital atinge sob a guarda do Governo do PS um dos seus pontos altos com a administração do Estado a jogar do lado oposto da barricada. O capital reivindica para si os serviços que tinha sob o "pacto com o espectro" e o Estado entrega-os de mão-beijada, muitas vezes pagando por isso.
Os recursos naturais e o território nacional são entregues a retalho aos interesses privados, retirando o direito ao usufruto democrático da natureza às populações que deles sempre viveram. Empurram-se as populações para as regiões peri-urbanas, retirando-as de onde antes se encontravam (ruralidade e centros urbanos), obrigando milhões de portugueses ao calvário involuntário das deslocações pendulares, ao consumo exacerbado de recursos energéticos, à degradação da qualidade de vida e da qualidade ambiental. Tudo graças à senhora especulação imobiliária que manda mais que as tão famosas "políticas de ambiente" ou mesmo que o tão propalado "ordenamento do território"
Ficam por ora as supra mencionadas questões, que se me acabou o tempo de almoço. Mas vou andar por aí.
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2 comments:
só está na assembleia quem quer...
costuma dizer-se... "cada um tem o que merece."
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