todos os dias passa um ano sobre outro.
contudo, fazemos questão de nos ater ao calendário de referência e fazer do 1º de Janeiro o dia em que mudamos de agenda, dia a partir do qual continuaremos a escrever durante semanas "2006" com o último algarismo corrigido para "7" por falta de hábito.
nós por cá não somos diferentes e aqui ficam sinceros votos de bom ano a todos.
um ano que marque pela força da luta, que subleve e eleve a nossa perseverança, que a premeie.
um ano novo que reforce a história dos anos passados, que evolua.
um ano em que a nossa luta pelo trabalho com direitos, pelos salários, pela igualdade, pela saúde, pela educação, pela cultura, pelo respeito, pelo emprego, pela distribuição da riqueza, pela habitação e pelo pão se reforce e veja sucessos!
o contar dos anos se encarregará de nos trazer a vitória, a ver se é este!
saudações!
Saturday, December 30, 2006
Thursday, November 30, 2006
ele merece
"O mundo só será mundo no dia em que enforcarmos o último rei nas tripas do último padre"
François-Marie Arouet - Voltaire
Wednesday, November 29, 2006
até onde irá a estupidez...?
"politólogo - s. m. aquele que estuda politologia
politologia - s. f. ciência que estuda a política"
in Dicionário Inventado pela Burguesia Portuguesa e veiculado pela sua Comunicação Social, edições Branquamento Ideológico, S.A.
que curso tenho eu de terminar com sucesso para ser politólogo?
que instituições de ensino superior em Portugal dispõem de tal licenciatura, mestrado ou doutoramento?
que empresas contratam politólogos?
quais os requisitos curriculares para a contratação?
que merda é um politólogo?
politologia - s. f. ciência que estuda a política"
in Dicionário Inventado pela Burguesia Portuguesa e veiculado pela sua Comunicação Social, edições Branquamento Ideológico, S.A.
que curso tenho eu de terminar com sucesso para ser politólogo?
que instituições de ensino superior em Portugal dispõem de tal licenciatura, mestrado ou doutoramento?
que empresas contratam politólogos?
quais os requisitos curriculares para a contratação?
que merda é um politólogo?
Friday, November 17, 2006
Wednesday, November 15, 2006
a esquerda do mesmo império
Hoje, os deputados do Partido Socialista levaram à Assembleia da República o elogio dos seus próprios defeitos. Para quem quisesse ouvir.
Esta estratégia de propaganda começa a ruir. As brechas que vão ferindo o edifício de aparente concordância entre a população portuguesa e as políticas deste Partido Socialista são já tão largas que passam manifestações inteiras por entre elas. Manifestações grandes. Daquelas com centenas de milhar de jovens, empregados, estudantes, mulheres, reformados, professores, agentes da autoridade, funcionários da administração pública, operários, agricultores… das grandes, pois.
As brechas aí estão a demonstrar a ruína da propaganda do PS. A táctica de dizer que tudo está bem até à exaustão, mesmo quando as condições objectivas comprovam exactamente o inverso, começa a mostrar a sua fragilidade. O que não poderia ser de outra forma. Permito-me a utilizar a sábia expressão: “Podem enganar uma pessoa por muito tempo. Podem enganar muitas pessoas por algum tempo. O que não podem é enganar toda a gente, durante todo o tempo.”
Então aí estão os aumentos do custo de vida, a degradação das condições de vida dos jovens, dos trabalhadores e dos reformados. Aí estão as jogadas maquiavélicas em torno do aborto. Aí está a diminuição do custo do trabalho e a diminuição dos salários, o congelamento da progressão nas carreiras da administração pública, o aumento das propinas no ensino superior, o desmantelamento do Incentivo ao Arrendamento por Jovens, as “taxas moderadoras” de internamentos, consultas e tratamentos nos hospitais públicos, a destruição das redes de transportes públicos, a entrega do sector público à exploração privada, os aumentos dos custos da electricidade e dos combustíveis. (respira) Aí estão os impostos também para deficientes, a diminuição das verbas para os laboratórios de estado, a diminuição da acção social escolar, a privatização do ensino e dos serviços de cantinas, refeitórios e residências, aí está o aumento do IVA, a implementação da co-incineração como estratégia primária de tratamento de resíduos industriais perigosos ou banais. Aí temos a diminuição das verbas do Orçamento do Estado para as autarquias locais, a perseguição política a dirigentes sindicais, associativos e estudantis. Para não ir mais longe que já se entende o sentido de tão vasto rol de atrocidades.
Aí estão… para mostrar tudo quanto este governo tem feito para beneficiar os do costume. Os lucros da EDP, das petrolíferas, da indústria e comércio multi e transnacionais, da banca e das instituições de crédito agigantam-se escandalosamente. Daí nasce uma primeira pergunta: é de esquerda um governo que prefere a concentração dos meios de produção, dos lucros do capital produtivo e especulativo num punhado de balofos capitalistas ou empresas?
Isto porque foi hoje mesmo que o Partido Socialista nos brindou com a sua indignação perante a acusação de que não estaria executando políticas de esquerda. Observação do Partido Comunista Português em resposta à encenação que o Partido Socialista acabara de levar a cabo. Indignado, responde o PS de que é de esquerda sim senhor. Que não recebe lições sobre o que é ser de esquerda de ninguém e muito menos do PCP.
Escusar-me-ei a mais que o seguinte:
Sócrates diz no debate na generalidade sobre o Orçamento do Estado para 2007 que o PSD está irritado porque este Governo PS está a fazer tudo quanto o PSD queria ter feito, mas não foi capaz.
Palavras para quê? É de esquerda também o PSD…
Esta estratégia de propaganda começa a ruir. As brechas que vão ferindo o edifício de aparente concordância entre a população portuguesa e as políticas deste Partido Socialista são já tão largas que passam manifestações inteiras por entre elas. Manifestações grandes. Daquelas com centenas de milhar de jovens, empregados, estudantes, mulheres, reformados, professores, agentes da autoridade, funcionários da administração pública, operários, agricultores… das grandes, pois.
As brechas aí estão a demonstrar a ruína da propaganda do PS. A táctica de dizer que tudo está bem até à exaustão, mesmo quando as condições objectivas comprovam exactamente o inverso, começa a mostrar a sua fragilidade. O que não poderia ser de outra forma. Permito-me a utilizar a sábia expressão: “Podem enganar uma pessoa por muito tempo. Podem enganar muitas pessoas por algum tempo. O que não podem é enganar toda a gente, durante todo o tempo.”
Então aí estão os aumentos do custo de vida, a degradação das condições de vida dos jovens, dos trabalhadores e dos reformados. Aí estão as jogadas maquiavélicas em torno do aborto. Aí está a diminuição do custo do trabalho e a diminuição dos salários, o congelamento da progressão nas carreiras da administração pública, o aumento das propinas no ensino superior, o desmantelamento do Incentivo ao Arrendamento por Jovens, as “taxas moderadoras” de internamentos, consultas e tratamentos nos hospitais públicos, a destruição das redes de transportes públicos, a entrega do sector público à exploração privada, os aumentos dos custos da electricidade e dos combustíveis. (respira) Aí estão os impostos também para deficientes, a diminuição das verbas para os laboratórios de estado, a diminuição da acção social escolar, a privatização do ensino e dos serviços de cantinas, refeitórios e residências, aí está o aumento do IVA, a implementação da co-incineração como estratégia primária de tratamento de resíduos industriais perigosos ou banais. Aí temos a diminuição das verbas do Orçamento do Estado para as autarquias locais, a perseguição política a dirigentes sindicais, associativos e estudantis. Para não ir mais longe que já se entende o sentido de tão vasto rol de atrocidades.
Aí estão… para mostrar tudo quanto este governo tem feito para beneficiar os do costume. Os lucros da EDP, das petrolíferas, da indústria e comércio multi e transnacionais, da banca e das instituições de crédito agigantam-se escandalosamente. Daí nasce uma primeira pergunta: é de esquerda um governo que prefere a concentração dos meios de produção, dos lucros do capital produtivo e especulativo num punhado de balofos capitalistas ou empresas?
Isto porque foi hoje mesmo que o Partido Socialista nos brindou com a sua indignação perante a acusação de que não estaria executando políticas de esquerda. Observação do Partido Comunista Português em resposta à encenação que o Partido Socialista acabara de levar a cabo. Indignado, responde o PS de que é de esquerda sim senhor. Que não recebe lições sobre o que é ser de esquerda de ninguém e muito menos do PCP.
Escusar-me-ei a mais que o seguinte:
Sócrates diz no debate na generalidade sobre o Orçamento do Estado para 2007 que o PSD está irritado porque este Governo PS está a fazer tudo quanto o PSD queria ter feito, mas não foi capaz.
Palavras para quê? É de esquerda também o PSD…
Tuesday, October 31, 2006
Pausa
eu bem queria que assim não fosse.
mas temos um Governo que não dá descanso aos trabalhadores a bem do lucro dos patrões. e, por isso mesmo, uns dias de pausa na escrita justificar-se-ão certamente. até ao fim da discussão do Orçamento do Estado, o famigerado orçamento.... ou o famigerado Estado.... Até lá!
mas temos um Governo que não dá descanso aos trabalhadores a bem do lucro dos patrões. e, por isso mesmo, uns dias de pausa na escrita justificar-se-ão certamente. até ao fim da discussão do Orçamento do Estado, o famigerado orçamento.... ou o famigerado Estado.... Até lá!
Tuesday, September 26, 2006
Da Interrupção Voluntária da Gravidez – notas
Motiva-me um programa da manhã chamado “opinião pública” que a Sic Notícias nos proporciona diariamente. Hoje, sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez.
Todos sabemos que existem em torno deste problema social um conjunto de tentativas de mistificação, quer da parte dos que defendem a criminalização e penalização da prática de aborto, quer da parte de alguns oportunistas que cavalgam a onda da despenalização. E este programa é óptimo exemplo disso. A Sic Notícias, embora certamente conheça o facto de que existem plataformas, partidos e associações representativas de vastas massas defensoras da tolerância e do direito de optar, convida uma associação residual sem qualquer intervenção significativa na sociedade portuguesa (provavelmente teriam preferido convidar o Bloco, mas assim, foi menos flagrante), a “não te prives”. E convida para a defesa da penalização uma senhora em nome do movimento pela vida.
Argumentos
Movimento pela vida: “não há necessidade de fazer um referendo por que as condições que determinaram o resultado do último não se alteraram.”; “a mulher poder abortar sem mais nem menos é uma afronta ao direito básico do nosso Estado, a vida”; “eu preferia que o ministro [da saúde] não tivesse dito o que disse, porque é um incentivo ao aborto. Eu sei porque sou mulher.”
Não te prives: “o aborto é uma matéria privada”; “obrigar uma mulher a ir a um hospital público é trazer o seu íntimo para a esfera pública”; “o aborto deve ser apenas uma escolha privada da mulher”.
A mistificação é óbvia de ambas as partes. O movimento pela vida insiste nas suas teses conservadoras, partindo do princípio que a mulher é uma devassa que não tem consciência de decidir sobre os seus problemas. A igreja e estes movimentos controlados pelos resquícios da influência moral católica entendem que a mulher é um ser, por definição, amoral e com tendências demoníacas e como tal, a sociedade tem de limitar as suas opções. Além disso, a senhora que ali foi falar em nome desta plataforma considera que as mulheres abortam sem mais nem menos e que qualquer coisa é um incentivo ao aborto. Esta senhora, muito provavelmente, teve uma educação muito restritiva, isto porque ela, certamente teria abortado todos os dias e fornicado com tudo e todos, caso não fossem os seus pais a limitar tais impulsos pagãos.
A senhora da “não te prives” que engoliu a mesma cassete “lições de retórica em k7” que o Louça, provavelmente encomendadas a um seminário onde se ensina a doutrina cristã, teve um papel brilhante. Qual desenho animado simpático, de sorriso permanente e voz calma e altaneira, defende que exista um referendo e que as pessoas votem “sim à despenalização”. Estas associações satélites do Bloco de Esquerda defendem que a direita mais conservadora tenha todo o tempo para aproveitar inclusivamente o natal para voltar à carga com a argumentação bolorenta e demagógica. Defendem o referendo como única forma de fazer o BE voltar à ribalta na comunicação social. Em torno da liberdade individual e colocando o problema exclusivamente na esfera da privada da mulher desviam os olhares e a crítica social das questões de fundo. Direitos das mulheres! D I R E I T O S. Direito à maternidade. Direito a salários condignos. Direito à saúde e à educação. Esta não é uma questão privada da mulher. Aquilo que é privado é a decisão em si, nada mais. De resto, o aborto é um problema social, reflexo de outros, problema de saúde pública radicado na luta de classes.
Esta não é uma matéria privada. é uma matéria de saúde pública e direitos sociais. O Estado burguês está a punir mulheres por um problema que o próprio criou. Esta não é assim, matéria de referendo, porque isso é assumir que esta é uma questão de impasse moral. E não é. Nenhuma concepção ética pode ser imposta. O que cada voto no "não" fará é isso mesmo.
O Estado Português é laico - do grego "laos" que significa "povo, gentes". Ou seja, não é um Estado fundado em concepções éticas, religiosas ou morais de uns ou outros. E essa é a única forma de permitir que todas essas concepções são livres de existir.
Todos sabemos que existem em torno deste problema social um conjunto de tentativas de mistificação, quer da parte dos que defendem a criminalização e penalização da prática de aborto, quer da parte de alguns oportunistas que cavalgam a onda da despenalização. E este programa é óptimo exemplo disso. A Sic Notícias, embora certamente conheça o facto de que existem plataformas, partidos e associações representativas de vastas massas defensoras da tolerância e do direito de optar, convida uma associação residual sem qualquer intervenção significativa na sociedade portuguesa (provavelmente teriam preferido convidar o Bloco, mas assim, foi menos flagrante), a “não te prives”. E convida para a defesa da penalização uma senhora em nome do movimento pela vida.
Argumentos
Movimento pela vida: “não há necessidade de fazer um referendo por que as condições que determinaram o resultado do último não se alteraram.”; “a mulher poder abortar sem mais nem menos é uma afronta ao direito básico do nosso Estado, a vida”; “eu preferia que o ministro [da saúde] não tivesse dito o que disse, porque é um incentivo ao aborto. Eu sei porque sou mulher.”
Não te prives: “o aborto é uma matéria privada”; “obrigar uma mulher a ir a um hospital público é trazer o seu íntimo para a esfera pública”; “o aborto deve ser apenas uma escolha privada da mulher”.
A mistificação é óbvia de ambas as partes. O movimento pela vida insiste nas suas teses conservadoras, partindo do princípio que a mulher é uma devassa que não tem consciência de decidir sobre os seus problemas. A igreja e estes movimentos controlados pelos resquícios da influência moral católica entendem que a mulher é um ser, por definição, amoral e com tendências demoníacas e como tal, a sociedade tem de limitar as suas opções. Além disso, a senhora que ali foi falar em nome desta plataforma considera que as mulheres abortam sem mais nem menos e que qualquer coisa é um incentivo ao aborto. Esta senhora, muito provavelmente, teve uma educação muito restritiva, isto porque ela, certamente teria abortado todos os dias e fornicado com tudo e todos, caso não fossem os seus pais a limitar tais impulsos pagãos.
A senhora da “não te prives” que engoliu a mesma cassete “lições de retórica em k7” que o Louça, provavelmente encomendadas a um seminário onde se ensina a doutrina cristã, teve um papel brilhante. Qual desenho animado simpático, de sorriso permanente e voz calma e altaneira, defende que exista um referendo e que as pessoas votem “sim à despenalização”. Estas associações satélites do Bloco de Esquerda defendem que a direita mais conservadora tenha todo o tempo para aproveitar inclusivamente o natal para voltar à carga com a argumentação bolorenta e demagógica. Defendem o referendo como única forma de fazer o BE voltar à ribalta na comunicação social. Em torno da liberdade individual e colocando o problema exclusivamente na esfera da privada da mulher desviam os olhares e a crítica social das questões de fundo. Direitos das mulheres! D I R E I T O S. Direito à maternidade. Direito a salários condignos. Direito à saúde e à educação. Esta não é uma questão privada da mulher. Aquilo que é privado é a decisão em si, nada mais. De resto, o aborto é um problema social, reflexo de outros, problema de saúde pública radicado na luta de classes.
Esta não é uma matéria privada. é uma matéria de saúde pública e direitos sociais. O Estado burguês está a punir mulheres por um problema que o próprio criou. Esta não é assim, matéria de referendo, porque isso é assumir que esta é uma questão de impasse moral. E não é. Nenhuma concepção ética pode ser imposta. O que cada voto no "não" fará é isso mesmo.
O Estado Português é laico - do grego "laos" que significa "povo, gentes". Ou seja, não é um Estado fundado em concepções éticas, religiosas ou morais de uns ou outros. E essa é a única forma de permitir que todas essas concepções são livres de existir.
Saturday, September 23, 2006
Júdice Sabichão
Ontem tivemos todos a oportunidade de ler as doutas e sapientes palavras do Dr. José Miguel Júdice sobre a Juventude e o seu associativismo. Fomos abençoados pela sua extrema capacidade analítica e pelo seu conhecimento do quadro jurídico português. E assim, valeram bem os 80 cêntimos que pagámos pelo jornal “Público”.
Ora decidiu o Doutor escrever na segunda ou terceira página do jornal, local onde se ostenta a miserável coluna que lhe pertence, um artigo de opinião sobre o Associativismo Juvenil a que deu o título “De pequenino é que se torce o pepino”, leitura que aliás recomendo a todos.
Começo a passar os olhos, primeiro distraidamente como é mais habitual, depois séria e contraidamente, pelo texto. Começo a tornar-me impaciente e confesso que dirigi uns impropérios ao autor em voz baixa na mesa do café. Vontade não me falta de os voltar a invocar, mas este é um blog de respeito.
O Doutor demonstra um raciocínio tremendamente burguês e reaccionário, ao que se acrescenta uma brutal ignorância e aquele típico desprezo pela juventude que conhecemos quer nos ignorantes, quer nos reaccionários. Para ele, a nova lei do associativismo jovem, aprovada pela maioria da Assembleia da República, com os votos contra do PCP, do PEV e do BE, é um desbaratar de direitos para a juventude. Para este senhor, a nova lei traz demasiados privilégios para o associativismo juvenil e, mais, acrescenta o senhor, é um passo contra as responsabilidades dos cidadãos e contra a formação na cidadania.
Importa esclarecer que o PCP votou contra a referida lei por considerar que ela constitui um grande passo atrás no que toca ao anterior quadro legislativo. A lei do associativismo jovem do Partido Socialista não é mais que a abertura de caminhos para a ingerência estatal nos assuntos das associações juvenis, quer no plano financeiro, quer no plano da política e da actividade associativas. A lei prevê menos apoios para as associações de estudantes e não garante qualquer aumento no apoio ao associativismo juvenil de base local ou de âmbito sectorial. Importa referir que esta lei vem introduzir limites para o número de dirigentes por cada associação.
O Júdice achou que tudo isto era uma escandaleira. Segundo ele, agora os miúdos da primária iam começar a fazer associações só para ter benefícios fiscais, e as escolas passariam a ter mais de 4 ou 5 associações de estudantes, só para gozarem estatutos e disporem de espaços próprios. Para o senhor não existem limites de idade para integrar corpos gerentes das associações juvenis e o facto de o Estado apoiar este movimento associativo é inaceitável porque fomenta a desresponsabilização juvenil.
Esta verborreia que podem ler no “Público” e com ela pasmar não é dirigida, ao contrário do que possa parecer, ao governo nem ao PSD, nem ao CDS, partidos que aprovaram a lei e que assim revogaram a anterior. Insere-se numa bem articulada campanha contra a juventude e o movimento associativo. Para este senhor, o associativismo juvenil é apenas uma escolinha para os jovens das Jotas, onde fazem carreira profissional até chegar aos corredores do poder - “alguns até são deputados”, diz ele.
O que o Júdice não consegue disfarçar é um ódio genético ao associativismo e à participação democrática, no qual a juventude serviu como alvo preferencial. Mas além de não conseguir disfarçar esse ódio mesquinho, deixou completamente transparecer o seu total desconhecimento sobre o que escreveu.
1. Se o associativismo estudantil ou juvenil dá lugar à formação de quadros intervenientes na sociedade, que, porventura, assumem depois tarefas nos partidos, quem mal tem isso? Não será isso uma óptima forma de promover a cidadania?
2. Se o Júdice acha que miúdos da primária vão fazer associações para ter subsídios, não será porque ele é que pensa assim? Além do mais, os dirigentes associativos não podem ter menos de 16 anos, facto que, pelos vistos, o senhor desconhece.
3. Se ele acha que os estudantes agora vão fazer 3 ou 4 associações por escola, é porque ele quando era estudante devia ter esse desejo, mas desconhece no entanto, que a própria lei limita o número de associações de estudantes por instituição de ensino a 1 (uma).
4. Se o senhor Júdice pensa que as associações de estudantes só agora passaram a ter direito a dispor e gerir um espaço dentro das instalações da escola, também está muito enganado porque esse direito é-lhes consagrado por lei há quase 20 anos.
5. Mas este fazedor de opinião desconhece ainda mais: desconhece que são milhares e milhares os dirigentes associativos juvenis e estuidantis, que por esse país fora dinamizam aquilo que muitas vezes deveria caber ao Estado e às autarquias, desde o teatro, ao convívio e lazer, passando pelo desporto e pela actividade política e cultural. Desconhece que, desses milhares, apenas uma pequeníssima parte entra na vida partidária ou na via institucional dos órgãos de sobreania.
É pena que estes senhores, ditos acima de qualquer suspeita, possam escrever o que bem entendam nos jornais sem ter de prestar contas sobre a veracidade do que escrevem. Mas assim, se vê bem como para ilustrar tão injustas posições é necessário recorrer à mentira!
Ora decidiu o Doutor escrever na segunda ou terceira página do jornal, local onde se ostenta a miserável coluna que lhe pertence, um artigo de opinião sobre o Associativismo Juvenil a que deu o título “De pequenino é que se torce o pepino”, leitura que aliás recomendo a todos.
Começo a passar os olhos, primeiro distraidamente como é mais habitual, depois séria e contraidamente, pelo texto. Começo a tornar-me impaciente e confesso que dirigi uns impropérios ao autor em voz baixa na mesa do café. Vontade não me falta de os voltar a invocar, mas este é um blog de respeito.
O Doutor demonstra um raciocínio tremendamente burguês e reaccionário, ao que se acrescenta uma brutal ignorância e aquele típico desprezo pela juventude que conhecemos quer nos ignorantes, quer nos reaccionários. Para ele, a nova lei do associativismo jovem, aprovada pela maioria da Assembleia da República, com os votos contra do PCP, do PEV e do BE, é um desbaratar de direitos para a juventude. Para este senhor, a nova lei traz demasiados privilégios para o associativismo juvenil e, mais, acrescenta o senhor, é um passo contra as responsabilidades dos cidadãos e contra a formação na cidadania.
Importa esclarecer que o PCP votou contra a referida lei por considerar que ela constitui um grande passo atrás no que toca ao anterior quadro legislativo. A lei do associativismo jovem do Partido Socialista não é mais que a abertura de caminhos para a ingerência estatal nos assuntos das associações juvenis, quer no plano financeiro, quer no plano da política e da actividade associativas. A lei prevê menos apoios para as associações de estudantes e não garante qualquer aumento no apoio ao associativismo juvenil de base local ou de âmbito sectorial. Importa referir que esta lei vem introduzir limites para o número de dirigentes por cada associação.
O Júdice achou que tudo isto era uma escandaleira. Segundo ele, agora os miúdos da primária iam começar a fazer associações só para ter benefícios fiscais, e as escolas passariam a ter mais de 4 ou 5 associações de estudantes, só para gozarem estatutos e disporem de espaços próprios. Para o senhor não existem limites de idade para integrar corpos gerentes das associações juvenis e o facto de o Estado apoiar este movimento associativo é inaceitável porque fomenta a desresponsabilização juvenil.
Esta verborreia que podem ler no “Público” e com ela pasmar não é dirigida, ao contrário do que possa parecer, ao governo nem ao PSD, nem ao CDS, partidos que aprovaram a lei e que assim revogaram a anterior. Insere-se numa bem articulada campanha contra a juventude e o movimento associativo. Para este senhor, o associativismo juvenil é apenas uma escolinha para os jovens das Jotas, onde fazem carreira profissional até chegar aos corredores do poder - “alguns até são deputados”, diz ele.
O que o Júdice não consegue disfarçar é um ódio genético ao associativismo e à participação democrática, no qual a juventude serviu como alvo preferencial. Mas além de não conseguir disfarçar esse ódio mesquinho, deixou completamente transparecer o seu total desconhecimento sobre o que escreveu.
1. Se o associativismo estudantil ou juvenil dá lugar à formação de quadros intervenientes na sociedade, que, porventura, assumem depois tarefas nos partidos, quem mal tem isso? Não será isso uma óptima forma de promover a cidadania?
2. Se o Júdice acha que miúdos da primária vão fazer associações para ter subsídios, não será porque ele é que pensa assim? Além do mais, os dirigentes associativos não podem ter menos de 16 anos, facto que, pelos vistos, o senhor desconhece.
3. Se ele acha que os estudantes agora vão fazer 3 ou 4 associações por escola, é porque ele quando era estudante devia ter esse desejo, mas desconhece no entanto, que a própria lei limita o número de associações de estudantes por instituição de ensino a 1 (uma).
4. Se o senhor Júdice pensa que as associações de estudantes só agora passaram a ter direito a dispor e gerir um espaço dentro das instalações da escola, também está muito enganado porque esse direito é-lhes consagrado por lei há quase 20 anos.
5. Mas este fazedor de opinião desconhece ainda mais: desconhece que são milhares e milhares os dirigentes associativos juvenis e estuidantis, que por esse país fora dinamizam aquilo que muitas vezes deveria caber ao Estado e às autarquias, desde o teatro, ao convívio e lazer, passando pelo desporto e pela actividade política e cultural. Desconhece que, desses milhares, apenas uma pequeníssima parte entra na vida partidária ou na via institucional dos órgãos de sobreania.
É pena que estes senhores, ditos acima de qualquer suspeita, possam escrever o que bem entendam nos jornais sem ter de prestar contas sobre a veracidade do que escrevem. Mas assim, se vê bem como para ilustrar tão injustas posições é necessário recorrer à mentira!
Thursday, September 14, 2006
ele há coisas...
para a cambada anti-comunista do costume, que por tudo e por nada fala dos modelos nórdicos e em demais paraísos, >aqui< vai.
Thursday, September 07, 2006
este é um império solidário!
Como julgo que não é necessário fingir que se reinventa diária e constantemente aquilo que já foi dito, aqui ficam algumas palavras que, embora não tenham sido escritas em sede do império, bem o poderiam ter sido. Agradeço a um amigo que as postou no transbolivariano.
um recado, para os indignados, paladinos do bolorento carinho e caridade parasitários: qualquer dia, podem ser vocês na lista de terroristas dos Estados.
Terrorismo é aprisionar um povo inteiro, condenando-o à fome para satisfazer a ganância. Terrorismo é o capitalismo e o imperialismo norte-americano.
Viva a luta do povo colombiano!
Viva o Exército Popular das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia!
um recado, para os indignados, paladinos do bolorento carinho e caridade parasitários: qualquer dia, podem ser vocês na lista de terroristas dos Estados.
Terrorismo é aprisionar um povo inteiro, condenando-o à fome para satisfazer a ganância. Terrorismo é o capitalismo e o imperialismo norte-americano.
Viva a luta do povo colombiano!
Viva o Exército Popular das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia!
Monday, September 04, 2006
Regresso
Ainda eram mais que anteriores edições, os visitantes.
As jornadas de trabalho militante na festa do avante também cresceram.
A festa cresce de ano para ano e nem a rídicula campanha anti-festa dos média do grande capital conseguem contrariar a crescente simpatia entre o povo e a festa do PCP.
Ao capital esta festa incomoda, sem dúvida.
É um espinho único na sua roseira de quintal - a UE, tão bem podada pelos estados-membros lacaios.
É ali que velhos, crianças, homens, mulheres e jovens, operários, professores, reformados, intelectuais, camponeses, operários rurais, comerciantes, artesãos, se cruzam com olhares de fraternidade e palavras de amizade. É ali que, espontaneamente organizados, braços se irmanam em canções novas e antigas. É ali que reside a mais bela e sólida prova de que o colectivo não é apenas a soma dos indivíduos. É mais, bastante mais.
E é isso mesmo que não se pode saber, porque esconder esse poder da humanidade é garantir o poder do capital. É por isso que esta festa, só saberá conhecer quem a visitar, quem a acolher, porque as barreiras e as cortinas de ferro da comunicação social a desfiguram, a escondem.
Porque o culto do individualismo é a pedra de toque que importa manter sagrada. Porque ver a festa seria perceber que essa pedra afinal, não passa de banha da cobra.
E assim, recomeçamos.
E assim, transportando a energia das inspirações a plenos pulmões, que sorveram cada sorriso, voltamos ao império bárbaro.
As jornadas de trabalho militante na festa do avante também cresceram.
A festa cresce de ano para ano e nem a rídicula campanha anti-festa dos média do grande capital conseguem contrariar a crescente simpatia entre o povo e a festa do PCP.
Ao capital esta festa incomoda, sem dúvida.
É um espinho único na sua roseira de quintal - a UE, tão bem podada pelos estados-membros lacaios.
É ali que velhos, crianças, homens, mulheres e jovens, operários, professores, reformados, intelectuais, camponeses, operários rurais, comerciantes, artesãos, se cruzam com olhares de fraternidade e palavras de amizade. É ali que, espontaneamente organizados, braços se irmanam em canções novas e antigas. É ali que reside a mais bela e sólida prova de que o colectivo não é apenas a soma dos indivíduos. É mais, bastante mais.
E é isso mesmo que não se pode saber, porque esconder esse poder da humanidade é garantir o poder do capital. É por isso que esta festa, só saberá conhecer quem a visitar, quem a acolher, porque as barreiras e as cortinas de ferro da comunicação social a desfiguram, a escondem.
Porque o culto do individualismo é a pedra de toque que importa manter sagrada. Porque ver a festa seria perceber que essa pedra afinal, não passa de banha da cobra.
E assim, recomeçamos.
E assim, transportando a energia das inspirações a plenos pulmões, que sorveram cada sorriso, voltamos ao império bárbaro.
Wednesday, August 30, 2006
Friday, July 28, 2006
Intervalo
amigos,
o império bárbaro vai fazer um intervalinho de 15 dias, pode ser?
claro que ninguém tira férias ideológicas, mas pelo menos, não escreveremos nada de jeito por 15 dias. Vamos apagar inclusivamente o interruptor da escrita para não sermos forçados a sair do nosso estado feriante - o letárgico.
saudações e boas férias a todos e a todas.
o império bárbaro vai fazer um intervalinho de 15 dias, pode ser?
claro que ninguém tira férias ideológicas, mas pelo menos, não escreveremos nada de jeito por 15 dias. Vamos apagar inclusivamente o interruptor da escrita para não sermos forçados a sair do nosso estado feriante - o letárgico.
saudações e boas férias a todos e a todas.
Embuste Protocolar
Ora, para quem ainda aqui espreita após tão longa espera por prometido post sobre o Protocolo, aqui vão algumas reflexões.
Antes de mais, importaria deixar aqui uma advertência: questionar a teoria do aquecimento global e da poluição atmosférica como factor determinante das alterações climáticas não é negá-la, é antes apresentar as possíveis antíteses que tanto podem, efectivamente, destruir a tese, como, pelo contrário, reforçá-la.
Para quem anda atento a estas coisas terá reparado que os verdadeiros objectivos do chamado “Protocolo de Quioto” começam agora a fazer-se sentir. De um protocolo coberto pelo açúcar das boas intenções, começam agora a nascer problemas importantes, desequilíbrios inaceitáveis e teses imperialistas de dominação. Para quem alguma vez pensou que os Estados capitalistas teriam tido um rasgo de lucidez ecologista, começam agora a esfumar-se, certamente, algumas expectativas.
O que é hoje Quioto, na prática?
Quioto é um dos mais inteligentes mecanismos da manutenção das assimetrias inter-continentais e uma gigantesca máquina de produção de lucro especulativo. Um mercado bastardo e etéreo. Os fundos de carbono, as licenças de emissão, a transmissibilidade de licenças e as quotas por negociação, mais não são senão um regime semelhante às limitações de mercado impostas pela UE, por exemplo.
Todos sabemos que um país não pode passar da indústria sub-desenvolvida ou da agricultura de subsistência para a indústria pesada menos poluente. Assim, a limitação por quotas de emissão de Gases com Efeito Estufa (GEE) dependente também da capacidade de negociação dos Estados é uma malha que impede os países menos desenvolvidos de darem o passo da industrialização, essencial à rentabilização não colonial dos seus recursos naturais. Um Estado sub-sahariano, por exemplo, necessitará de indústria poluente durante pelo menos 3 ou 4 décadas para dar esse passo, enquanto que alguns estados europeus já dispõem de indústria menos poluente. Ora, o que se passa é que as quotas de emissão são distribuídas assimetricamente. Assim, os países menos desenvolvidos, mais pobres, mais afectados pela sobre-exploração, vêem-se obrigados a vender as suas licenças de emissão.
E assim, está montada a malha. Os ricos cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres. O mercado do carbono, como gentilmente agora lhe chamam é, por si só, uma aberração do capital. A aceitação tácita de uma teoria carregada de falhas – a do aquecimento global – tem conduzido a uma aceitação acrítica da instituição de um mercado para o qual todos os cidadãos acabam por contribuir. O aumento do preço dos combustíveis e de todos os bens de consumo, por exemplo, e principalmente nos países que adquirem licenças de emissão, contém uma parcela correspondente à compra dessa mesma licença… e quem a paga? O utente, o consumidor.
O capital tem perfeita noção de que existem dois grandes mundos a dominar urgentemente. Aquilo a que as suas vozes assumem despudoradamente como “os mercados do futuro”: a Natureza e a saúde.
Na Natureza incluem-se naturalmente dois grandes vectores de mercado: água potável e ar respirável.
Não é por nada que estes são os “mercados do futuro”. É exactamente pela estrita e incontornável necessidade que a Humanidade tem de lhes recorrer. Escusado será explicar porquê.
Por último, que outros objectivos tem Quioto servido? Obviamente, os interesses do nuclear.
O capital tem como objectivo rentabilizar tudo, incluindo as tecnologias. Sendo que o nuclear de fissão é uma tecnologia que se encontra próxima do fim da sua vida, importa potenciar a sua capacidade lucrativa urgentemente;
A fissão nuclear é a oportunidade de ouro para conter por mais alguns anos o aparecimento de energia barata e universal, por fusão nuclear.
Quioto é a pedra de toque do capital na sua senda pela implementação da energia pela fissão nuclear. De forma profundamente ignóbil e desonesta, o capital vai fundamentando a necessidade de recorrer ao nuclear como produção de energia sem emissão de GEE – o que, por si, é mentira. O capital pura e simplesmente oblitera cada um dos problemas advenientes da utilização desta tecnologia. Esconde o problema dos resíduos, esconde o problema ambiental da exploração de urânio, esconde a probabilidade inevitável das falhas dos reactores, etc. Para o capital, quioto tem sido o melhor aliado na luta pela fissão nuclear. Acenando com o fim dos combustíveis fósseis, com as alterações climáticas e com o desmantelamento das centrais termo-eléctricas, o capital vai consolidando a sua agenda nuclear.
Nada melhor para calar esses activistas anti-nuclear que dizer-lhes que é isso ou o aquecimento global…
Antes de mais, importaria deixar aqui uma advertência: questionar a teoria do aquecimento global e da poluição atmosférica como factor determinante das alterações climáticas não é negá-la, é antes apresentar as possíveis antíteses que tanto podem, efectivamente, destruir a tese, como, pelo contrário, reforçá-la.
Para quem anda atento a estas coisas terá reparado que os verdadeiros objectivos do chamado “Protocolo de Quioto” começam agora a fazer-se sentir. De um protocolo coberto pelo açúcar das boas intenções, começam agora a nascer problemas importantes, desequilíbrios inaceitáveis e teses imperialistas de dominação. Para quem alguma vez pensou que os Estados capitalistas teriam tido um rasgo de lucidez ecologista, começam agora a esfumar-se, certamente, algumas expectativas.
O que é hoje Quioto, na prática?
Quioto é um dos mais inteligentes mecanismos da manutenção das assimetrias inter-continentais e uma gigantesca máquina de produção de lucro especulativo. Um mercado bastardo e etéreo. Os fundos de carbono, as licenças de emissão, a transmissibilidade de licenças e as quotas por negociação, mais não são senão um regime semelhante às limitações de mercado impostas pela UE, por exemplo.
Todos sabemos que um país não pode passar da indústria sub-desenvolvida ou da agricultura de subsistência para a indústria pesada menos poluente. Assim, a limitação por quotas de emissão de Gases com Efeito Estufa (GEE) dependente também da capacidade de negociação dos Estados é uma malha que impede os países menos desenvolvidos de darem o passo da industrialização, essencial à rentabilização não colonial dos seus recursos naturais. Um Estado sub-sahariano, por exemplo, necessitará de indústria poluente durante pelo menos 3 ou 4 décadas para dar esse passo, enquanto que alguns estados europeus já dispõem de indústria menos poluente. Ora, o que se passa é que as quotas de emissão são distribuídas assimetricamente. Assim, os países menos desenvolvidos, mais pobres, mais afectados pela sobre-exploração, vêem-se obrigados a vender as suas licenças de emissão.
E assim, está montada a malha. Os ricos cada vez mais ricos, os pobres cada vez mais pobres. O mercado do carbono, como gentilmente agora lhe chamam é, por si só, uma aberração do capital. A aceitação tácita de uma teoria carregada de falhas – a do aquecimento global – tem conduzido a uma aceitação acrítica da instituição de um mercado para o qual todos os cidadãos acabam por contribuir. O aumento do preço dos combustíveis e de todos os bens de consumo, por exemplo, e principalmente nos países que adquirem licenças de emissão, contém uma parcela correspondente à compra dessa mesma licença… e quem a paga? O utente, o consumidor.
O capital tem perfeita noção de que existem dois grandes mundos a dominar urgentemente. Aquilo a que as suas vozes assumem despudoradamente como “os mercados do futuro”: a Natureza e a saúde.
Na Natureza incluem-se naturalmente dois grandes vectores de mercado: água potável e ar respirável.
Não é por nada que estes são os “mercados do futuro”. É exactamente pela estrita e incontornável necessidade que a Humanidade tem de lhes recorrer. Escusado será explicar porquê.
Por último, que outros objectivos tem Quioto servido? Obviamente, os interesses do nuclear.
O capital tem como objectivo rentabilizar tudo, incluindo as tecnologias. Sendo que o nuclear de fissão é uma tecnologia que se encontra próxima do fim da sua vida, importa potenciar a sua capacidade lucrativa urgentemente;
A fissão nuclear é a oportunidade de ouro para conter por mais alguns anos o aparecimento de energia barata e universal, por fusão nuclear.
Quioto é a pedra de toque do capital na sua senda pela implementação da energia pela fissão nuclear. De forma profundamente ignóbil e desonesta, o capital vai fundamentando a necessidade de recorrer ao nuclear como produção de energia sem emissão de GEE – o que, por si, é mentira. O capital pura e simplesmente oblitera cada um dos problemas advenientes da utilização desta tecnologia. Esconde o problema dos resíduos, esconde o problema ambiental da exploração de urânio, esconde a probabilidade inevitável das falhas dos reactores, etc. Para o capital, quioto tem sido o melhor aliado na luta pela fissão nuclear. Acenando com o fim dos combustíveis fósseis, com as alterações climáticas e com o desmantelamento das centrais termo-eléctricas, o capital vai consolidando a sua agenda nuclear.
Nada melhor para calar esses activistas anti-nuclear que dizer-lhes que é isso ou o aquecimento global…
Wednesday, July 12, 2006
O Protocolo de Quioto, o que é?
O dogma, representando uma cristalização estática em torno de uma posição, é o principal inimigo do avanço científico. O rumo da ciência e do conhecimento só conhece passos em frente quando a lógica do homem assenta na dialéctica.
A teoria não é lei e mesmo a lei é mutável. As leis são as fórmulas que determinam o melhor modelo de interpretação da natureza pelo homem. Posto isto, espero que o texto seguinte não seja para o leitor uma ilustração de demência, mas antes, uma demonstração de racionalidade e da importância da dúvida enquanto motor do progresso.
Está enraizado, nos dias de hoje, o modelo de simulação climatológica com base na lógica directa da proporcionalidade entre a concentração atmosférica de anidrido carbónico (CO2) e outros gases com “efeito estufa”. Parece certo que o aumento da concentração de gases na atmosfera terrestre, aumenta a densidade atmosférica e, como consequência, o número de partículas capaz de vibrar, produzindo calor. No entanto, a temperatura média anual global não varia na exclusiva proporção a essa variável e há que, portanto, interrogar qual o peso dessa componente. Diversos trabalhos têm sido assim realizados: tentando compreender qual a influência da actividade antrópica na emissão de gases e, por sua vez, qual a influência dessas emissões no clima.
Para isso, questionar o dogma das alterações climáticas como causa da emissão de gases com efeito estufa é um passo essencial. Escusar-me-ei, por todos os motivos, a ilustrar cientificamente a dúvida, deixando aqui algumas sugestões de leitura para o fazer bem melhor:
http://www.cato.org/pubs/regulation/reg15n2j.html
http://www.resistir.info/climatologia/lindzen_rev2.html
http://www.john-daly.com/hockey/hockey.htm
http://www.resistir.info/climatologia/falsificacao_da_historia_climatica.html
http://www.resistir.info/climatologia/impostura_cientifica.html
http://www.revuefusion.com/images/Art_095_36.pdf
Deixo, por isso, aquilo que julgo caber-me. A dúvida.
Protocolo de Quioto… o que é?
Deixo a dúvida, mais tarde, darei o que considero ser uma possível resposta.
A teoria não é lei e mesmo a lei é mutável. As leis são as fórmulas que determinam o melhor modelo de interpretação da natureza pelo homem. Posto isto, espero que o texto seguinte não seja para o leitor uma ilustração de demência, mas antes, uma demonstração de racionalidade e da importância da dúvida enquanto motor do progresso.
Está enraizado, nos dias de hoje, o modelo de simulação climatológica com base na lógica directa da proporcionalidade entre a concentração atmosférica de anidrido carbónico (CO2) e outros gases com “efeito estufa”. Parece certo que o aumento da concentração de gases na atmosfera terrestre, aumenta a densidade atmosférica e, como consequência, o número de partículas capaz de vibrar, produzindo calor. No entanto, a temperatura média anual global não varia na exclusiva proporção a essa variável e há que, portanto, interrogar qual o peso dessa componente. Diversos trabalhos têm sido assim realizados: tentando compreender qual a influência da actividade antrópica na emissão de gases e, por sua vez, qual a influência dessas emissões no clima.
Para isso, questionar o dogma das alterações climáticas como causa da emissão de gases com efeito estufa é um passo essencial. Escusar-me-ei, por todos os motivos, a ilustrar cientificamente a dúvida, deixando aqui algumas sugestões de leitura para o fazer bem melhor:
http://www.cato.org/pubs/regulation/reg15n2j.html
http://www.resistir.info/climatologia/lindzen_rev2.html
http://www.john-daly.com/hockey/hockey.htm
http://www.resistir.info/climatologia/falsificacao_da_historia_climatica.html
http://www.resistir.info/climatologia/impostura_cientifica.html
http://www.revuefusion.com/images/Art_095_36.pdf
Deixo, por isso, aquilo que julgo caber-me. A dúvida.
Protocolo de Quioto… o que é?
Deixo a dúvida, mais tarde, darei o que considero ser uma possível resposta.
Thursday, June 22, 2006
Burocratas há muitos!
Por diversas vezes ao longo da história, os comunistas têm sido apelidados de “burocratas”. Embora esta acusação seja essencialmente fruto do chorrilho de histeria anticomunista por alturas da experiência soviética, ela tem-se mantido ainda hoje.
Nesta acusação, como aliás em muitas outras, confluem as opiniões de trotskyistas, anarquistas e, ultimamente em Portugal, também dos auto-proclamados ex-Estalinistas. Claro que, em outras acusações, porventura mais importantes no que toca ao posicionamento das forças políticas no tabuleiro da luta de classes, estes três referidos apêndices resquiciais da influência capitalista nos movimentos de esquerda e populares convergem ainda com as grandes forças mais reaccionárias e mais conservadoras da sociedade.
Claro está que, quando toca à defesa dos privilégios da burguesia, esquerdistas, pseudo-radicais e direita dão as mãos numa união capaz de enternecer um rochedo.
Mas, de volta à acusação de burocracia.
Diz-nos esta palavra, pela sua análise etimológica e pela sua decomposição em radicais que o burocrata é aquele que utiliza a força (do grego, krátos) pela via do gabinete (escritório – do francês, bureau). Ora, não me motiva aqui hoje a desmontagem do discurso anticomunista do passado, mas sim o do presente.
Vejamos onde se encontram hoje muitos dos trotskyistas portugueses da antiga LCI e do PSR, muitos dos Estalinistas da UDP, muitos auto-proclamados anarco-guevaristas e outras invenções do género. Encontrá-los-emos no saco de gatos político-partidário-movimentista-situacionista-oportunista-anticomunista que é o bloco de esquerda. São estes mesmos senhores que apelidam recorrentemente os comunistas de burocratas.
Ora, recentemente, tivemos duas boas provas no nosso país que evidenciaram o binómio antagonista burocracia / democracia (novamente, peço que entendam aqui democracia como a tal laocracia a que me refiro aqui).
A chamada “lei da paridade”.
A alteração à “lei eleitoral” – limitação de mandatos.
Curiosamente, o bloco não temeu qualquer acusação de burocrata, porque se há ciência que este grupelho domina é a do oportunismo, na qual, aliás, seus membros devem ter formação avançada. Claro que o bloco sabe perfeitamente que tem sempre a comunicação social do seu lado, pelo menos não atacando, e neste caso, gozava ainda do facto de ser capachinho do PS mais retrógrado dos últimos anos.
Mas o que têm estas leis? Estas leis são imposições burocráticas directas à liberdade de eleger e ser eleito, constitucionalmente garantidas. Esta é uma típica demonstração de como o bloco conceptualiza as massas. Para o bloco de esquerda, o povo é apenas uma massa de irracionais e brutos, para quem são necessárias leis que digam em quem não se pode votar. Para o bloco, o povo é apenas uma massa acéfala, sendo que o bloco e principalmente o Louça são a central nevrálgica, o cérebro a bem-dizer. É no seio deste partido que todas as operações sinápticas se dão.
É neste sentido que o bloco apoia ferverosamente estas limitações às liberdades e direitos dos cidadãos portugueses, querendo impedir os partidos e os cidadãos que não partilhem das mesmas premissas que os iluminados de se candidatarem a cargos públicos. Ou seja, para o bloco, o povo não tem capacidade de escolher, portanto, o bloco escolhe.
Burocractas? O que não conseguem resolver nas urnas querem resolver por força de leis aprovadas longe dos cidadãos, aproveitando e cavalgando ondas demagógicas ao estilo da direita populista.
Impor por força de lei que todas as listas incluem pelo menos um terço de cada sexo na sua composição não é mais que aplicar uma visão mistificada da política e das relações humanas e de produção, esquecer o conceito de classe e desviar a resolução de um problema sério para a esfera do oportunismo. Impor por força de lei que esta ou aquela pessoa não pode candidatar-se porque já lá esteve tempo demais é contribuir para reforçar dois grandes vectores da acção de mistificação do sistema capitalista e dos partidos seus sustentáculos.
I. a corrupção é uma característica humana que grassa independentemente de convicções políticas, formas de exercício de poder e da classe.
II. a corrupção e má-gestão, a relação entre cidadão e exercício do poder são independentes dos partidos em cujas listas se inseria o cidadão e, por consequência, independentes das ideologias seguidas por cada partido e pelas formas de funcionamento deste.
Ora, em boa análise, ambos os anteriores vectores concorrem para um mesmo ponto: o da ilibação dos partidos das tropelias, corrupções e outros atropelos à democracia que por aí se praticam. Os comunistas já entenderam que não há avanços democráticos que advenham da secretaria. Os comunistas não concordam com os parasitas do poder local, por isso lutam com as populações no sentido da consciencialização das massas para um voto diferente. O bloco poupa-se ao trabalho de sapa, o bloco apoia leis que lhe tirem os obstáculos da frente. Em vez de se empenhar na queda do Alberto com as massas, os jovens, as mulheres e os homens da Madeira, que dá trabalho, o bloco defende que se aplique uma lei que o impede de candidatar-se no futuro. Sai ileso o PSD, saem desmobilizados os cidadãos madeirenses. Sai um sorriso de Louçã nos jornais.
Nesta acusação, como aliás em muitas outras, confluem as opiniões de trotskyistas, anarquistas e, ultimamente em Portugal, também dos auto-proclamados ex-Estalinistas. Claro que, em outras acusações, porventura mais importantes no que toca ao posicionamento das forças políticas no tabuleiro da luta de classes, estes três referidos apêndices resquiciais da influência capitalista nos movimentos de esquerda e populares convergem ainda com as grandes forças mais reaccionárias e mais conservadoras da sociedade.
Claro está que, quando toca à defesa dos privilégios da burguesia, esquerdistas, pseudo-radicais e direita dão as mãos numa união capaz de enternecer um rochedo.
Mas, de volta à acusação de burocracia.
Diz-nos esta palavra, pela sua análise etimológica e pela sua decomposição em radicais que o burocrata é aquele que utiliza a força (do grego, krátos) pela via do gabinete (escritório – do francês, bureau). Ora, não me motiva aqui hoje a desmontagem do discurso anticomunista do passado, mas sim o do presente.
Vejamos onde se encontram hoje muitos dos trotskyistas portugueses da antiga LCI e do PSR, muitos dos Estalinistas da UDP, muitos auto-proclamados anarco-guevaristas e outras invenções do género. Encontrá-los-emos no saco de gatos político-partidário-movimentista-situacionista-oportunista-anticomunista que é o bloco de esquerda. São estes mesmos senhores que apelidam recorrentemente os comunistas de burocratas.
Ora, recentemente, tivemos duas boas provas no nosso país que evidenciaram o binómio antagonista burocracia / democracia (novamente, peço que entendam aqui democracia como a tal laocracia a que me refiro aqui).
A chamada “lei da paridade”.
A alteração à “lei eleitoral” – limitação de mandatos.
Curiosamente, o bloco não temeu qualquer acusação de burocrata, porque se há ciência que este grupelho domina é a do oportunismo, na qual, aliás, seus membros devem ter formação avançada. Claro que o bloco sabe perfeitamente que tem sempre a comunicação social do seu lado, pelo menos não atacando, e neste caso, gozava ainda do facto de ser capachinho do PS mais retrógrado dos últimos anos.
Mas o que têm estas leis? Estas leis são imposições burocráticas directas à liberdade de eleger e ser eleito, constitucionalmente garantidas. Esta é uma típica demonstração de como o bloco conceptualiza as massas. Para o bloco de esquerda, o povo é apenas uma massa de irracionais e brutos, para quem são necessárias leis que digam em quem não se pode votar. Para o bloco, o povo é apenas uma massa acéfala, sendo que o bloco e principalmente o Louça são a central nevrálgica, o cérebro a bem-dizer. É no seio deste partido que todas as operações sinápticas se dão.
É neste sentido que o bloco apoia ferverosamente estas limitações às liberdades e direitos dos cidadãos portugueses, querendo impedir os partidos e os cidadãos que não partilhem das mesmas premissas que os iluminados de se candidatarem a cargos públicos. Ou seja, para o bloco, o povo não tem capacidade de escolher, portanto, o bloco escolhe.
Burocractas? O que não conseguem resolver nas urnas querem resolver por força de leis aprovadas longe dos cidadãos, aproveitando e cavalgando ondas demagógicas ao estilo da direita populista.
Impor por força de lei que todas as listas incluem pelo menos um terço de cada sexo na sua composição não é mais que aplicar uma visão mistificada da política e das relações humanas e de produção, esquecer o conceito de classe e desviar a resolução de um problema sério para a esfera do oportunismo. Impor por força de lei que esta ou aquela pessoa não pode candidatar-se porque já lá esteve tempo demais é contribuir para reforçar dois grandes vectores da acção de mistificação do sistema capitalista e dos partidos seus sustentáculos.
I. a corrupção é uma característica humana que grassa independentemente de convicções políticas, formas de exercício de poder e da classe.
II. a corrupção e má-gestão, a relação entre cidadão e exercício do poder são independentes dos partidos em cujas listas se inseria o cidadão e, por consequência, independentes das ideologias seguidas por cada partido e pelas formas de funcionamento deste.
Ora, em boa análise, ambos os anteriores vectores concorrem para um mesmo ponto: o da ilibação dos partidos das tropelias, corrupções e outros atropelos à democracia que por aí se praticam. Os comunistas já entenderam que não há avanços democráticos que advenham da secretaria. Os comunistas não concordam com os parasitas do poder local, por isso lutam com as populações no sentido da consciencialização das massas para um voto diferente. O bloco poupa-se ao trabalho de sapa, o bloco apoia leis que lhe tirem os obstáculos da frente. Em vez de se empenhar na queda do Alberto com as massas, os jovens, as mulheres e os homens da Madeira, que dá trabalho, o bloco defende que se aplique uma lei que o impede de candidatar-se no futuro. Sai ileso o PSD, saem desmobilizados os cidadãos madeirenses. Sai um sorriso de Louçã nos jornais.
Wednesday, June 21, 2006
A Destruição do Ser na Educação de Massas - parte II
Dizia então que urge desmascarar a linguagem do grande capital no que toca à educação, pois ela é apenas mais uma expressão da forte ofensiva contra a emancipação dos trabalhadores de todo o mundo. Ofensiva que, no que toca à Educação, tem como principal objectivo a destruição do Ser humano enquanto tal. De acordo com os desígnios do capitalismo, Ser é algo que ficará ao alcance apenas da elite, o que aliás, já hoje se vem verificando.
O Processo de Bolonha é um óptimo exemplo de estratégia capitalista. A forma como tem sido propulsionado, propagandeado e implementado está repleta dos já habituais malabarismos retóricos do poder capitalista, com o apoio incondicional dos Estados submissos à sua lógica.
O chamado Processo de Bolonha não é mais que um plano de internacionalização do ensino enquanto mercado e enquanto fonte de mão-de-obra para o mercado. A formação do Homem, da Mulher, é esquecida. A grande questão passa a ser a sua empregabilidade, a sua competitividade, conceitos tão vagos quanto o necessário para justificar em novo léxico as velhas aspirações d patronato.
O que é a destruição do Ser?
O Ser humano, os homens, as mulheres, os jovens, distinguem-se dos animais essencialmente pela capacidade de trabalhar recorrendo a ferramentas, que radica no facto de serem capazes de efectuar um desenvolvimento do conhecimento que adquirem bastante superior àquilo que se verifica nos outros animais. Assim, biologicamente, somos diferentes porque a nossa adaptação ao meio estagnou anatomicamente e passou a fazer-se intelectualmente. Ou seja, estagnámos no curso evolutivo, porque as ferramentas que criamos são a nossa adaptação ao meio. Os outros animais, adaptam o seu próprio corpo às novas condições, o polegar oponível possibilitou-nos a manutenção da forma física, adaptando a ferramenta. O desenvolvimento da ferramenta, seja ela física, informática ou intelectual, é fruto do desenvolvimento do conhecimento. O desenvolvimento do Ser Humano está interligado com esta capacidade de interpretar para além de executar. O Homem, na plenitude do termo, é um ser que pode saber enroscar um parafuso, mas o essencial é que o homem compreende porque é que o parafuso enrosca neste sentido e não no outro.
Se, de futuro, o Homem passar a aprender exclusivamente a enroscar o parafuso, sem entender o porquê da operação, então, uma parte significativo daquilo que o faz humano, está castrada. O seu Ser está debilitado.
A destruição do Ser é o mecanismo do capital para manter as massas em condição submissa e incapaz de reivindicar, incapaz de compreender as relações de produção tanto quanto será incapaz de entender as leis da física ou a evolução da filosofia. Resguardar a formação avançada, ou seja, o conhecimento, aos que podem pagá-lo é a garantia do capital de que o conhecimento estará sempre e prolongadamente ao seu serviço. A criação de novos contingentes de máquinas humanas é uma condição para o avanço que o capitalismo almeja de momento. A elite detém o conhecimento, as massas, apenas as competências.
Como é que Bolonha determina uma maior elitização do Ensino Superior?
Se Bolonha orienta o Ensino Superior num conjunto de países para um espaço europeu, vários problemas se colocam:
A chamada “Fronteira Tecnológica” – à luz da lógica mercantilista e economicista do capital e dos seus centros de decisão, a economia de escala é um requisito para o sucesso de qualquer sistema, para qualquer rede de meios que sustente um sistema produtivo. Ora, para o capital, como para a actual Europa (com dignas excepções como a Bielorrússia), o Ensino é um óptimo mercado, no qual os sistemas educativos são a rede de meios de produção. Sendo o Ensino um mercado gigantesco, bem como um poderoso meio para o controlo ideológico de massas, importa aplicar-lhe as regras básicas do capital e dos seus mercados – diminuição de custos, aumento de lucros. A fronteira tecnológica é o eixo Alemanha, França, Holanda e Inglaterra, centro de concentração de meios educativos e científicos.
A gestão de recursos no sentido da diminuição de custos, alargando a escala, significa directamente, economia de escala num novo universo – o espaço capitalista europeu. Isto significa que, para o capital e os seus estados, passará a ser ridículo manter diversidade na formação nos diversos estados. A concentração de meios dispendiosos é bastante mais racional que a sua desconcentração. Assim, seria impensável manter centros de investigação científica de vanguarda, ou mesmo universidades, em cada país, incluindo aqueles onde o tecido produtivo se baseia nos serviços e na construção civil, como é o caso de Portugal. Seria impensável para o capital, a ideia de sustentar múltiplos centros de excelência em múltiplos países. O capital tem estratégia internacional e ela é, sempre, contrária à vontade dos povos. Assim, aquilo que o povo português quer de Portugal, não é certamente o mesmo que o capital transnacional deseja. Neste sentido, para países de mão-de-obra barata, pouca formação.
A concentração dos meios será feita, obviamente, onde se verificar menos dispendiosa e mais capaz de gerar lucro – é aí que surge a Fronteira Tecnológica. Nome bonito para “Grandes Estados da Federação Europeia”.
A parte I deste post motivou, no entanto, legítimas dúvidas em torno da Educação por competências. A parte III aí irá e o modelo de Ensino supostamente defendido por Bolonha será o mote.
O Processo de Bolonha é um óptimo exemplo de estratégia capitalista. A forma como tem sido propulsionado, propagandeado e implementado está repleta dos já habituais malabarismos retóricos do poder capitalista, com o apoio incondicional dos Estados submissos à sua lógica.
O chamado Processo de Bolonha não é mais que um plano de internacionalização do ensino enquanto mercado e enquanto fonte de mão-de-obra para o mercado. A formação do Homem, da Mulher, é esquecida. A grande questão passa a ser a sua empregabilidade, a sua competitividade, conceitos tão vagos quanto o necessário para justificar em novo léxico as velhas aspirações d patronato.
O que é a destruição do Ser?
O Ser humano, os homens, as mulheres, os jovens, distinguem-se dos animais essencialmente pela capacidade de trabalhar recorrendo a ferramentas, que radica no facto de serem capazes de efectuar um desenvolvimento do conhecimento que adquirem bastante superior àquilo que se verifica nos outros animais. Assim, biologicamente, somos diferentes porque a nossa adaptação ao meio estagnou anatomicamente e passou a fazer-se intelectualmente. Ou seja, estagnámos no curso evolutivo, porque as ferramentas que criamos são a nossa adaptação ao meio. Os outros animais, adaptam o seu próprio corpo às novas condições, o polegar oponível possibilitou-nos a manutenção da forma física, adaptando a ferramenta. O desenvolvimento da ferramenta, seja ela física, informática ou intelectual, é fruto do desenvolvimento do conhecimento. O desenvolvimento do Ser Humano está interligado com esta capacidade de interpretar para além de executar. O Homem, na plenitude do termo, é um ser que pode saber enroscar um parafuso, mas o essencial é que o homem compreende porque é que o parafuso enrosca neste sentido e não no outro.
Se, de futuro, o Homem passar a aprender exclusivamente a enroscar o parafuso, sem entender o porquê da operação, então, uma parte significativo daquilo que o faz humano, está castrada. O seu Ser está debilitado.
A destruição do Ser é o mecanismo do capital para manter as massas em condição submissa e incapaz de reivindicar, incapaz de compreender as relações de produção tanto quanto será incapaz de entender as leis da física ou a evolução da filosofia. Resguardar a formação avançada, ou seja, o conhecimento, aos que podem pagá-lo é a garantia do capital de que o conhecimento estará sempre e prolongadamente ao seu serviço. A criação de novos contingentes de máquinas humanas é uma condição para o avanço que o capitalismo almeja de momento. A elite detém o conhecimento, as massas, apenas as competências.
Como é que Bolonha determina uma maior elitização do Ensino Superior?
Se Bolonha orienta o Ensino Superior num conjunto de países para um espaço europeu, vários problemas se colocam:
A chamada “Fronteira Tecnológica” – à luz da lógica mercantilista e economicista do capital e dos seus centros de decisão, a economia de escala é um requisito para o sucesso de qualquer sistema, para qualquer rede de meios que sustente um sistema produtivo. Ora, para o capital, como para a actual Europa (com dignas excepções como a Bielorrússia), o Ensino é um óptimo mercado, no qual os sistemas educativos são a rede de meios de produção. Sendo o Ensino um mercado gigantesco, bem como um poderoso meio para o controlo ideológico de massas, importa aplicar-lhe as regras básicas do capital e dos seus mercados – diminuição de custos, aumento de lucros. A fronteira tecnológica é o eixo Alemanha, França, Holanda e Inglaterra, centro de concentração de meios educativos e científicos.
A gestão de recursos no sentido da diminuição de custos, alargando a escala, significa directamente, economia de escala num novo universo – o espaço capitalista europeu. Isto significa que, para o capital e os seus estados, passará a ser ridículo manter diversidade na formação nos diversos estados. A concentração de meios dispendiosos é bastante mais racional que a sua desconcentração. Assim, seria impensável manter centros de investigação científica de vanguarda, ou mesmo universidades, em cada país, incluindo aqueles onde o tecido produtivo se baseia nos serviços e na construção civil, como é o caso de Portugal. Seria impensável para o capital, a ideia de sustentar múltiplos centros de excelência em múltiplos países. O capital tem estratégia internacional e ela é, sempre, contrária à vontade dos povos. Assim, aquilo que o povo português quer de Portugal, não é certamente o mesmo que o capital transnacional deseja. Neste sentido, para países de mão-de-obra barata, pouca formação.
A concentração dos meios será feita, obviamente, onde se verificar menos dispendiosa e mais capaz de gerar lucro – é aí que surge a Fronteira Tecnológica. Nome bonito para “Grandes Estados da Federação Europeia”.
A parte I deste post motivou, no entanto, legítimas dúvidas em torno da Educação por competências. A parte III aí irá e o modelo de Ensino supostamente defendido por Bolonha será o mote.
Friday, June 16, 2006
Medonho Correio
Pronto.
Eu não consigo mais passar naquele café se não fizer isto hoje aqui.
Não é meu hábito escrever textos de maledicência directamente dirigidos a um indivíduo específico. Mas de hoje não passa.
Eu sou daqueles infelizes que, na sua ida para o trabalho, tem o hábito de parar num tasco e beber o café para acordar. Infeliz, não pela qualidade do tasco, que a tem toda para merecer semelhante epíteto, mas pela reduzida escolha jornalística que oferece. É que este tasco só tem dois jornais pela manhã, que são os mesmo que tem pela tarde.
Assim, todas as manhãs passo os olhos no Correio da Manhã e, três vezes por semana, posso regalá-los no Setubalense.
E não há um único dia em que não venham os restos do jantar do dia anterior à boca ao passar os olhos naquele jornal de sarjeta, que é o que aquilo é.
Claro que todo o jornal é uma náusea, desde os desenhos dos pretos que assaltam crianças, até à forma como tratam os assuntos da política nacional, passando pelas primeiras páginas que mais não são senão propaganda anti-democrática e anti-parlamentar.
Mas, confesso, se tudo isso me enoja, é, simultaneamente, algo que compreendo. Aquele "jornal", a sua direcção e edição estão a cumprir o seu papel. Por isso é que tenho nutrido um ódio especial por um anormal que escreve na última página. Dá pelo nome de Ferreira Fernandes e deve ter um daqueles cursos superiores em TUDO.
Ele dá aulas de ética e moral, desporto, política, economia, religião e por aí fora, sem limites nem barreiras que o possam calar. Ora este energúmeno fala de tudo com tal displicência que juro que é das poucas pessoas a quem me apetece bater, mas bater mesmo.
Este senhor julga que pode dizer o que quiser de quem quiser, dando-se ao luxo de insultar os mortos, fazendo-se valer duma sapiência de algibeira que foi buscar aos filmes do hollywood.
Tirem esse homem daí, o CM não precisa de ir tão baixo para ser mau... a sério, ganham o prémio de melhor papel higiénico para suínos mesmo sem o Ferreira Fernandes.
Eu não consigo mais passar naquele café se não fizer isto hoje aqui.
Não é meu hábito escrever textos de maledicência directamente dirigidos a um indivíduo específico. Mas de hoje não passa.
Eu sou daqueles infelizes que, na sua ida para o trabalho, tem o hábito de parar num tasco e beber o café para acordar. Infeliz, não pela qualidade do tasco, que a tem toda para merecer semelhante epíteto, mas pela reduzida escolha jornalística que oferece. É que este tasco só tem dois jornais pela manhã, que são os mesmo que tem pela tarde.
Assim, todas as manhãs passo os olhos no Correio da Manhã e, três vezes por semana, posso regalá-los no Setubalense.
E não há um único dia em que não venham os restos do jantar do dia anterior à boca ao passar os olhos naquele jornal de sarjeta, que é o que aquilo é.
Claro que todo o jornal é uma náusea, desde os desenhos dos pretos que assaltam crianças, até à forma como tratam os assuntos da política nacional, passando pelas primeiras páginas que mais não são senão propaganda anti-democrática e anti-parlamentar.
Mas, confesso, se tudo isso me enoja, é, simultaneamente, algo que compreendo. Aquele "jornal", a sua direcção e edição estão a cumprir o seu papel. Por isso é que tenho nutrido um ódio especial por um anormal que escreve na última página. Dá pelo nome de Ferreira Fernandes e deve ter um daqueles cursos superiores em TUDO.
Ele dá aulas de ética e moral, desporto, política, economia, religião e por aí fora, sem limites nem barreiras que o possam calar. Ora este energúmeno fala de tudo com tal displicência que juro que é das poucas pessoas a quem me apetece bater, mas bater mesmo.
Este senhor julga que pode dizer o que quiser de quem quiser, dando-se ao luxo de insultar os mortos, fazendo-se valer duma sapiência de algibeira que foi buscar aos filmes do hollywood.
Tirem esse homem daí, o CM não precisa de ir tão baixo para ser mau... a sério, ganham o prémio de melhor papel higiénico para suínos mesmo sem o Ferreira Fernandes.
Monday, June 05, 2006
A destruição do Ser na Educação de massas - parte I
A educação preenche um lugar insubstituível nas sociedades humanas, na construção da sua história e na estruturação das relações entre os homens. A educação de massas é, por isso, talvez o mais potente instrumento de controlo de massas, como pode ser o mais poderoso dos instrumentos para a libertação.
A edificação de uma consciência humana está profundamente interligada com a educação e com a forma como se aprende e com o que se aprende. Daí que dominar os sistemas educativos de Estado e de Massas (desde as escolas de todos os graus, à produção literária, passando pelos meios de comunicação social) seja um passo determinante para a consolidação do poder do imperialismo e do capitalismo.
Condicionar a mente dos homens e das mulheres entre determinados parâmetros, reservando o conhecimento apenas a quem está intmamente ligado à subsistência do sistema é um passo primordial.
Vem isto a propósito do novo chavão da direita para justificar todo o ataque dirigido ao sistema educativo português: "deixar de basear a educação na transmissão de conhecimentos e passar a desenvolvê-la com o objectivo da aquisição de competências".
Importa desmontar esta frase aparentemente inócua.
A superação colectiva do actual estado social passa pela construção progressiva de um Homem livre, consciente, pleno; numa relação paralela à evolução da sociedade. O Homem não será totalmente livre da exploração, enquanto não for capaz de basear o seu olhar numa análise científica, objectiva, mas também humanista e sensível. No entanto, o Homem não terá condições de criar um sistema que o forme nessas condições antes de suplantar o capitalismo e iniciar a construção de uma sociedade mais justa, socialista. Nesse sentido, a educação é condição para a libertação plena, mas a evolução social também é condição para a criação de um sistema de ensino humano e humanista. Maravilha da dialéctica esta.
Voltando à frase:
o conhecimento deve ser a base de qualquer competência, sob pena de se vir a estar perante um autómato e não de um ser pensante quando olharmos alguém que tenha adquirido bem as competências sem a sua base científica. Esta frase que agora nos é dada como a descoberta da nova fórmula educativa não representa mais que a velha forma pela qual o patrão ordena ao trabalhador a sua nova tarefa. O efeito prático desta "nova" fórmula já se avizinha com a aplicação do Processo de Bolonha e com as práticas pedagógicas distorcidas de grande parte do Ensino Profissional, exigindo que o estudante trabalhe sem remuneração e sem direitos de protecção no trabalho, sob o pretexto de que está a adquirir competências e a conhecer o mundo do trabalho. Ora, para conhecer o mundo do trabalho, resta toda uma vida de trabalhador àquele estudante, durante a qual poderá desenvolver as suas competências e a sua prática, as quais deve antes ser iniciadas no período de aprendizagem escolar.
Encarar a escola como uma simples ante-câmara do mundo do trabalho é destruir o conceito de escola e transformá-lo no de "oficina de aprendizes". A restauração da figura do aprendiz é, por isso mesmo, hoje um objectivo do capitalismo na Europa.
Um sistema de ensino que se dedique à formação de gerações individualistas, de jovens formatados e alienados do conhecimento e da produção cultural, artística e científica é um sistema de ensino morto na sua essência, passando a ser uma linha de montagem de trabalhadores sem direitos e com a sua capacidade de questionar num estado latente, inactiva.
É o sistema de Ensino do Capitalismo.
A edificação de uma consciência humana está profundamente interligada com a educação e com a forma como se aprende e com o que se aprende. Daí que dominar os sistemas educativos de Estado e de Massas (desde as escolas de todos os graus, à produção literária, passando pelos meios de comunicação social) seja um passo determinante para a consolidação do poder do imperialismo e do capitalismo.
Condicionar a mente dos homens e das mulheres entre determinados parâmetros, reservando o conhecimento apenas a quem está intmamente ligado à subsistência do sistema é um passo primordial.
Vem isto a propósito do novo chavão da direita para justificar todo o ataque dirigido ao sistema educativo português: "deixar de basear a educação na transmissão de conhecimentos e passar a desenvolvê-la com o objectivo da aquisição de competências".
Importa desmontar esta frase aparentemente inócua.
A superação colectiva do actual estado social passa pela construção progressiva de um Homem livre, consciente, pleno; numa relação paralela à evolução da sociedade. O Homem não será totalmente livre da exploração, enquanto não for capaz de basear o seu olhar numa análise científica, objectiva, mas também humanista e sensível. No entanto, o Homem não terá condições de criar um sistema que o forme nessas condições antes de suplantar o capitalismo e iniciar a construção de uma sociedade mais justa, socialista. Nesse sentido, a educação é condição para a libertação plena, mas a evolução social também é condição para a criação de um sistema de ensino humano e humanista. Maravilha da dialéctica esta.
Voltando à frase:
o conhecimento deve ser a base de qualquer competência, sob pena de se vir a estar perante um autómato e não de um ser pensante quando olharmos alguém que tenha adquirido bem as competências sem a sua base científica. Esta frase que agora nos é dada como a descoberta da nova fórmula educativa não representa mais que a velha forma pela qual o patrão ordena ao trabalhador a sua nova tarefa. O efeito prático desta "nova" fórmula já se avizinha com a aplicação do Processo de Bolonha e com as práticas pedagógicas distorcidas de grande parte do Ensino Profissional, exigindo que o estudante trabalhe sem remuneração e sem direitos de protecção no trabalho, sob o pretexto de que está a adquirir competências e a conhecer o mundo do trabalho. Ora, para conhecer o mundo do trabalho, resta toda uma vida de trabalhador àquele estudante, durante a qual poderá desenvolver as suas competências e a sua prática, as quais deve antes ser iniciadas no período de aprendizagem escolar.
Encarar a escola como uma simples ante-câmara do mundo do trabalho é destruir o conceito de escola e transformá-lo no de "oficina de aprendizes". A restauração da figura do aprendiz é, por isso mesmo, hoje um objectivo do capitalismo na Europa.
Um sistema de ensino que se dedique à formação de gerações individualistas, de jovens formatados e alienados do conhecimento e da produção cultural, artística e científica é um sistema de ensino morto na sua essência, passando a ser uma linha de montagem de trabalhadores sem direitos e com a sua capacidade de questionar num estado latente, inactiva.
É o sistema de Ensino do Capitalismo.
Tuesday, May 23, 2006
8º Congresso - Transformar o sonho em Vida!
Quem não viu, não terá o privilégio de guardar aqueles momentos na memória, mas terá um outro ainda mais importante: o de viver no mesmo espaço que aqueles jovens, sabendo que eles, aquelas centenas quase milhar, representantes de muitos outros mil, estão firmemente comprometidos com a luta do seu povo, da juventude a que pertencem, a portuguesa.
Eram mares as bandeiras e os punhos, ondulando firmes e levantados. Eram imensos as mentes a procurar caminhos, imensos como intensos os rumos traçados. Seguros, aqueles jovens, de que a sua luta ao lado dos trabalhadores e mesmo enquanto trabalhadores, será vitoriosa. Não nos restam dúvidas de que sim!
Bom trabalho!
Eram mares as bandeiras e os punhos, ondulando firmes e levantados. Eram imensos as mentes a procurar caminhos, imensos como intensos os rumos traçados. Seguros, aqueles jovens, de que a sua luta ao lado dos trabalhadores e mesmo enquanto trabalhadores, será vitoriosa. Não nos restam dúvidas de que sim!
Bom trabalho!
O complemento solidário de reforma para idosos - ou a fraude reaccionária contra idosos
Complemento solidário para idosos - Ora aqui está um nome pomposo para uma expressão que poderia ser melhor resumida na expressão: “os velhos que se danem”. O Governo, que já nos vai habituando às suas investidas contra os próprios que o elegeram, anunciou há pouco tempo a sua nova fórmula mágica para combater a pobreza nas camadas mais velhas da população. Quando, em campanha eleitoral, o actual Primeiro-Ministro sorria para os idosos prometendo-lhes que nenhum receberia valores de pensão abaixo dos 300€, todos, idosos e outros, pensávamos que o Engenheiro estava a prometer uma subida das pensões, uma medida positiva entre tantas, anunciadas nesse efusivo período de propaganda. Sinceramente, com tanto acumular de mentiras destes senhores, esperávamos já que esta fosse apenas mais uma patranha.
A visão da qual parte o Governo é a de que os idosos são uns gatunos, que importa controlar mais que os grandes grupos económicos. Além disso, o que era prometido começa a ser afinal uma promessa desfeita. Ao invés de fazer as pensões convergirem no sentido do salário mínimo nacional (ainda assim baixo), o governo mostra o respeito que não tem por quem trabalhou uma vida inteira e que vive agora em situações muito complicadas de miséria ou pobreza extrema. São centenas de milhar os idosos que precisam do Estado na garantia da sua subsistência. São muitos os que não têm dinheiro para aviar as receitas do médico.
Vai daí, em vez de aumentar, como dizia, as pensões, o governo decide implementar um complemento solidário, que mais é uma esmola caritária para idosos em situação de pobreza extrema. Curioso é o facto de que o PS propunha-se a tirar 300.000 idosos da pobreza e afinal só vai atribuir o complemento a 40.000 (cerca de 11% do prometido – num teste seria uma negativa medíocre e assustadora). Como se tal não bastasse, o governo decide, numa atitude a roçar tempos de outrora, bastante mais escuros e decadentes, contar com os rendimentos dos filhos destes idosos para fazer o cálculo e mesmo decidir do deferimento do complemento. Ora, a solidariedade a que o governo se refere é afinal um novo dever, não um novo direito, mas um novo dever: o dever dos trabalhadores passarem a ser responsáveis pelo seu próprio envelhecimento, mais pelo dos seus pais. Só disso não viria grande mal ao mundo… a questão central é que, no meio disto tudo o governo arranjou maneira de demitir o Estado dessa sua função central: a da protecção social.
Assim, o nosso magnífico executivo “socialista” vem introduzir mais um factor de desequilíbrio entre idosos: entre aqueles cujos filhos não se importam de divulgar os seus rendimentos e com esses ajudar os pais e entre aqueles, cujos filhos não querem sequer declarar os rendimentos e que, por isso, não poderão obter o tal complemento. Que divisão social é esta? Que diferença existe entre uns e outros idosos?
Outra questão que não deixa de me repugnar é a forma como o governo encara os idosos. Um pouco como parasitas ingratos e trapaceiros da sociedade portuguesa, o que é comprovado pelo vómito verbal de uma representante do governo na assembleia da república em reunião de comissão: “Vocês não fazem ideia dos esquemas e trapaças que os reformados do interior são capazes de fazer só para conseguir o complemento. As funcionárias da Seg. Social, como até sentem pena dos velhotes, ajudam-nos a obter a prestação.” Ora é esta concepção fascizante e anormal que os leva a impor um conjunto de documentos a apresentar mais uma multiplicidade de documentos e formulários a preencher para que um idoso possa requerer o complemento. Estamos todos convictos que, com a assustadora taxa de analfabetismo entre idosos, estas pessoas vão conseguir ultrapassar esta barreira burocrática com um sorriso. Aos trabalhadores o que é seu, seus gatunos!
“a solidariedade familiar não se impõe por decreto”
A visão da qual parte o Governo é a de que os idosos são uns gatunos, que importa controlar mais que os grandes grupos económicos. Além disso, o que era prometido começa a ser afinal uma promessa desfeita. Ao invés de fazer as pensões convergirem no sentido do salário mínimo nacional (ainda assim baixo), o governo mostra o respeito que não tem por quem trabalhou uma vida inteira e que vive agora em situações muito complicadas de miséria ou pobreza extrema. São centenas de milhar os idosos que precisam do Estado na garantia da sua subsistência. São muitos os que não têm dinheiro para aviar as receitas do médico.
Vai daí, em vez de aumentar, como dizia, as pensões, o governo decide implementar um complemento solidário, que mais é uma esmola caritária para idosos em situação de pobreza extrema. Curioso é o facto de que o PS propunha-se a tirar 300.000 idosos da pobreza e afinal só vai atribuir o complemento a 40.000 (cerca de 11% do prometido – num teste seria uma negativa medíocre e assustadora). Como se tal não bastasse, o governo decide, numa atitude a roçar tempos de outrora, bastante mais escuros e decadentes, contar com os rendimentos dos filhos destes idosos para fazer o cálculo e mesmo decidir do deferimento do complemento. Ora, a solidariedade a que o governo se refere é afinal um novo dever, não um novo direito, mas um novo dever: o dever dos trabalhadores passarem a ser responsáveis pelo seu próprio envelhecimento, mais pelo dos seus pais. Só disso não viria grande mal ao mundo… a questão central é que, no meio disto tudo o governo arranjou maneira de demitir o Estado dessa sua função central: a da protecção social.
Assim, o nosso magnífico executivo “socialista” vem introduzir mais um factor de desequilíbrio entre idosos: entre aqueles cujos filhos não se importam de divulgar os seus rendimentos e com esses ajudar os pais e entre aqueles, cujos filhos não querem sequer declarar os rendimentos e que, por isso, não poderão obter o tal complemento. Que divisão social é esta? Que diferença existe entre uns e outros idosos?
Outra questão que não deixa de me repugnar é a forma como o governo encara os idosos. Um pouco como parasitas ingratos e trapaceiros da sociedade portuguesa, o que é comprovado pelo vómito verbal de uma representante do governo na assembleia da república em reunião de comissão: “Vocês não fazem ideia dos esquemas e trapaças que os reformados do interior são capazes de fazer só para conseguir o complemento. As funcionárias da Seg. Social, como até sentem pena dos velhotes, ajudam-nos a obter a prestação.” Ora é esta concepção fascizante e anormal que os leva a impor um conjunto de documentos a apresentar mais uma multiplicidade de documentos e formulários a preencher para que um idoso possa requerer o complemento. Estamos todos convictos que, com a assustadora taxa de analfabetismo entre idosos, estas pessoas vão conseguir ultrapassar esta barreira burocrática com um sorriso. Aos trabalhadores o que é seu, seus gatunos!
“a solidariedade familiar não se impõe por decreto”
Tuesday, May 09, 2006
Suspensão de contributos
Estou em Atenas, a Helénica.
Por isso mesmo, os meus posts não aparecerão antes da próxima semana, provavelmente.
Desafio o mamute para tapar a lacuna provocada pela minha ausência involuntária.
Até breve.
A luta continua!
Por isso mesmo, os meus posts não aparecerão antes da próxima semana, provavelmente.
Desafio o mamute para tapar a lacuna provocada pela minha ausência involuntária.
Até breve.
A luta continua!
Wednesday, May 03, 2006
1 de Maio (sempre em tempo)
O mamutemorto atrasou-se na escrita sobre as comemorações da Revolução de Abril, mas esteve a tempo na participação e trabalho. Está, portanto, salvaguardado o atraso de tão oportuno texto.
Está agora em falta um não menos necessário texto sobre o dia do Trabalhador, dia em que Abril faz ainda mais sentido, dia aliás em que abril cresce até ser maio.
E neste primeiro dia de maio estiveram nas ruas os homens e as mulheres, comemorando aquilo que já não é só uma evocação de Haymarket, é a celebração da luta e a demonstração viva do confronto agudo de classes e da capacidade de evidenciar direitos dos trabalhadores. Direitos ofendidos, retirados, direitos esmagados, mas que não passam sem luta, mas que não ficarão para trás na construção do futuro.
Eram, segundo a polícia 30 mil. a polícia... outra polícia foi quem marcou este dia a sangue de operário em chicago, carregando sobre homens que queriam apenas um horário de trabalho digno de um ser humano. Mas eram, como dizia, segundo a polícia, 30 mil. 30 mil trabalhadores, homens, mulheres, jovens e até reformados. Eram mais, claro está. Eram os suficientes para encher a alameda universitária de lisboa enquanto ainda a marcha saía do estádio primeiro de maio. Mas eram mais. Eram mais uns quantos milhares por esse país a fora. Por onde houvesse um trabalhador. Foram muitas as marchas. os comícios. as votações. Foram muitos os jovens que participaram no seu primeiro primeiro de maio. muitos os trabalhadores que o voltaram a lembrar... em luta!
E a ofensiva não parará. Mas um dia cederá nas suas forças ilusoriamente e cairá às nossas mãos. Mas o que importa é que a resistência é mais forte, que a vida une cada vez mais trabalhadores. O que importa é saber que esta marcha não pára por um só dia, nem que seja feriado nacional. O que importa é saber que a direita, seja pelas trapaçarias do PS, seja pelas vergonhas do PSD, contará sempre com a resistência. Resistência da esquerda comunista. Mas acima de tudo, resistência dos que trabalham.
Está agora em falta um não menos necessário texto sobre o dia do Trabalhador, dia em que Abril faz ainda mais sentido, dia aliás em que abril cresce até ser maio.
E neste primeiro dia de maio estiveram nas ruas os homens e as mulheres, comemorando aquilo que já não é só uma evocação de Haymarket, é a celebração da luta e a demonstração viva do confronto agudo de classes e da capacidade de evidenciar direitos dos trabalhadores. Direitos ofendidos, retirados, direitos esmagados, mas que não passam sem luta, mas que não ficarão para trás na construção do futuro.
Eram, segundo a polícia 30 mil. a polícia... outra polícia foi quem marcou este dia a sangue de operário em chicago, carregando sobre homens que queriam apenas um horário de trabalho digno de um ser humano. Mas eram, como dizia, segundo a polícia, 30 mil. 30 mil trabalhadores, homens, mulheres, jovens e até reformados. Eram mais, claro está. Eram os suficientes para encher a alameda universitária de lisboa enquanto ainda a marcha saía do estádio primeiro de maio. Mas eram mais. Eram mais uns quantos milhares por esse país a fora. Por onde houvesse um trabalhador. Foram muitas as marchas. os comícios. as votações. Foram muitos os jovens que participaram no seu primeiro primeiro de maio. muitos os trabalhadores que o voltaram a lembrar... em luta!
E a ofensiva não parará. Mas um dia cederá nas suas forças ilusoriamente e cairá às nossas mãos. Mas o que importa é que a resistência é mais forte, que a vida une cada vez mais trabalhadores. O que importa é saber que esta marcha não pára por um só dia, nem que seja feriado nacional. O que importa é saber que a direita, seja pelas trapaçarias do PS, seja pelas vergonhas do PSD, contará sempre com a resistência. Resistência da esquerda comunista. Mas acima de tudo, resistência dos que trabalham.
Wednesday, April 26, 2006
Há flores que já brotaram, mas encherão ainda o mundo e nossas vidas
Na sua obra, O Capital, Marx apresenta um capítulo maravilhoso [Capítulo XI – nota do editor], o qual quero traduzir para a mais simples das linguagens, tão simples que possibilite até aos semi-letrados a sua compreensão, o capítulo sobre a cooperação, no qual Marx sustenta que o colectivo faz nascer uma nova força. Não é apenas o somatório de pessoas, nem tampouco o somatório das suas forças, mas uma completamente nova, muito mais poderosa força. No seu capítulo sobre cooperação, Marx escreve sobre a força material. Mas quando, partindo dessa análise, a unidade da consciência e da vontade florescerem, essa força torna-se ilimitada.
Nadezhda Krupskaya, em carta dirigida a A. M. Gorki de Setembro de 1932.
Nadezhda Krupskaya, em carta dirigida a A. M. Gorki de Setembro de 1932.
Friday, April 21, 2006
Os deputados a menos.
Desde que um conjunto de deputados da nação nos presentearam com um potenciado comportamento de displicência nas vésperas da Páscoa, abundam por aí doutores e outros papagaios que cavalgam a onda, exigindo a reforma do sistema político.
Claro que a ideia de que existem deputados a mais começa a ter cada vez mais eco na população, fortemente fomentada pela comunicação social dominante. A democracia representativa que temos em Portugal, ainda que burguesa, é minimamente próxima do cidadão e tem uma garantia de pluralidade significativa, tendo em conta que é capaz de reflectir, por uma lado as diversas regiões do país, por outro, as forças partidárias em um largo espectro.
O capital, a burguesia e os serviços de comunicação ao seu dispor têm vindo a promover, desde cedo, um ataque cerrado às conquistas de Abril. Ora, uma dessas conquistas é precisamente a democracia representativa. Todos os dias se ataca cada uma das conquistas de Abril, logo esta não escapa à fúria contra-revolucionária.
A ideia de que existem deputados a mais, de que não fazem nenhum, de que só querem encher o bolso e deter poder é disso forte expressão. Conquistar esta posição nas massas é meio caminho andado para que a população aplauda um forte e rude golpe contra o regime democrático burguês actual, provocando um retrocesso grave na reconstituição do poder político corporativista. A restauração dos monopólios económicos está garantida, resta garantir a restauração do monopólio político.
O Partido Socialista, com o apoio declarado do PSD já afirmaram que querem alterar a composição da democracia portuguesa. Utilizando as suas próprias falhas. São exactamente PS e PSD os partidos que mais faltam às reuniões plenárias e de Comissões parlamentares e os que mais deputados inactivos têm. São exactamente esses dois partidos os donos da alternância doentia que tem governado o país e que tem conduzido ao desbaratar da esperança popular. E, pasme-se, são precisamente eles que se arrogam na posse da seriedade ética para rever as leis que fazem a democracia que temos.
Vejamos, sob o pretexto de existirem deputados a mais, PS e PSD propõem uma solução de diminuição do número de deputados e da criação de círculos uninominais. Ou seja, só os partidos mais votados em cada região do país elegeriam deputados, um pouco à semelhança do que acontece nos EUA. Isto, obviamente, varreria do panorama os partidos menos votados. Boa solução, menos deputados, menos representatividade, menos pluralidade, mais concentração, mais facilidade em recompor o monopólio político.
Ao mesmo tempo que nos tentam convencer de que existem deputados a mais, escondem que existem deputados que efectivamente trabalham. Existem deputados que trabalham e estão, curiosamente nas forças políticas menos votadas. Deputados que não faltam, que dinamizam o trabalho e apresentam propostas sérias para o progresso social do país. E entre os deputados que trabalham, existem 12 que além de trabalhar ali dentro, trabalham no terreno, com as populações, numa íntima ligação com a luta de massas, com os anseios dos trabalhadores, das mulheres e dos jovens, deputados que não beneficiam do estatuto monetário, que têm como princípio não serem beneficiados pela tarefa que neste momento cumprem.
Existem, portanto, deputados a menos. Deputados comunistas. A questão não está no número de deputados, mas na política que preconizam. Com mais deputados comunistas, com mais deputados de esquerda, a Assembleia da República estaria à altura de satisfazer as principais necessidades da população e do país.
Diminuam-se os deputados da direita (PS, PSD e CDS) e veremos que o que existem é deputados sérios a menos.
Claro que a ideia de que existem deputados a mais começa a ter cada vez mais eco na população, fortemente fomentada pela comunicação social dominante. A democracia representativa que temos em Portugal, ainda que burguesa, é minimamente próxima do cidadão e tem uma garantia de pluralidade significativa, tendo em conta que é capaz de reflectir, por uma lado as diversas regiões do país, por outro, as forças partidárias em um largo espectro.
O capital, a burguesia e os serviços de comunicação ao seu dispor têm vindo a promover, desde cedo, um ataque cerrado às conquistas de Abril. Ora, uma dessas conquistas é precisamente a democracia representativa. Todos os dias se ataca cada uma das conquistas de Abril, logo esta não escapa à fúria contra-revolucionária.
A ideia de que existem deputados a mais, de que não fazem nenhum, de que só querem encher o bolso e deter poder é disso forte expressão. Conquistar esta posição nas massas é meio caminho andado para que a população aplauda um forte e rude golpe contra o regime democrático burguês actual, provocando um retrocesso grave na reconstituição do poder político corporativista. A restauração dos monopólios económicos está garantida, resta garantir a restauração do monopólio político.
O Partido Socialista, com o apoio declarado do PSD já afirmaram que querem alterar a composição da democracia portuguesa. Utilizando as suas próprias falhas. São exactamente PS e PSD os partidos que mais faltam às reuniões plenárias e de Comissões parlamentares e os que mais deputados inactivos têm. São exactamente esses dois partidos os donos da alternância doentia que tem governado o país e que tem conduzido ao desbaratar da esperança popular. E, pasme-se, são precisamente eles que se arrogam na posse da seriedade ética para rever as leis que fazem a democracia que temos.
Vejamos, sob o pretexto de existirem deputados a mais, PS e PSD propõem uma solução de diminuição do número de deputados e da criação de círculos uninominais. Ou seja, só os partidos mais votados em cada região do país elegeriam deputados, um pouco à semelhança do que acontece nos EUA. Isto, obviamente, varreria do panorama os partidos menos votados. Boa solução, menos deputados, menos representatividade, menos pluralidade, mais concentração, mais facilidade em recompor o monopólio político.
Ao mesmo tempo que nos tentam convencer de que existem deputados a mais, escondem que existem deputados que efectivamente trabalham. Existem deputados que trabalham e estão, curiosamente nas forças políticas menos votadas. Deputados que não faltam, que dinamizam o trabalho e apresentam propostas sérias para o progresso social do país. E entre os deputados que trabalham, existem 12 que além de trabalhar ali dentro, trabalham no terreno, com as populações, numa íntima ligação com a luta de massas, com os anseios dos trabalhadores, das mulheres e dos jovens, deputados que não beneficiam do estatuto monetário, que têm como princípio não serem beneficiados pela tarefa que neste momento cumprem.
Existem, portanto, deputados a menos. Deputados comunistas. A questão não está no número de deputados, mas na política que preconizam. Com mais deputados comunistas, com mais deputados de esquerda, a Assembleia da República estaria à altura de satisfazer as principais necessidades da população e do país.
Diminuam-se os deputados da direita (PS, PSD e CDS) e veremos que o que existem é deputados sérios a menos.
Onde pára a cultura XVII?
Em Junho de 2004, o Partido Socialista acusava o Governo, então PSD-CDS, de insensibilidade cultural, referindo que a decisão de fundir o Instituto Português de Arqueologia não tinha compatibilidade com a estrutura do Instituto Português do Património Arquitectónico. O Partido Socialista assumia, de diversas formas, o seu apoio à luta dos quadros do IPA pela manutenção do organismo, do seu organigrama e da sua autonomia e independência.
O Instituto Português de Arqueologia funciona, principalmente, em edifícios antigos e algo degradados na Avenida da Índia, em Lisboa. Quem por ali passar, olhando de fora, não diria o que lá dentro se passa e se constrói. Embora leve a cabo as suas tarefas em grandes pavilhões decrépitos, antigas instalações da Marinha, o IPA tem tido a capacidade de produzir ciência, cultura e conhecimento.
Desengane-se, no entanto, que o IPA é um instituto de biblioteca, desengane-se quem pensa que o IPA é um conjunto burocrático de funcionários do Estado que escrevem livros e artigos científicos. O IPA é responsável pela introdução do critério arqueológico no ordenamento do território de todo o país, dinamizando um tecido empresarial de mais de 50 empresas. É o IPA que, junto do Poder Local, garante a avaliação científica de sítios arqueológicos e a tomada das medidas necessárias para a conservação ou registo dos dados.
O IPA, nas suas variadas vertentes de trabalho, tem tido a capacidade para ser motor do desenvolvimento da Arqueologia em Portugal, para a qual acordámos tão tardiamente.
Mas o IPA também é um exemplo de boa gestão, o IPA funciona com um quadro reduzido de pessoas, tem crescido em capacidade de resposta ao que lhe é exigido e conseguiu, em poucos anos, angariar o estatuto de maior autoridade no campo da Arqueologia em Portugal. O IPA não apresenta défice estrutural, garante a gestão adequada dos dinheiros públicos e tem os salários em dia. O IPA funciona em condições de grande dificuldade e um dos espaços que se lhe têm mostrado bastante necessários aguarda uma verba de, pasme-se, 100.000€ (vinte mil contos!!!) para dinamizar um espaço fundamental, anexo à sua biblioteca.
E já que falámos da biblioteca do IPA, não seria justo não referir a sua importância. A biblioteca é de acesso público e está, inclusivamente, disponível on-line - http://www.ipa.min-cultura.pt/Biblioteca . A biblioteca é a maior do género no país e dispõe de um acervo único e de grande valor, herdado do Estado Alemão, ao abrigo de um protocolo entre Instituto Alemão de Arqueologia e o IPA. A biblioteca do IPA acolhe desde os estudantes aos profissionais de arqueologia ou áreas afins e associadas de todo o país.
Mas falar do Instituto Português de Arqueologia não deve deixar passar ao lado aquilo que a maioria de nós não sabe: o que o IPA produz. O IPA tem actualmente a maior colecção de ossos de aves da Península Ibérica, recolhidos pelos seus próprios profissionais, catalogando e identificando, dando um precioso contributo para o estudo do passado (arqueozoologia) mas também garantindo a existência de uma base de dados única que serve também para os trabalhos da biologia actual, para a identificação de espécies e compreensão das causas de morte.
O IPA realizou o único estudo polínico de alta-resolução do país, com um calendário pormenorizado ao dia e com centenas de espécies polinizadoras estudadas em Lisboa e Barreiro, dando um contributo essencial à medicina, principalmente para os estudos alergológicos e imunológicos. Também no departamento de arqueobotânica, o IPA dispõe de uma equipa que tem dado sérios contributos para a compreensão científica da paleo e arqueoclimatologia, através do estudo sistemático das deposições fósseis de grãos de pólen em sistemas lagunares do continente, do litoral ao interior.
O IPA tem o único centro de estudo do país em arqueotecnologia, capaz de identificar a evolução tecnológica dos utensílios do Homem em território nacional desde o paleolítico.
O IPA dispõe de uma equipa de estudo em arqueologia sub-aquática e marinha e tem demonstrado extrema capacidade e criatividade no que toca à identificação, recuperação e conservação de peças importantíssimas da arqueologia do país. O IPA desenvolveu mecanismos próprios de tratamento de madeiras e metais antigos, conseguindo conservar desde pirogas com mais de 2000 anos até canhões e peças de antigas embarcações do século XVI.
O IPA é um centro de criatividade e empenho, onde a ciência se respira a cada passo, onde os olhares dos profissionais são humanos e comprometidos com o trabalho. O IPA é um centro de produção científica, mas também de engenharia de soluções.
Num país em que a cultura, bem como a ciência, são utilizados exclusivamente para servir de atracção na feira da política nacional, em que os sucessivos governos têm tratado o trabalho dos nossos cientistas como um peso orçamental e não como uma mais-valia, a cultura é a primeira a pagar.
A cultura é essencial ao desenvolvimento do ser humano e, neste caso concreto, essencial à relação harmoniosa entre futuro e passado, garante do respeito pela história e indicador da humildade que terá de ter qualquer sociedade, no reconhecimento de que o futuro não se constrói sem aprender com o passado.
A direita, seja PS, PSD ou CDS, entende a cultura como uma mercadoria, necessariamente rentável e lucrativa, reservada às elites burguesas ou intelectuais. É nesse entendimento que o PS, agora governo, faz tábua rasa das suas próprias palavras de Junho de 2004 e cumpre o seu papel de vanguarda do patronato. Cultura nacional e popular, ciência pública e tudo quanto possa ser democrático não estão nos objectivos do Governo. Ceder espaços a empresas “culturais” para nos cobrarem bilhetes de valores astronómicos para ver os freak shows do capital é dinamizar cultura ou mesmo trancar em salas altivas e inacessíveis os melhores espectáculos e exposições do mundo, nisso sim, os nossos governos são exímios. Está feita a cultura.
O Instituto Português de Arqueologia funciona, principalmente, em edifícios antigos e algo degradados na Avenida da Índia, em Lisboa. Quem por ali passar, olhando de fora, não diria o que lá dentro se passa e se constrói. Embora leve a cabo as suas tarefas em grandes pavilhões decrépitos, antigas instalações da Marinha, o IPA tem tido a capacidade de produzir ciência, cultura e conhecimento.
Desengane-se, no entanto, que o IPA é um instituto de biblioteca, desengane-se quem pensa que o IPA é um conjunto burocrático de funcionários do Estado que escrevem livros e artigos científicos. O IPA é responsável pela introdução do critério arqueológico no ordenamento do território de todo o país, dinamizando um tecido empresarial de mais de 50 empresas. É o IPA que, junto do Poder Local, garante a avaliação científica de sítios arqueológicos e a tomada das medidas necessárias para a conservação ou registo dos dados.
O IPA, nas suas variadas vertentes de trabalho, tem tido a capacidade para ser motor do desenvolvimento da Arqueologia em Portugal, para a qual acordámos tão tardiamente.
Mas o IPA também é um exemplo de boa gestão, o IPA funciona com um quadro reduzido de pessoas, tem crescido em capacidade de resposta ao que lhe é exigido e conseguiu, em poucos anos, angariar o estatuto de maior autoridade no campo da Arqueologia em Portugal. O IPA não apresenta défice estrutural, garante a gestão adequada dos dinheiros públicos e tem os salários em dia. O IPA funciona em condições de grande dificuldade e um dos espaços que se lhe têm mostrado bastante necessários aguarda uma verba de, pasme-se, 100.000€ (vinte mil contos!!!) para dinamizar um espaço fundamental, anexo à sua biblioteca.
E já que falámos da biblioteca do IPA, não seria justo não referir a sua importância. A biblioteca é de acesso público e está, inclusivamente, disponível on-line - http://www.ipa.min-cultura.pt/Biblioteca . A biblioteca é a maior do género no país e dispõe de um acervo único e de grande valor, herdado do Estado Alemão, ao abrigo de um protocolo entre Instituto Alemão de Arqueologia e o IPA. A biblioteca do IPA acolhe desde os estudantes aos profissionais de arqueologia ou áreas afins e associadas de todo o país.
Mas falar do Instituto Português de Arqueologia não deve deixar passar ao lado aquilo que a maioria de nós não sabe: o que o IPA produz. O IPA tem actualmente a maior colecção de ossos de aves da Península Ibérica, recolhidos pelos seus próprios profissionais, catalogando e identificando, dando um precioso contributo para o estudo do passado (arqueozoologia) mas também garantindo a existência de uma base de dados única que serve também para os trabalhos da biologia actual, para a identificação de espécies e compreensão das causas de morte.
O IPA realizou o único estudo polínico de alta-resolução do país, com um calendário pormenorizado ao dia e com centenas de espécies polinizadoras estudadas em Lisboa e Barreiro, dando um contributo essencial à medicina, principalmente para os estudos alergológicos e imunológicos. Também no departamento de arqueobotânica, o IPA dispõe de uma equipa que tem dado sérios contributos para a compreensão científica da paleo e arqueoclimatologia, através do estudo sistemático das deposições fósseis de grãos de pólen em sistemas lagunares do continente, do litoral ao interior.
O IPA tem o único centro de estudo do país em arqueotecnologia, capaz de identificar a evolução tecnológica dos utensílios do Homem em território nacional desde o paleolítico.
O IPA dispõe de uma equipa de estudo em arqueologia sub-aquática e marinha e tem demonstrado extrema capacidade e criatividade no que toca à identificação, recuperação e conservação de peças importantíssimas da arqueologia do país. O IPA desenvolveu mecanismos próprios de tratamento de madeiras e metais antigos, conseguindo conservar desde pirogas com mais de 2000 anos até canhões e peças de antigas embarcações do século XVI.
O IPA é um centro de criatividade e empenho, onde a ciência se respira a cada passo, onde os olhares dos profissionais são humanos e comprometidos com o trabalho. O IPA é um centro de produção científica, mas também de engenharia de soluções.
Num país em que a cultura, bem como a ciência, são utilizados exclusivamente para servir de atracção na feira da política nacional, em que os sucessivos governos têm tratado o trabalho dos nossos cientistas como um peso orçamental e não como uma mais-valia, a cultura é a primeira a pagar.
A cultura é essencial ao desenvolvimento do ser humano e, neste caso concreto, essencial à relação harmoniosa entre futuro e passado, garante do respeito pela história e indicador da humildade que terá de ter qualquer sociedade, no reconhecimento de que o futuro não se constrói sem aprender com o passado.
A direita, seja PS, PSD ou CDS, entende a cultura como uma mercadoria, necessariamente rentável e lucrativa, reservada às elites burguesas ou intelectuais. É nesse entendimento que o PS, agora governo, faz tábua rasa das suas próprias palavras de Junho de 2004 e cumpre o seu papel de vanguarda do patronato. Cultura nacional e popular, ciência pública e tudo quanto possa ser democrático não estão nos objectivos do Governo. Ceder espaços a empresas “culturais” para nos cobrarem bilhetes de valores astronómicos para ver os freak shows do capital é dinamizar cultura ou mesmo trancar em salas altivas e inacessíveis os melhores espectáculos e exposições do mundo, nisso sim, os nossos governos são exímios. Está feita a cultura.
Thursday, April 13, 2006
não aos insultos no futebol??? então para que serviria o jogo?
ontem houve uma manifestação sobre questões do desporto em frente à Assembleia da República.
1 (um) manifestante com 1 (um) cachecol (cachecol) a dizer fairplay e que gritava a plenos pulmões:
"- NINGUÉM PÁRA O FAIRPLAY!!!"
"-NENHUM GOVERNO PÁRA O FAIRPLAY!!!"
"-NÃO AO RACISMO NO FUTEBOL!!!"
"-NÃO AOS INSULTOS (sim, insultos...) NO FUTEBOL!!!"
e esta?!?!
passado algum tempo, a manifestação foi reprimida por 1 (um) polícia (polícia) que desmobilizou o manifestante.
1 (um) manifestante com 1 (um) cachecol (cachecol) a dizer fairplay e que gritava a plenos pulmões:
"- NINGUÉM PÁRA O FAIRPLAY!!!"
"-NENHUM GOVERNO PÁRA O FAIRPLAY!!!"
"-NÃO AO RACISMO NO FUTEBOL!!!"
"-NÃO AOS INSULTOS (sim, insultos...) NO FUTEBOL!!!"
e esta?!?!
passado algum tempo, a manifestação foi reprimida por 1 (um) polícia (polícia) que desmobilizou o manifestante.
Friday, March 31, 2006
palavras para quê?
"a sua situação só se complicará se procurarem salário, não emprego"
Belmiro de Azevedo - Escola Superior de Educação de Coimbra - referindo-se à dificuldade de um jovem encontrar o primeiro emprego.
Belmiro de Azevedo - Escola Superior de Educação de Coimbra - referindo-se à dificuldade de um jovem encontrar o primeiro emprego.
O papel do acaso e o Ocaso das ideologias – parte II
É pois, desde os primeiros anúncios do materialismo histórico, que o capitalismo mais se empenha no aperfeiçoamento das suas armas de extinção ideológica. O capitalismo entende agora que o avanço prático da sua concepção ideológica depende do ocaso da ideologia nas massas, particularmente junto dos trabalhadores. A elitização da ideologia é o objectivo fulcral desta estratégia.
Os intelectuais do capital e a vanguarda económica da sociedade aprofundam e estudam a ideologia do capital, avança novas formas de exploração e sustentação do sistema capitalista. A concentração do estudo ideológico nas elites do capital, simultaneamente eliminando as bases filosóficas necessárias à compreensão das ideologias é a nova táctica do capitalismo. Ao eliminar a concepção de ideologia, o sistema acaba por conseguir um melhor controlo de massas, uma espécie de ilusão colectiva de que o acaso, a sorte e a competência de gestão de cada líder determinam o curso da história. A eliminação do conceito de ideologia, acaba com uma dualidade essencial: a do antagonismo de classe, a do antagonismo ideológico. De algum modo, pode dizer-se que o capital tem duas ideologias: a ideologia capitalista neo-liberal concentrada nas suas elites e a ideologia da ignorância que postula o ocaso de todas as ideologias que dirige às massas.
A ideia de que não mais existem ideologias é a mãe da doutrina da conciliação de interesses entre classes antagónicas, típica forma da mística impossibilidade histórica. O papel do acaso é, pois, evidenciado pela doutrina burguesa, desvalorizando o papel das leis e dos mecanismos naturais da sociedade humana.
O acaso, embora existente e com expressão importante numa abordagem micro-histórica[1] não determina a história da Humanidade. Esta é desenvolvida com base em leis básicas, em leis eminentemente materiais em oposição ao papel das leis do espírito.
A luta de classes é regida por leis e não pelo acaso. E a luta de classes rege a história do Homem.
É a negação do parágrafo anterior que serve de pilar à ideologia burguesa irradiada junto das massas. Julgo, no entanto, que as elites do capital baseiam a sua análise no mais puro do materialismo dialéctico e que é exactamente a abordagem materialista e científica que lhes permite aperfeiçoar de tal forma os mecanismos de exploração e opressão. É partindo da concepção marxista da divisão da sociedade em classes, bem como da perfeita consciência de que é a luta e o antagonismo permanente entre as classes que move a história que o capitalismo dinamiza as diversas ofensivas.
Um pequeno modelo do que foi escrito acima seria a hipotética situação:
“duas facções em guerra – uma poderosa e rica e outra pobre e apenas mais numerosa, sendo que a primeira explora ou escraviza a segunda – mas só a mais poderosa sabe que está em guerra porque mata no escuro”. É esta a jogada mais desenvolvida do capital no plano ideológico: garantir que só a burguesia sabe que existe uma luta de classes, garantindo que o proletariado acredita na conciliação de interesses.
[1] Pedimos desculpa pela invenção de termos, mas é que não há aqui entendidos nesta coisa das ciências sociais como dadas nas escolas– micro-história: história de um episódio numa vida, cingida a pequenos acontecimentos; contra macro-história: história da humanidade ou de uma sociedade, contendo a relação entre seres humanos, entre classes, entre homem e natureza, etc..
Os intelectuais do capital e a vanguarda económica da sociedade aprofundam e estudam a ideologia do capital, avança novas formas de exploração e sustentação do sistema capitalista. A concentração do estudo ideológico nas elites do capital, simultaneamente eliminando as bases filosóficas necessárias à compreensão das ideologias é a nova táctica do capitalismo. Ao eliminar a concepção de ideologia, o sistema acaba por conseguir um melhor controlo de massas, uma espécie de ilusão colectiva de que o acaso, a sorte e a competência de gestão de cada líder determinam o curso da história. A eliminação do conceito de ideologia, acaba com uma dualidade essencial: a do antagonismo de classe, a do antagonismo ideológico. De algum modo, pode dizer-se que o capital tem duas ideologias: a ideologia capitalista neo-liberal concentrada nas suas elites e a ideologia da ignorância que postula o ocaso de todas as ideologias que dirige às massas.
A ideia de que não mais existem ideologias é a mãe da doutrina da conciliação de interesses entre classes antagónicas, típica forma da mística impossibilidade histórica. O papel do acaso é, pois, evidenciado pela doutrina burguesa, desvalorizando o papel das leis e dos mecanismos naturais da sociedade humana.
O acaso, embora existente e com expressão importante numa abordagem micro-histórica[1] não determina a história da Humanidade. Esta é desenvolvida com base em leis básicas, em leis eminentemente materiais em oposição ao papel das leis do espírito.
A luta de classes é regida por leis e não pelo acaso. E a luta de classes rege a história do Homem.
É a negação do parágrafo anterior que serve de pilar à ideologia burguesa irradiada junto das massas. Julgo, no entanto, que as elites do capital baseiam a sua análise no mais puro do materialismo dialéctico e que é exactamente a abordagem materialista e científica que lhes permite aperfeiçoar de tal forma os mecanismos de exploração e opressão. É partindo da concepção marxista da divisão da sociedade em classes, bem como da perfeita consciência de que é a luta e o antagonismo permanente entre as classes que move a história que o capitalismo dinamiza as diversas ofensivas.
Um pequeno modelo do que foi escrito acima seria a hipotética situação:
“duas facções em guerra – uma poderosa e rica e outra pobre e apenas mais numerosa, sendo que a primeira explora ou escraviza a segunda – mas só a mais poderosa sabe que está em guerra porque mata no escuro”. É esta a jogada mais desenvolvida do capital no plano ideológico: garantir que só a burguesia sabe que existe uma luta de classes, garantindo que o proletariado acredita na conciliação de interesses.
[1] Pedimos desculpa pela invenção de termos, mas é que não há aqui entendidos nesta coisa das ciências sociais como dadas nas escolas– micro-história: história de um episódio numa vida, cingida a pequenos acontecimentos; contra macro-história: história da humanidade ou de uma sociedade, contendo a relação entre seres humanos, entre classes, entre homem e natureza, etc..
Thursday, March 30, 2006
O papel do acaso e o Ocaso das ideologias - parte I
O sistema capitalista, com quase 250 anos de construção não tem conseguido ultrapassar os problemas que desde logo se lhe colocaram. Sempre os marxistas acusaram o capitalismo de conter em si o gene da desumanidade, por centrar a organização da sociedade humana, não no Homem, mas na acumulação de capital.
A produção mundial conheceu avanços magníficos no quadro inegável da evolução do capitalismo, avanços esses fortemente relacionados com o funcionamento do próprio mercado capitalista e com as dinâmicas criadas pela concorrência entre empresas que acabou por favorecer a evolução tecnológica nos sistemas de produção.
Hoje, a produção é maior do que a necessária para que todos os seres humanos pudessem viver em condições de dignidade e a mão-de-obra envolvida na produção poderia empregar todos desde que diminuída a carga sobre cada indivíduo. A tecnologia dos sistemas de produção e os custos de produção também já permitem que os salários dos trabalhadores vão ganhando aproximação ao valor da produção.
No entanto, nenhuma destas potencialidades da humanidade e da sua sociedade mundial se verifica. Pelo contrário, a concentração de capital é cada vez mais acentuada, a produção e a riqueza são cada vez mais mal distribuídas entre as classes e entre os diferentes povos do mundo.
As ideologias, os sistemas de modelos conceptuais e bases teóricas para a acção, fazem hoje, cada vez mais sentido. Numa altura em que os povos se encontram numa encruzilhada histórica, urge construir um rumo alternativo para a história colectiva da humanidade. Tal não acontecerá por acaso.
Ao longo da história, as classes dominantes foram sempre utilizando diversas metodologias de ofensiva ideológica e de controlo, para a manutenção das relações inter-classistas. A repressão, a ignorância de massas, o controlo religioso, a fome, o desemprego e outras formas de opressão física, psicológica ou ideológica sempre foram os recursos mais utilizados pelas classes dominantes.
O capitalismo, no entanto, tem vindo a aperfeiçoar todos esses mecanismos, não abandonando nenhum deles, refinando cada um, aperfeiçoando-os enquanto metodologias. O capitalismo e os sistemas que representam os pólos opressores e exploradores têm levado a tortura, a guerra e outras formas de repressão a novos patamares de desumanidade, mas também encobertos pela arma de ponta do imperialismo e do capitalismo – a ideologia. E é aqui que o sistema capitalista tem desenvolvido as mais brilhantes testes (não menos erradas) ideológicas que lhe possibilitam de certa forma o controlo de massas.
Uma das questões centrais que se coloca é a que se relaciona com as novas formas de misticismos e idealismos baseados na ignorância que o capitalismo tem conseguido criar e espalhar, utilizando mesmo os recursos dos Estados como os sistemas educativos de massas. O ocaso das ideologias tão anunciado pelos professores da política neo-liberal e destacados quadros intelectuais do capitalismo é a mais refinada das evoluções da ofensiva dirigida contra os povos e contra os trabalhadores de todo o mundo. A ausência da perspectiva materialista que é infundida nas massas conduz à aceitação passiva de conceitos paralelos à realidade, um dos principais e cada vez mais sustentado pela rede ideológica do capitalismo é o do acaso, aliás já promovido desde que o marxismo sistematiza as leis da história.
A produção mundial conheceu avanços magníficos no quadro inegável da evolução do capitalismo, avanços esses fortemente relacionados com o funcionamento do próprio mercado capitalista e com as dinâmicas criadas pela concorrência entre empresas que acabou por favorecer a evolução tecnológica nos sistemas de produção.
Hoje, a produção é maior do que a necessária para que todos os seres humanos pudessem viver em condições de dignidade e a mão-de-obra envolvida na produção poderia empregar todos desde que diminuída a carga sobre cada indivíduo. A tecnologia dos sistemas de produção e os custos de produção também já permitem que os salários dos trabalhadores vão ganhando aproximação ao valor da produção.
No entanto, nenhuma destas potencialidades da humanidade e da sua sociedade mundial se verifica. Pelo contrário, a concentração de capital é cada vez mais acentuada, a produção e a riqueza são cada vez mais mal distribuídas entre as classes e entre os diferentes povos do mundo.
As ideologias, os sistemas de modelos conceptuais e bases teóricas para a acção, fazem hoje, cada vez mais sentido. Numa altura em que os povos se encontram numa encruzilhada histórica, urge construir um rumo alternativo para a história colectiva da humanidade. Tal não acontecerá por acaso.
Ao longo da história, as classes dominantes foram sempre utilizando diversas metodologias de ofensiva ideológica e de controlo, para a manutenção das relações inter-classistas. A repressão, a ignorância de massas, o controlo religioso, a fome, o desemprego e outras formas de opressão física, psicológica ou ideológica sempre foram os recursos mais utilizados pelas classes dominantes.
O capitalismo, no entanto, tem vindo a aperfeiçoar todos esses mecanismos, não abandonando nenhum deles, refinando cada um, aperfeiçoando-os enquanto metodologias. O capitalismo e os sistemas que representam os pólos opressores e exploradores têm levado a tortura, a guerra e outras formas de repressão a novos patamares de desumanidade, mas também encobertos pela arma de ponta do imperialismo e do capitalismo – a ideologia. E é aqui que o sistema capitalista tem desenvolvido as mais brilhantes testes (não menos erradas) ideológicas que lhe possibilitam de certa forma o controlo de massas.
Uma das questões centrais que se coloca é a que se relaciona com as novas formas de misticismos e idealismos baseados na ignorância que o capitalismo tem conseguido criar e espalhar, utilizando mesmo os recursos dos Estados como os sistemas educativos de massas. O ocaso das ideologias tão anunciado pelos professores da política neo-liberal e destacados quadros intelectuais do capitalismo é a mais refinada das evoluções da ofensiva dirigida contra os povos e contra os trabalhadores de todo o mundo. A ausência da perspectiva materialista que é infundida nas massas conduz à aceitação passiva de conceitos paralelos à realidade, um dos principais e cada vez mais sustentado pela rede ideológica do capitalismo é o do acaso, aliás já promovido desde que o marxismo sistematiza as leis da história.
Monday, March 20, 2006
Invasão continuada, ocupação por consolidar
A ocupação continua, ainda que na TV não abra telejornais, nem se ouça nas rádios nem leia nos jornais. O exército mais poderoso do mundo, com a ajuda dos lacaios do imperialismo e com a cobertura da comunicação lá vai asfixiando um país, um povo e uma milenar cultura.
Nos jornais, no televisor, o Iraque é apenas um deserto, árido e vazio, sem sangue, sem vida. Nos jornais, o Iraque foi o país das armas de destruição maciça, das armas biológicas, da tirania, sempre um país de bárbaros terroristas que ali emergiam contra o mundo civilizado. Nos jornais e na tv, o Iraque sempre foi aquilo que o imperialismo quis que fosse. E mesmo agora, provadas que estão as mentiras alvitradas pela demência prepotente do capitalismo, o Iraque continua a ser um deserto por onde marcham, qual cruzados, os civilizados soldados do império.
O Iraque, a sua vida, as suas vidas, a sua resistência e o seu sangue derramado nas suas próprias ruas, não existe para as câmeras da Tv, nem para as objectivas dos jornais. Quanto muito pode existir um amputado de guerra em estado aflitivo para ganhar um prémio foto-jornalístico, mas a dor, essa, não existe nem nunca existiu porque, aliás, os terroristas não sentem dor.
O Iraque, afinal de contas, não tinha armas de destruição maciçaa. Nem tampouco se provaram quaisquer ligações a organizações terroristas internacionais. O Iraque, afinal, não dominava a arte das armas biológicas, nem tinha planos de promover uma Jihad contra o ocidente cristão. Afinal, o Iraque tinha era petróleo. Afinal o Iraque tinha rios de petróleo.
Afinal o Iraque tinha gente, gente sofrida de décadas de repressão. Afinal o Iraque tinha casas, prédios, afinal o Iraque não era apenas um deserto com terroristas, lá viviam crianças, mulheres e homens, trabalhadores e trabalhadoras. Afinal no Iraque também existiam árvores, jardins, escolas e hospitais.
Afinal os satélites da guerra dos senhores do petróleo, com a sua magnífica resolução xpto não apanharam o panorama iraquiano completo pior, só detectaram o que lá não estava. E hoje? quem lhes pede contas? Os mesmos de sempre: os povos e os trabalhadores. Anunciar o reconhecimento da mentira não é tarefa para as TV's, jornais ou rádios. Denunciar o genocídio não é desígnio dos que promoveram a guerra. Julgar os criminosos de mãos sangrentas não é típico da justiça capitalista. E hoje, promovem-se os assassinos. Barroso é senhor presidente (vómito), Bush é lorde da guerra e do petróleo, Blair é dama-de-ferro reciclada e não consta que Aznar apodreça numa prisão longe de sua casa.
Mas são os mesmos que, em todo o mundo souberam a mentira, que hoje lutam como antes. É o povo iraquiano em armas na defesa da sua pátria, soberania e independência que já deu milhares de filhos à sua terra, é o povo iraquiano sofrido e empobrecido que mastiga urânio na sua comida e o engole na sua água por mais milhões e milhões de anos no futuro. Mas são também muitos pelo mundo, os explorados que nasceram fora do Iraque. E podia ter tudo acontecido com eles. Não com a burguesia pseudo-socialista a quem o Iraque pouco importa. A esses não acontecem desgraças, porque a solidariedade burguesa passa fronteiras com aviões, enquanto a proletária voa o mundo apenas com a forçaa da razão e, por vezes, um pedaço de pão. Para esses o Iraque é história do passado, que lhes colocou fronhas no jornal quando era moda, para esses já só interessa o pós-Iraque. E o povo do Iraque que é hoje vanguarda do heroísmo anti-imperialista e que resiste com as armas que não tem contra a máquina esmagadora dos tanques de guerra e contra binóculos de infra-vermelhos, satélites de precisão, espingardas metralhadoras e canhões, contra o urânio cancerígeno e as armas dos patrões, ali continua de pé. E um dia ele escreverá a história do seu país, com novos jornais, rádios e Tv's.
Nos jornais, no televisor, o Iraque é apenas um deserto, árido e vazio, sem sangue, sem vida. Nos jornais, o Iraque foi o país das armas de destruição maciça, das armas biológicas, da tirania, sempre um país de bárbaros terroristas que ali emergiam contra o mundo civilizado. Nos jornais e na tv, o Iraque sempre foi aquilo que o imperialismo quis que fosse. E mesmo agora, provadas que estão as mentiras alvitradas pela demência prepotente do capitalismo, o Iraque continua a ser um deserto por onde marcham, qual cruzados, os civilizados soldados do império.
O Iraque, a sua vida, as suas vidas, a sua resistência e o seu sangue derramado nas suas próprias ruas, não existe para as câmeras da Tv, nem para as objectivas dos jornais. Quanto muito pode existir um amputado de guerra em estado aflitivo para ganhar um prémio foto-jornalístico, mas a dor, essa, não existe nem nunca existiu porque, aliás, os terroristas não sentem dor.
O Iraque, afinal de contas, não tinha armas de destruição maciçaa. Nem tampouco se provaram quaisquer ligações a organizações terroristas internacionais. O Iraque, afinal, não dominava a arte das armas biológicas, nem tinha planos de promover uma Jihad contra o ocidente cristão. Afinal, o Iraque tinha era petróleo. Afinal o Iraque tinha rios de petróleo.
Afinal o Iraque tinha gente, gente sofrida de décadas de repressão. Afinal o Iraque tinha casas, prédios, afinal o Iraque não era apenas um deserto com terroristas, lá viviam crianças, mulheres e homens, trabalhadores e trabalhadoras. Afinal no Iraque também existiam árvores, jardins, escolas e hospitais.
Afinal os satélites da guerra dos senhores do petróleo, com a sua magnífica resolução xpto não apanharam o panorama iraquiano completo pior, só detectaram o que lá não estava. E hoje? quem lhes pede contas? Os mesmos de sempre: os povos e os trabalhadores. Anunciar o reconhecimento da mentira não é tarefa para as TV's, jornais ou rádios. Denunciar o genocídio não é desígnio dos que promoveram a guerra. Julgar os criminosos de mãos sangrentas não é típico da justiça capitalista. E hoje, promovem-se os assassinos. Barroso é senhor presidente (vómito), Bush é lorde da guerra e do petróleo, Blair é dama-de-ferro reciclada e não consta que Aznar apodreça numa prisão longe de sua casa.
Mas são os mesmos que, em todo o mundo souberam a mentira, que hoje lutam como antes. É o povo iraquiano em armas na defesa da sua pátria, soberania e independência que já deu milhares de filhos à sua terra, é o povo iraquiano sofrido e empobrecido que mastiga urânio na sua comida e o engole na sua água por mais milhões e milhões de anos no futuro. Mas são também muitos pelo mundo, os explorados que nasceram fora do Iraque. E podia ter tudo acontecido com eles. Não com a burguesia pseudo-socialista a quem o Iraque pouco importa. A esses não acontecem desgraças, porque a solidariedade burguesa passa fronteiras com aviões, enquanto a proletária voa o mundo apenas com a forçaa da razão e, por vezes, um pedaço de pão. Para esses o Iraque é história do passado, que lhes colocou fronhas no jornal quando era moda, para esses já só interessa o pós-Iraque. E o povo do Iraque que é hoje vanguarda do heroísmo anti-imperialista e que resiste com as armas que não tem contra a máquina esmagadora dos tanques de guerra e contra binóculos de infra-vermelhos, satélites de precisão, espingardas metralhadoras e canhões, contra o urânio cancerígeno e as armas dos patrões, ali continua de pé. E um dia ele escreverá a história do seu país, com novos jornais, rádios e Tv's.
Wednesday, March 08, 2006
Paridade concertada
O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda entendem que a defesa dos direitos das mulheres tem expressão máxima naquilo a que chamam a paridade, por sua vez inserido no tema por si próprios fabricado igualdade de género.
A paridade em si não é um estado necessariamente negativo nem positivo. A participação da mulher e do homem em igualdade não significa directamente a igualdade numérica. A paridade, enquanto estado de participação em determinada etapa da vida política, social ou económica, deve ser atingida com naturalidade e não com obrigatoriedade. A própria concepção de atribuir à construção da paridade o carácter limitativo e obrigatório encerra a indisfarçável tendência patriarcal da sociedade em que vivemos, ou, num outro extremo pode transportar a visão individualista do feminismo frígido e tão abominável quanto o machismo.
A grande questão que se coloca quando falamos de participação da mulher na sociedade é exactamente a mesma que deve ser ponto de partida para tantas outras análises. O que define o papel de cada ser humano na sociedade? O seu sexo? A sua cor? O seu credo? A sua orientação sexual? Julgo que não. O que determina o papel de cada um de nós na sociedade é a nossa intervenção no processo produtivo, a detenção ou não dos meios de produção, a acumulação e apropriação ou não das mais-valias e a existência ou não de um compromisso de classe prático.
Não entendo como podem ser considerados garantidos quaisquer direitos das mulheres pela simples obrigatoriedade de participarem em igual número nas diversas esferas da vida. A grande questão consiste na garantia das condições que possibilitem um relação entre a sociedade e a mulher nas mesmas condições com que esta se relaciona com o homem, condições essas que devem ser, paralela e simultaneamente mais abrangentes e mais dignas.
A libertação da mulher é a libertação do homem e do Homem.
A obrigatoriedade de medidas que garantam a paridade, a imposição de quotas por género, acarretam falácias, enganos e retrocessos no entendimento colectivo necessário à verdadeira emancipação da mulher.
1. A imposição, por ser isso mesmo, implica que existirá uma ingerência na vida das organizações, obrigando cada partido, associação ou estrutura democrática a limitar-se na construção das suas próprias opções.
2. A existência de igualdade numérica entre homens e mulheres não garante de forma alguma a igualdade de tratamento político entre géneros, isto porque a definição da génese política de cada pessoa depende exclusivamente da sua origem de classe e do seu compromisso ou integração de classe.
3. Partir do princípio que a paridade numérica é sinónimo de garantia de igualdade política e social entre géneros é assumir que todas as mulheres defendem os direitos das mulheres, o que me escuso a rebater.
4. Aceitar a paridade numérica, bem como defendê-la é fazer divergir das questões centrais, ludibriando homens e mulheres a resolução de um problema que tem principal raiz nas discriminações de base que sofrem homens e mulheres, principalmente nos locais de trabalho, com principal expressão como sabemos para o sexo feminino.
A paridade em si não é um estado necessariamente negativo nem positivo. A participação da mulher e do homem em igualdade não significa directamente a igualdade numérica. A paridade, enquanto estado de participação em determinada etapa da vida política, social ou económica, deve ser atingida com naturalidade e não com obrigatoriedade. A própria concepção de atribuir à construção da paridade o carácter limitativo e obrigatório encerra a indisfarçável tendência patriarcal da sociedade em que vivemos, ou, num outro extremo pode transportar a visão individualista do feminismo frígido e tão abominável quanto o machismo.
A grande questão que se coloca quando falamos de participação da mulher na sociedade é exactamente a mesma que deve ser ponto de partida para tantas outras análises. O que define o papel de cada ser humano na sociedade? O seu sexo? A sua cor? O seu credo? A sua orientação sexual? Julgo que não. O que determina o papel de cada um de nós na sociedade é a nossa intervenção no processo produtivo, a detenção ou não dos meios de produção, a acumulação e apropriação ou não das mais-valias e a existência ou não de um compromisso de classe prático.
Não entendo como podem ser considerados garantidos quaisquer direitos das mulheres pela simples obrigatoriedade de participarem em igual número nas diversas esferas da vida. A grande questão consiste na garantia das condições que possibilitem um relação entre a sociedade e a mulher nas mesmas condições com que esta se relaciona com o homem, condições essas que devem ser, paralela e simultaneamente mais abrangentes e mais dignas.
A libertação da mulher é a libertação do homem e do Homem.
A obrigatoriedade de medidas que garantam a paridade, a imposição de quotas por género, acarretam falácias, enganos e retrocessos no entendimento colectivo necessário à verdadeira emancipação da mulher.
1. A imposição, por ser isso mesmo, implica que existirá uma ingerência na vida das organizações, obrigando cada partido, associação ou estrutura democrática a limitar-se na construção das suas próprias opções.
2. A existência de igualdade numérica entre homens e mulheres não garante de forma alguma a igualdade de tratamento político entre géneros, isto porque a definição da génese política de cada pessoa depende exclusivamente da sua origem de classe e do seu compromisso ou integração de classe.
3. Partir do princípio que a paridade numérica é sinónimo de garantia de igualdade política e social entre géneros é assumir que todas as mulheres defendem os direitos das mulheres, o que me escuso a rebater.
4. Aceitar a paridade numérica, bem como defendê-la é fazer divergir das questões centrais, ludibriando homens e mulheres a resolução de um problema que tem principal raiz nas discriminações de base que sofrem homens e mulheres, principalmente nos locais de trabalho, com principal expressão como sabemos para o sexo feminino.
Monday, February 20, 2006
Fascismo revisitado
O espaço da extrema-direita
Um olhar sobre a história recente da humanidade denuncia as tendências do capitalismo, por ter sido também este a dominá-la. Analisar a história do século XX é, em grande parte, olhar o capitalismo, da sua fase infantil após as embrionárias da revolução industrial, à sua fase mais avançada que hoje ainda tem expressão. Claro que a história do século XX é marcada pela maior insurreição dos trabalhadores que o mundo já conheceu, uma insurreição que daria origem a um Estado Proletário, no rumo do socialismo e do comunismo.
No entanto, é inegável que também merece bastante destaque o avanço do capitalismo, a sua consolidação, contando claro, com as adversidades com que sempre se deparou no quadro da luta de classes, e dos obstáculos anti-capitalistas e anti-imperialistas com que se foi cruzando.
Claro que o que mais marca a história, ainda hoje, é exactamente o confronto incontornável entre as classes de interesses antagónicos, entre os dois pólos das relações de produção, trabalhadores e os detentores de capital. Mas as grandes experiências socialistas fracassaram perante a dimensão titânica que os estados do capital conseguiram alcançar e perante, claro, outros mecanismos que conseguiram criar.
A luta de classes continua a ser o eixo fundamental da história, quer durante os avanços, quer durante os recuos ou crises do capitalismo. Se atentarmos às mais graves crises do capitalismo, veremos que o sistema está disposto a procurar e utilizar formas de organização e exercício políticas que, não sendo as suas opções primárias, constituem os seus braços fortes em ocasiões de desequilíbrio.
O capitalismo, na senda da sua perpetuação enquanto sistema dominante e no aprofundamento da sua capacidade predatória não hesita em recorrer a métodos de ofensiva aberta, deixando a sua posição mais típica em que aplica uma ofensiva mais encapotada.
Perante os graves desequilíbrios dos anos 30, por exemplo, o capitalismo viu-se forçado a criar e a promover forças políticas fascistas, que foram em muitos casos o garante da sobrevivência do próprio sistema. O Capitalismo poderia ter enfrentado uma derrota irrecuperável caso não tivesse existido o contrabalanço do nazi-fascismo, que veio repor privilégios perdidos do capital e das classes que o sustentam, com ramificações por toda a Europa.
O capitalismo, após essa sua fase de promoção da extrema-direita de forma acentuada, preferiu recorrer a métodos menos claros, utilizando, em muitos casos, o próprio sistema democrático, apoiando ditadores, como foi hábito em países espalhados por todo o mundo. Um outro recurso foi a intervenção militar e a agressão, garantindo que o sistema capitalista se podia apoderar de recursos e riquezas naturais dos países mais fracos.
No entanto, só precedendo grandes crises do capitalismo, o próprio sistema decide atribuir importância à extrema-direita, ou melhor, decide deixar-lhe espaço para proliferar e para crescer. No geral, o sistema capitalista consegue sustentar-se na base das falsas democracias, das chamadas democracias ocidentais. Nestes espaços, o poder capitalista consegue, no essencial, promover a sua política, simultaneamente, alimentando a necessidade de qualidade de vida das burguesias em que assenta e aumentando a sua influência sobre outros países que se situam fora da esfera dos ditos civilizados.
No entanto, em períodos de grande crise, as democracias burguesas podem não ser suficientes para garantir o controlo de massas que o capitalismo exige em determinados momentos de maior desequilíbrio no seu próprio sistema. Nesses casos, o leque de recursos do capitalismo abre-se significativamente. A violência, a repressão, a opressão, a censura, a tortura, a eliminação tornam-se instrumentos comuns. Por outras palavras, quando a guerra, as invasões, o saque e a predação não são suficientes para restabelecer o equilíbrio no sistema capitalista, o fascismo e o nazismo servem bastante bem esse desígnio.
O que presenciamos neste momento, na “terra dos valores novos e humanos” – Europa – é exactamente o recrudescer do mais intolerante fascismo. O capital está, de certo modo, a conseguir incutir uma moral como raramente conseguirá ter feito. São muitos aqueles que já alimentam a guerra entre Ocidente e Oriente, Cristo e Maomé, Deus e Alá, Bíblia e Corão nas suas próprias cabeças. E é isso que representa um avanço da extrema-direita. A forma irascível como este assunto tem vindo a ser tratado na comunicação social, pelos próprios governos, pelos clarividentes de algibeira, oops perdão, comentadores políticos, revela exactamente que se tem tentado por todos os meios, exaltar os ódios de ambos os lados.
A extrema-direita, frente de batalha do imperialismo nos momentos mais duros, aí está em força a cumprir o seu papel. Espalhar o ódio e o fundamentalismo. Aqui e lá. É que aqui também existe fundamentalismo e fanatismo, não é só no médio-oriente.
Basta atentar à forma como nos consideramos socialmente superiores aos países do Islão, para detectar fundamentalismo. Basta olhar as páginas dos jornais e ver homens e mulheres chorando e rastejando pelo chão pedindo milagres a nossa senhora em fátima… que pensariam estes se um qualquer cartoonista espetasse com a irmã Lúcia a torturar prisioneiros em Guantanamo?
Um olhar sobre a história recente da humanidade denuncia as tendências do capitalismo, por ter sido também este a dominá-la. Analisar a história do século XX é, em grande parte, olhar o capitalismo, da sua fase infantil após as embrionárias da revolução industrial, à sua fase mais avançada que hoje ainda tem expressão. Claro que a história do século XX é marcada pela maior insurreição dos trabalhadores que o mundo já conheceu, uma insurreição que daria origem a um Estado Proletário, no rumo do socialismo e do comunismo.
No entanto, é inegável que também merece bastante destaque o avanço do capitalismo, a sua consolidação, contando claro, com as adversidades com que sempre se deparou no quadro da luta de classes, e dos obstáculos anti-capitalistas e anti-imperialistas com que se foi cruzando.
Claro que o que mais marca a história, ainda hoje, é exactamente o confronto incontornável entre as classes de interesses antagónicos, entre os dois pólos das relações de produção, trabalhadores e os detentores de capital. Mas as grandes experiências socialistas fracassaram perante a dimensão titânica que os estados do capital conseguiram alcançar e perante, claro, outros mecanismos que conseguiram criar.
A luta de classes continua a ser o eixo fundamental da história, quer durante os avanços, quer durante os recuos ou crises do capitalismo. Se atentarmos às mais graves crises do capitalismo, veremos que o sistema está disposto a procurar e utilizar formas de organização e exercício políticas que, não sendo as suas opções primárias, constituem os seus braços fortes em ocasiões de desequilíbrio.
O capitalismo, na senda da sua perpetuação enquanto sistema dominante e no aprofundamento da sua capacidade predatória não hesita em recorrer a métodos de ofensiva aberta, deixando a sua posição mais típica em que aplica uma ofensiva mais encapotada.
Perante os graves desequilíbrios dos anos 30, por exemplo, o capitalismo viu-se forçado a criar e a promover forças políticas fascistas, que foram em muitos casos o garante da sobrevivência do próprio sistema. O Capitalismo poderia ter enfrentado uma derrota irrecuperável caso não tivesse existido o contrabalanço do nazi-fascismo, que veio repor privilégios perdidos do capital e das classes que o sustentam, com ramificações por toda a Europa.
O capitalismo, após essa sua fase de promoção da extrema-direita de forma acentuada, preferiu recorrer a métodos menos claros, utilizando, em muitos casos, o próprio sistema democrático, apoiando ditadores, como foi hábito em países espalhados por todo o mundo. Um outro recurso foi a intervenção militar e a agressão, garantindo que o sistema capitalista se podia apoderar de recursos e riquezas naturais dos países mais fracos.
No entanto, só precedendo grandes crises do capitalismo, o próprio sistema decide atribuir importância à extrema-direita, ou melhor, decide deixar-lhe espaço para proliferar e para crescer. No geral, o sistema capitalista consegue sustentar-se na base das falsas democracias, das chamadas democracias ocidentais. Nestes espaços, o poder capitalista consegue, no essencial, promover a sua política, simultaneamente, alimentando a necessidade de qualidade de vida das burguesias em que assenta e aumentando a sua influência sobre outros países que se situam fora da esfera dos ditos civilizados.
No entanto, em períodos de grande crise, as democracias burguesas podem não ser suficientes para garantir o controlo de massas que o capitalismo exige em determinados momentos de maior desequilíbrio no seu próprio sistema. Nesses casos, o leque de recursos do capitalismo abre-se significativamente. A violência, a repressão, a opressão, a censura, a tortura, a eliminação tornam-se instrumentos comuns. Por outras palavras, quando a guerra, as invasões, o saque e a predação não são suficientes para restabelecer o equilíbrio no sistema capitalista, o fascismo e o nazismo servem bastante bem esse desígnio.
O que presenciamos neste momento, na “terra dos valores novos e humanos” – Europa – é exactamente o recrudescer do mais intolerante fascismo. O capital está, de certo modo, a conseguir incutir uma moral como raramente conseguirá ter feito. São muitos aqueles que já alimentam a guerra entre Ocidente e Oriente, Cristo e Maomé, Deus e Alá, Bíblia e Corão nas suas próprias cabeças. E é isso que representa um avanço da extrema-direita. A forma irascível como este assunto tem vindo a ser tratado na comunicação social, pelos próprios governos, pelos clarividentes de algibeira, oops perdão, comentadores políticos, revela exactamente que se tem tentado por todos os meios, exaltar os ódios de ambos os lados.
A extrema-direita, frente de batalha do imperialismo nos momentos mais duros, aí está em força a cumprir o seu papel. Espalhar o ódio e o fundamentalismo. Aqui e lá. É que aqui também existe fundamentalismo e fanatismo, não é só no médio-oriente.
Basta atentar à forma como nos consideramos socialmente superiores aos países do Islão, para detectar fundamentalismo. Basta olhar as páginas dos jornais e ver homens e mulheres chorando e rastejando pelo chão pedindo milagres a nossa senhora em fátima… que pensariam estes se um qualquer cartoonista espetasse com a irmã Lúcia a torturar prisioneiros em Guantanamo?
Friday, February 10, 2006
liberdade de imprensa...
Deixo já claro que não sou particular estudioso das questões políticas e sociais do médio-oriente; não sou nem tenho qualquer qualificação que me permita ter o rigor necessário para estabelecer verdades sobre essa matéria; não pretendo no entanto, como outros, fazer crer que possuo tais credenciais. Prefiro que fique já o registo desta advertência. E digo isto porque recorrentemente a televisão e os jornais trazem aos seus programas ou colunas os mesmo do costume, com as opiniões do costume revestidos da esplêndida capa de especialistas disto e daquilo, sem, na verdade, mais não fazerem que veicular as posições oficiais do imperialismo e dos seus directores nevrálgicos.
As questões que se têm vindo a colocar de forma gradativamente mais preocupante em torno de países e povos do médio-oriente, particularmente no que toca ao dito choque ou confronto cultural e religioso com os países ocidentais não têm deixado de nos preocupar sobremaneira. Todos os dias, a cada minuto nos entra de rajada uma notícia, um artigo de opinião, uma foto sobre o que supostamente se passa nesses países árabes. Com a velocidade da modernidade, já nem paramos, muitas vezes, para questionar o lado de cá desta história.
1. Desde há décadas que se tem vindo a criar junto das sociedades ocidentais que o conceito de civilização é-lhes exclusivo, remetendo, implicitamente, todos os países que não reproduzam os seus métodos de organização ou religião para o estatuto de incivilizados ou, à velha moda romana, de bárbaros.
As questões que se têm vindo a colocar de forma gradativamente mais preocupante em torno de países e povos do médio-oriente, particularmente no que toca ao dito choque ou confronto cultural e religioso com os países ocidentais não têm deixado de nos preocupar sobremaneira. Todos os dias, a cada minuto nos entra de rajada uma notícia, um artigo de opinião, uma foto sobre o que supostamente se passa nesses países árabes. Com a velocidade da modernidade, já nem paramos, muitas vezes, para questionar o lado de cá desta história.
1. Desde há décadas que se tem vindo a criar junto das sociedades ocidentais que o conceito de civilização é-lhes exclusivo, remetendo, implicitamente, todos os países que não reproduzam os seus métodos de organização ou religião para o estatuto de incivilizados ou, à velha moda romana, de bárbaros.
2. A cada notícia que passa consolida-se a linguagem ofensiva aos povos que, diferentemente dos da maioria da Europa e da América, não sustentam a sua visão do mundo nas dicotomias do cristianismo, e também àqueles que não partilham da sua mecânica económica capitalista.
3. O conceito de terrorismo começa a alargar-se e a estender-se a movimentos de defesa patriótica, a movimentos revolucionários e a lutas populares de libertação e conquista.
O terrorismo serviu sempre ao longo da História para justificar as incursões agressivas dos mais fortes, tipicamente transformados em mártires.
O terrorismo serviu sempre ao longo da História para justificar as incursões agressivas dos mais fortes, tipicamente transformados em mártires.
4. Conceitos como o de “fanatismo” e “terrorismo”, aludindo a uma inexplicável demência colectiva circunscrita ao islamismo, são cada vez mais irradiados e, sem darmos por isso, começamos a relacionar a tez escurecida, a barba e o turbante com bombas. É curioso, no entanto, que não o façamos quando imaginamos as estrelas e as riscas da bandeira dos EUA que, sozinhos já mataram, por via também do terrorismo organizado, muitos mais seres humanos que todos árabes juntos.
5. A última ofensiva ideológica que nos tem sido dirigida (a dos Cartoons) não tem outro objectivo senão o de criar o caldo cultural e de opinião que permita a caracterização ocidental do Islão como um cancro planetário que urge erradicar. De alguma forma faz-se parecer de todo incompreensível que povos muçulmanos não saibam brincar… Souberam os católicos reagir decentemente quando espetaram, num cartoon português, com um preservativo no nariz do papa? Souberam os católicos manter a dignidade democrática quando passou “a última tentação de Cristo” nas salas de cinema de Roma? E souberam esses ditos civilizados acolher a liberdade de expressão quando Saramago publica um livro que ficciona mordazmente em torno da vida do seu profeta?
6. A liberdade de expressão e de imprensa é um direito inalienável nos países ocidentais é-o porque se enquadra no modelo de sociedade que aqui se tem vindo a construir. Isso não significa que se exija igual aplicação ou compreensão do princípio em países, culturas e povos radicalmente diferentes. Essa liberdade tem vindo a ser o estandarte ocidental deste novo confronto. Aqui. Lá existirá outro.
7. O que importa neste momento ao imperialismo é criar as condições subjectivas que sirvam de pano de fundo a novas agressões, liquidando o direito á diferença, partindo contra os povos que não mostram total submissão. Daí, na Europa nos dizerem que estamos perante um ataque inadmissível à liberdade de imprensa. Daí também os líderes religiosos e políticos árabes utilizaram a raiva à nossa intolerância para justificar a sua.
8. Aqueles que participam nos ataques às embaixadas dinamarquesas e que acalentam a raiva, o ódio, a xenofobia e o confronto titânico dos deuses de uns contra os deuses de outros são tão criminosos quanto aqueles que provocaram os desequilíbrios. O capitalismo é global e a sua influência no ocidente não é diferente daquela que tem no médio-oriente, ainda que, obviamente, com expressões e interesses concretos diferentes.
No entanto, todos os que promovem este caldo de ódio são directa ou indirectamente lacaios do grande e poderoso polvo do capital e do imperialismo norte-americano que, com tudo isto, já se posiciona ávido de arrancar para a sua nova cruzada, babando qual predador perante a presa.
Com isto, lucram os senhores do petróleo de todo o mundo. Lucram os governos corruptos, islâmicos e ocidentais. Lucram as grandes corporações. Com isto, derrama-se o sangue dos povos, manipulados ou não. Perdem-se vidas necessárias para construir um futuro novo.
No entanto, todos os que promovem este caldo de ódio são directa ou indirectamente lacaios do grande e poderoso polvo do capital e do imperialismo norte-americano que, com tudo isto, já se posiciona ávido de arrancar para a sua nova cruzada, babando qual predador perante a presa.
Com isto, lucram os senhores do petróleo de todo o mundo. Lucram os governos corruptos, islâmicos e ocidentais. Lucram as grandes corporações. Com isto, derrama-se o sangue dos povos, manipulados ou não. Perdem-se vidas necessárias para construir um futuro novo.
Friday, January 27, 2006
um terrorista... foi você que pediu?
“Bush diz que os palestinianos têm que arcar com as consequências dos seus actos.” – Sic Notícias – Jornal de síntese
“We do not deal with Hamas. Hamas is a terrorist organization.” Scott Mclellan – Porta-voz da Casa Branca
Ambas as frases foram produzidas no dia 25 de Janeiro de 2006, ou seja, poucas horas após a divulgação do resultado oficial das eleições que tomaram lugar na Palestina, para a escolha do novo governo. Após mais de dez anos de governo sustentado numa maioria parlamentar pelo partido social-democrata e conciliador Fatah, os extremistas do Hamas acabam por vencer as eleições com uma folgada maioria absoluta. A questão que se coloca é: quem ganha com este resultado?
Os desenvolvimentos que advirão desta vitória começam a tornar-se óbvios.
A resposta à pergunta não pode passar sem dois considerandos essenciais:
A Fatah, pelo seu papel de contenção da luta popular, pelo seu carácter submisso às ordens imperialistas e pela governação tipicamente social-democrata por que enveredeou, lançou o povo palestiniano na desilusão perante qualquer tipo de negociação. Na verdade, o caminho da negociação submissa tem conduzido a situação para o acentuar do conflito, para a tomada de localizações estratégicas em terreno palestiniano, para o constante crescimento da tese sionista, enquanto não resolveu os essenciais problemas do povo palestiniano no plano nacional e vendendo, no plano internacional, a dignidade e a soberania da pátria palestiniana.
o papel das organizações que optam, em determinados momentos da história, pelo recurso à violência contra civis, arriscam sempre o desvirtuamento da causa pela qual dizem combater. Daí o facto de muitas destas organizações serem criadas e apoiadas pelos Estados imperialistas, como o flagrante caso da Al-Qaeda, nascida nas fileiras dos Mujaheedeen e dos Taliban, ambas criadas com o investimento dos Estados Unidos da América. O desvirtuamento da causa popular e a sua transformação em violência não é sua característica própria, é antes o primeiro sinal da manipulação da causa pelo seu próprio adversário.
Quem ganha com este resultado é o estado sionista de Israel e seu aliado americano, os EUA. A política de expansão e geodominância característica do imperialismo tem vindo a ser a verdadeira causa do agravamento da tensão e da violência no médio-oriente. Quer os EUA, quer Israel já anunciaram não estar dispostos a continuar a farsa das negociações com uma organização como o Hamas. O caminho está livre, portanto, para a utilização da violência e da destruição em massa da pátria palestiniana. As incursões tenderão a aumentar, com o Hamas fazendo o papel que lhe cabe: o da justificação da agressão.
Naturalmente, as populações do mundo, ainda que manipuladas seriamente pela comunicação social dominante, não toleram a agressão injustificada, nem a violência unilateral que se traduz em invasões ao estilo colonial e na apropriação dos recursos de um povo por um estado que lhe é alheio. No entanto, uma justificação de recurso para essas incursões agressivas, é exactamente o argumento de que o invasor se está simplesmente a defender.
Os EUA e seus cães de fila (Inglaterra, Espanha, Portugal) utilizaram esse pobre argumento após o 11 de Setembro. Utilizaram-no para justificar a invasão do Afeganistão e, de forma contínua para desculpar todos os erros cometidos na invasão do Iraque. De certa forma, o alcance dessa justificação é tal, que ainda hoje serve de pretexto para planificar invasões a Cuba, Venezuela, República Popular Democrática da Coreia, Síria e uns tantos outros incómodos países. Incómodos por terem reservas petrolíferas maiores do que as que deviam, ou, pura e simplesmente, por não acatarem cada ordem mesquinha dos senhores do dinheiro.
A vitória do Hamas é a vitória da política de agressão de Israel e dos EUA. É a vitória do sionismo e do ódio. Com o Hamas no poder, o agressor passa a vítima constante. Os coitadinhos dos judeus, eternos mártires da História, serão agora alvos de intenso terror, fruto do fanatismo inexplicável de uns tantos milhões de muçulmanos passados da cabeça. Está montado palco para a morte vir abraçar mais uns milhares de palestinianos. Está livre o caminho do estado fascista de Israel. O holocausto continua, em chamas fora de fornos, sem calcinações conhecidas. Mas o sacrifício está à vista.
Esperemos nós que deus se retire humildemente desta batalha e deixe expostas as verdadeiras razões daquele sangue.
“We do not deal with Hamas. Hamas is a terrorist organization.” Scott Mclellan – Porta-voz da Casa Branca
Ambas as frases foram produzidas no dia 25 de Janeiro de 2006, ou seja, poucas horas após a divulgação do resultado oficial das eleições que tomaram lugar na Palestina, para a escolha do novo governo. Após mais de dez anos de governo sustentado numa maioria parlamentar pelo partido social-democrata e conciliador Fatah, os extremistas do Hamas acabam por vencer as eleições com uma folgada maioria absoluta. A questão que se coloca é: quem ganha com este resultado?
Os desenvolvimentos que advirão desta vitória começam a tornar-se óbvios.
A resposta à pergunta não pode passar sem dois considerandos essenciais:
A Fatah, pelo seu papel de contenção da luta popular, pelo seu carácter submisso às ordens imperialistas e pela governação tipicamente social-democrata por que enveredeou, lançou o povo palestiniano na desilusão perante qualquer tipo de negociação. Na verdade, o caminho da negociação submissa tem conduzido a situação para o acentuar do conflito, para a tomada de localizações estratégicas em terreno palestiniano, para o constante crescimento da tese sionista, enquanto não resolveu os essenciais problemas do povo palestiniano no plano nacional e vendendo, no plano internacional, a dignidade e a soberania da pátria palestiniana.
o papel das organizações que optam, em determinados momentos da história, pelo recurso à violência contra civis, arriscam sempre o desvirtuamento da causa pela qual dizem combater. Daí o facto de muitas destas organizações serem criadas e apoiadas pelos Estados imperialistas, como o flagrante caso da Al-Qaeda, nascida nas fileiras dos Mujaheedeen e dos Taliban, ambas criadas com o investimento dos Estados Unidos da América. O desvirtuamento da causa popular e a sua transformação em violência não é sua característica própria, é antes o primeiro sinal da manipulação da causa pelo seu próprio adversário.
Quem ganha com este resultado é o estado sionista de Israel e seu aliado americano, os EUA. A política de expansão e geodominância característica do imperialismo tem vindo a ser a verdadeira causa do agravamento da tensão e da violência no médio-oriente. Quer os EUA, quer Israel já anunciaram não estar dispostos a continuar a farsa das negociações com uma organização como o Hamas. O caminho está livre, portanto, para a utilização da violência e da destruição em massa da pátria palestiniana. As incursões tenderão a aumentar, com o Hamas fazendo o papel que lhe cabe: o da justificação da agressão.
Naturalmente, as populações do mundo, ainda que manipuladas seriamente pela comunicação social dominante, não toleram a agressão injustificada, nem a violência unilateral que se traduz em invasões ao estilo colonial e na apropriação dos recursos de um povo por um estado que lhe é alheio. No entanto, uma justificação de recurso para essas incursões agressivas, é exactamente o argumento de que o invasor se está simplesmente a defender.
Os EUA e seus cães de fila (Inglaterra, Espanha, Portugal) utilizaram esse pobre argumento após o 11 de Setembro. Utilizaram-no para justificar a invasão do Afeganistão e, de forma contínua para desculpar todos os erros cometidos na invasão do Iraque. De certa forma, o alcance dessa justificação é tal, que ainda hoje serve de pretexto para planificar invasões a Cuba, Venezuela, República Popular Democrática da Coreia, Síria e uns tantos outros incómodos países. Incómodos por terem reservas petrolíferas maiores do que as que deviam, ou, pura e simplesmente, por não acatarem cada ordem mesquinha dos senhores do dinheiro.
A vitória do Hamas é a vitória da política de agressão de Israel e dos EUA. É a vitória do sionismo e do ódio. Com o Hamas no poder, o agressor passa a vítima constante. Os coitadinhos dos judeus, eternos mártires da História, serão agora alvos de intenso terror, fruto do fanatismo inexplicável de uns tantos milhões de muçulmanos passados da cabeça. Está montado palco para a morte vir abraçar mais uns milhares de palestinianos. Está livre o caminho do estado fascista de Israel. O holocausto continua, em chamas fora de fornos, sem calcinações conhecidas. Mas o sacrifício está à vista.
Esperemos nós que deus se retire humildemente desta batalha e deixe expostas as verdadeiras razões daquele sangue.
Monday, January 23, 2006
um bárbaro para o império
e o capital pariu um presidente da república. fabricado e eleito nos pasquins da famigerada imprensa escrita, entronado pelas cores sensacionalistas e vozes sábias na nossa tv.
perde portugal, perdem os jovens, os trabalhadores, perdemos nós. ganha a direita sedenta dos nossos bolsos e das nossas mentes. ganha o pior que, nós portugueses, temos para mostrar.
ganham os sorrisos de um primeiro-ministro mentiroso e dos seus amigos balofos.
estaremos cá para resistir, para nos plantarmos firmes onde for preciso, para nos movermos erguidos contra os ventos reaccionários. a luta ganha a força que o povo quiser. nós teremos a força que nos for exigida. agora... temos mais um facho com que nos preocupar.
perde portugal, perdem os jovens, os trabalhadores, perdemos nós. ganha a direita sedenta dos nossos bolsos e das nossas mentes. ganha o pior que, nós portugueses, temos para mostrar.
ganham os sorrisos de um primeiro-ministro mentiroso e dos seus amigos balofos.
estaremos cá para resistir, para nos plantarmos firmes onde for preciso, para nos movermos erguidos contra os ventos reaccionários. a luta ganha a força que o povo quiser. nós teremos a força que nos for exigida. agora... temos mais um facho com que nos preocupar.
Friday, January 13, 2006
The constant gardener
The constant gardener… título ainda assim melhor que o português. Não é costume tecer aqui no império, críticas quanto aos filmes que vejo ou não vejo. No entanto, tendo em conta que este levanta aspectos vastos da política e que são dezenas as pessoas que conheço e que falam do filme quase com uma lágrima no olho, decidi deixar aqui o que acho deste filme e deste tipo de filmes.
Do ponto de vista da execução, quer da fotografia, realização ou interpretação, o filme é praticamente imaculado. As cenas tétricas estão conseguidas ao ponto de nos arrancar a lágrima piedosa. A banda sonora é, pura e simplesmente, soberba. Respira-se um mundo diferente a cada plano, cada cena. O argumento, por seu lado, não sendo medíocre, é comum.
Feitas as considerações tecnicistas, para as quais, importará dizer, não sou qualificado, importa ir ao motivo de fundo do filme, o mesmo que me faz escrever. O filme é uma história de amor, ponto. Ainda assim, vários são os jovens adultos que saem do cinema com uma cara de admiração que só lhes fica bem, mas cuja carga de snobismo é indisfarçável. Ao fim daquele filme, fica-nos bem a todos dizer que o filme é excelente, que aquela farmacêutica é muito má e tal.
O filme caracteriza, embrenhado numa história de amor, as operações desumanas de uma farmacêutica no Quénia, dando a entender que estas operações afectam mais países africanos. O filme trata a vida de um conjunto de ditos activistas que tentam desmascarar a dita empresa e o estado britânico que encobre a realização de testes em seres humanos no continente africano.
O que está mal no filme, então? O filme transporta a visão imposta exactamente pelos mesmos que tenta acusar. O filme engrandece o papel de organizações como a Amnistia Internacional e outras ONG´s semelhantes e o dos activistas burgueses da caridade, reduzindo os povos africanos a insignificantes peões no tabuleiro. Insinua-se recorrentemente, através desta visão burguesa, que a emancipação do continente africano é dependente da boa-vontade dos meninos ricos que vestem uma bata e vão 10 anos para África ajudar os coitadinhos. Ninguém, nestes filmes, fala das verdadeiras causas que conduziram África ao estado em que está. Da mesma forma que encobrem o papel ancião dos europeus e o mais recente papel dos Estados Unidos da América no que toca à destruição de África, ensinam-nos agora a magistral tese de que só o homem branco pode salvar o continente negro.
Além disso, de fazer depender a emancipação popular de toda a África da boa-vontade activista, dita humanitária, este filme personifica, numa visão particularmente maniqueísta, a estratégia empresarial das farmacêuticas. Ou seja, a farmacêutica em causa no filme faz o que faz (testes em seres humanos das populações miseráveis do Quénia à revelia do seu conhecimento), porque é dirigida por pessoas sem escrúpulos e de mau carácter. O próprio estado britânico é, de alguma forma, ilibado, porque também aqui, a cobertura que dá às operações da farmacêutica está exclusivamente relacionada com o facto de um senhor sem carácter da diplomacia britânica favorecer a dita empresa em troca de empregos criados em solo britânico.
Ou seja, a engrenagem do sistema capitalista, verdadeiro gerador desta e outras atrocidades diariamente cometidas há mais de uma centena de anos, não é, em momento algum, posta em causa pelo filme. A burguesia abandona a sala de cinema, com a sua lágrima pendendo do olho, com a mesma sensação de quem observa as fotos de meninos negros que morrem de fome como contemplando arte, com a mesma sensação que tem a beata quando deixa duas moedas ao senhor sem pernas à porta da igreja.
Podem esperar os quenianos, os sudaneses, os somalis, os etíopes, os eritreus, os djibutianos e os outros coitadinhos que a boa-vontade dos brancos lhes dê para sarar as feridas de outros países que não os seus. O colonialismo britânico, italiano, francês, as incursões militares dos Estados Unidos durante os anos 80 e 90 na maioria destes países, a destruição da revolução socialista da Etiópia, as guerras civis a mando das potências colonialistas e alimentadas pela indústria do armamento, o saque dos poucos recursos naturais do corno de África e a implantação geoestratégica e militar da grande potência imperialista são tudo factores desprezados por estes filmes e por esta visão do mundo. A distribuição da riqueza desequilibrada, o desmantelamento do sistema social dos povos, a exploração desenfreada destas populações como seres humanos descartáveis por parte das multinacionais, o abandono do investimento após a destruição dos países e o usufruto dos benefícios geoestratégicos, a imposição de modelos políticos desadequados, a divisão artificial dos povos, tudo isto, imposições estrangeiras, nunca são referidas nem acusadas.
O episódio retratado pelo filme “the constant gardener” não é um episódio… é uma característica natural do sistema capitalista. Não encontra a sua solução no activismo voluntarista da burguesia. Não a encontrará no preenchimento de cargos de direcção das multinacionais por pessoas de bom coração, escrupulosas ou bondosas. Não a encontrará na evangelização dos povos muçulmanos do Corno de África, nem na intervenção dos senhores doutores dos médicos sem fronteiras, nem aterragem de farinhas recolhidas nos supermercados dos brancos.
É tudo isto que faltava mostrar, para que esta história de amor passasse disso mesmo. Para que o filme deixasse de ser uma mera estetização da miséria com o aproveitamento comercial do sofrimento da criança africana, faltava-lhe dizer a verdade.
O filme é, um thriller com uma história de amor, ao estilo de um Alfaiate do Panamá, nem mais, nem menos.
Do ponto de vista da execução, quer da fotografia, realização ou interpretação, o filme é praticamente imaculado. As cenas tétricas estão conseguidas ao ponto de nos arrancar a lágrima piedosa. A banda sonora é, pura e simplesmente, soberba. Respira-se um mundo diferente a cada plano, cada cena. O argumento, por seu lado, não sendo medíocre, é comum.
Feitas as considerações tecnicistas, para as quais, importará dizer, não sou qualificado, importa ir ao motivo de fundo do filme, o mesmo que me faz escrever. O filme é uma história de amor, ponto. Ainda assim, vários são os jovens adultos que saem do cinema com uma cara de admiração que só lhes fica bem, mas cuja carga de snobismo é indisfarçável. Ao fim daquele filme, fica-nos bem a todos dizer que o filme é excelente, que aquela farmacêutica é muito má e tal.
O filme caracteriza, embrenhado numa história de amor, as operações desumanas de uma farmacêutica no Quénia, dando a entender que estas operações afectam mais países africanos. O filme trata a vida de um conjunto de ditos activistas que tentam desmascarar a dita empresa e o estado britânico que encobre a realização de testes em seres humanos no continente africano.
O que está mal no filme, então? O filme transporta a visão imposta exactamente pelos mesmos que tenta acusar. O filme engrandece o papel de organizações como a Amnistia Internacional e outras ONG´s semelhantes e o dos activistas burgueses da caridade, reduzindo os povos africanos a insignificantes peões no tabuleiro. Insinua-se recorrentemente, através desta visão burguesa, que a emancipação do continente africano é dependente da boa-vontade dos meninos ricos que vestem uma bata e vão 10 anos para África ajudar os coitadinhos. Ninguém, nestes filmes, fala das verdadeiras causas que conduziram África ao estado em que está. Da mesma forma que encobrem o papel ancião dos europeus e o mais recente papel dos Estados Unidos da América no que toca à destruição de África, ensinam-nos agora a magistral tese de que só o homem branco pode salvar o continente negro.
Além disso, de fazer depender a emancipação popular de toda a África da boa-vontade activista, dita humanitária, este filme personifica, numa visão particularmente maniqueísta, a estratégia empresarial das farmacêuticas. Ou seja, a farmacêutica em causa no filme faz o que faz (testes em seres humanos das populações miseráveis do Quénia à revelia do seu conhecimento), porque é dirigida por pessoas sem escrúpulos e de mau carácter. O próprio estado britânico é, de alguma forma, ilibado, porque também aqui, a cobertura que dá às operações da farmacêutica está exclusivamente relacionada com o facto de um senhor sem carácter da diplomacia britânica favorecer a dita empresa em troca de empregos criados em solo britânico.
Ou seja, a engrenagem do sistema capitalista, verdadeiro gerador desta e outras atrocidades diariamente cometidas há mais de uma centena de anos, não é, em momento algum, posta em causa pelo filme. A burguesia abandona a sala de cinema, com a sua lágrima pendendo do olho, com a mesma sensação de quem observa as fotos de meninos negros que morrem de fome como contemplando arte, com a mesma sensação que tem a beata quando deixa duas moedas ao senhor sem pernas à porta da igreja.
Podem esperar os quenianos, os sudaneses, os somalis, os etíopes, os eritreus, os djibutianos e os outros coitadinhos que a boa-vontade dos brancos lhes dê para sarar as feridas de outros países que não os seus. O colonialismo britânico, italiano, francês, as incursões militares dos Estados Unidos durante os anos 80 e 90 na maioria destes países, a destruição da revolução socialista da Etiópia, as guerras civis a mando das potências colonialistas e alimentadas pela indústria do armamento, o saque dos poucos recursos naturais do corno de África e a implantação geoestratégica e militar da grande potência imperialista são tudo factores desprezados por estes filmes e por esta visão do mundo. A distribuição da riqueza desequilibrada, o desmantelamento do sistema social dos povos, a exploração desenfreada destas populações como seres humanos descartáveis por parte das multinacionais, o abandono do investimento após a destruição dos países e o usufruto dos benefícios geoestratégicos, a imposição de modelos políticos desadequados, a divisão artificial dos povos, tudo isto, imposições estrangeiras, nunca são referidas nem acusadas.
O episódio retratado pelo filme “the constant gardener” não é um episódio… é uma característica natural do sistema capitalista. Não encontra a sua solução no activismo voluntarista da burguesia. Não a encontrará no preenchimento de cargos de direcção das multinacionais por pessoas de bom coração, escrupulosas ou bondosas. Não a encontrará na evangelização dos povos muçulmanos do Corno de África, nem na intervenção dos senhores doutores dos médicos sem fronteiras, nem aterragem de farinhas recolhidas nos supermercados dos brancos.
É tudo isto que faltava mostrar, para que esta história de amor passasse disso mesmo. Para que o filme deixasse de ser uma mera estetização da miséria com o aproveitamento comercial do sofrimento da criança africana, faltava-lhe dizer a verdade.
O filme é, um thriller com uma história de amor, ao estilo de um Alfaiate do Panamá, nem mais, nem menos.
Friday, January 06, 2006
O simbionte parasita
Cerca de 200 anos de consolidação prática de um dos ideais mais predatórios da história da humanidade, fizeram também dele, um edifício social e orgânico permanentemente mutável e adaptável, deram-lhe capacidades de inteligência até hoje imbatíveis, mas não lhe retiraram o carácter autofágico e suicida que lhe é inerente e indissociável.
O capitalismo, tal como o conhecemos agora e mesmo nesta sua expressão imperialista, tem longa prática, longos anos de experiência, absorvendo na maioria das situações as maiores criações da humanidade para a satisfação das necessidades desse sistema, colocando a ciência e a economia ao serviço da sua sustentação e, sempre que possível, do seu próprio avanço político e estratégico.
A ofensiva ideológica é de tal forma brutal que a propaganda atinge graus de requinte nunca antes vistos. Num momento histórico em que, supostamente, a humanidade no geral devia estar mais capaz de analisar o meio, de interpretar a realidade e as formas de agir sobre ela, o capitalismo utiliza os mecanismos mais contraditórios de propaganda, assentes em raciocínios deveras elementares, mas ainda assim, muitas vezes praticamente indecifráveis. Os sinais são-nos dados diariamente, a cada segundo, em cada noticiário, em cada aula na escola, em cada dia de trabalho, em cada jornal. Mas tudo se torna bastante mais grave quando o capital detém inteiramente as forças governantes. Claro que isso acontece praticamente desde que existe capitalismo. Rapidamente o capital entendeu que, mesmo o parlamentarismo e as democracias representativas o podiam servir na perfeição, quem sabe, melhor até que uma assumida ditadura. A ilusão é a mais poderosa arma do capitalismo e do patronato. Numa altura em que a repressão não pode atingir os contornos que já atingiu – o que não quer dizer que não torne o capital a utilizá-la de forma massificada, caso entenda que é esse o recurso que mais o serve num futuro – o capital desenvolve novas formas de opressão.
A ofensiva ideológica que presenciamos actualmente é global e, obviamente, toma expressões diversas. Mas uma das suas formas mais preocupantes é a manipulação directa do raciocínio do indivíduo e dos colectivos, por via, quer de um controlo dos conteúdos educacionais, quer do recurso constante aos instrumentos de pressão social de que dispõe um estado. A utilização do Estado para servir o capital, no quadro da sua influência propagandística é um meio típico e habitual do capitalismo, complementado por uma forma de acção semelhante por parte dos partidos burgueses que disputam o poder executivo de um estado capitalista.
Indirectamente já nos remetemos a este assunto noutros posts. Hoje, quando subia um qualquer lance de escadas, revoltei-me com uma artimanha do capital admirável: fazer crer às massas trabalhadoras que o seu bem-estar depende do bem-estar e avanço do próprio capital. Curiosamente, esta relação é unívoca. O capital não assume, pelo contrário, combate a ideia de que o bem-estar das empresas depende do aumento do bem-estar dos trabalhadores.
Incontornavelmente, os interesses destes dois pólos (porque o capital não é propriamente uma classe, sendo representado por várias) são inconciliáveis. Existe um antagonismo insanável. Os trabalhadores anseiam a melhoria das suas condições de vida, dependente do valor dos seus salários e dos serviços públicos capazes de serem prestado pelo Estado. O capital aspira à maior arrecadação de lucro possível, extraído directamente do produto do trabalho dos outros. Ou seja, a razão lucro/salário deve ser sempre a maior possível para satisfazer o capital, verificando-se o inverso para os trabalhadores. À medida que essa taxa diminui o capital perde terreno. E é da diminuição dessa taxa que depende a qualidade de vida dos trabalhadores, bem como a capacidade de qualquer Estado de garantir os serviços básicos à sua população.
Não é raro, antes recorrente, ouvir o governo e os partidos burgueses, argumentarem constantemente com este postulado. A diminuição dos salários reais, por exemplo, ilustra perfeitamente esta concepção. Quanto menores forem os salários, mais vontade de investimento terá o capital privado, sabendo à partida que retirará mais lucros da sua actividade, ou seja, sabe de antemão que disporá de uma razão lucro/salário elevada. Ora, só por si, isto contraria a tese de que existe uma relação simbiótica entre trabalho e capital. Existe sim, uma relação parasitária entre estas duas forças.
Desiludam-se portanto aqueles que descansam ao ouvirem falar de grandes lucros, ou aqueles que suspiram de alívio quando ouvem dizer que tudo será privado porque os serviços públicos não prestam. Desiludam-se aqueles que esperam da florescência do mercado de capitais e do crescimento dos lucros advenientes da especulação uma melhoria concreta nas suas condições de vida. O capital, enquanto dominar, proporcionará aos trabalhadores exactamente o grau de qualidade de vida que julgar essencial para o cumprimento efectivo das tarefas que cabem aos trabalhadores. O capitalismo não anseia a sua própria ruptura e vem tratando a suas feridas provisoriamente e de forma remediada há muito, o que conduzirá a uma exposição cada vez maior das suas contradições internas, bem como das suas consequências junto dos povos.
O capitalismo, tal como o conhecemos agora e mesmo nesta sua expressão imperialista, tem longa prática, longos anos de experiência, absorvendo na maioria das situações as maiores criações da humanidade para a satisfação das necessidades desse sistema, colocando a ciência e a economia ao serviço da sua sustentação e, sempre que possível, do seu próprio avanço político e estratégico.
A ofensiva ideológica é de tal forma brutal que a propaganda atinge graus de requinte nunca antes vistos. Num momento histórico em que, supostamente, a humanidade no geral devia estar mais capaz de analisar o meio, de interpretar a realidade e as formas de agir sobre ela, o capitalismo utiliza os mecanismos mais contraditórios de propaganda, assentes em raciocínios deveras elementares, mas ainda assim, muitas vezes praticamente indecifráveis. Os sinais são-nos dados diariamente, a cada segundo, em cada noticiário, em cada aula na escola, em cada dia de trabalho, em cada jornal. Mas tudo se torna bastante mais grave quando o capital detém inteiramente as forças governantes. Claro que isso acontece praticamente desde que existe capitalismo. Rapidamente o capital entendeu que, mesmo o parlamentarismo e as democracias representativas o podiam servir na perfeição, quem sabe, melhor até que uma assumida ditadura. A ilusão é a mais poderosa arma do capitalismo e do patronato. Numa altura em que a repressão não pode atingir os contornos que já atingiu – o que não quer dizer que não torne o capital a utilizá-la de forma massificada, caso entenda que é esse o recurso que mais o serve num futuro – o capital desenvolve novas formas de opressão.
A ofensiva ideológica que presenciamos actualmente é global e, obviamente, toma expressões diversas. Mas uma das suas formas mais preocupantes é a manipulação directa do raciocínio do indivíduo e dos colectivos, por via, quer de um controlo dos conteúdos educacionais, quer do recurso constante aos instrumentos de pressão social de que dispõe um estado. A utilização do Estado para servir o capital, no quadro da sua influência propagandística é um meio típico e habitual do capitalismo, complementado por uma forma de acção semelhante por parte dos partidos burgueses que disputam o poder executivo de um estado capitalista.
Indirectamente já nos remetemos a este assunto noutros posts. Hoje, quando subia um qualquer lance de escadas, revoltei-me com uma artimanha do capital admirável: fazer crer às massas trabalhadoras que o seu bem-estar depende do bem-estar e avanço do próprio capital. Curiosamente, esta relação é unívoca. O capital não assume, pelo contrário, combate a ideia de que o bem-estar das empresas depende do aumento do bem-estar dos trabalhadores.
Incontornavelmente, os interesses destes dois pólos (porque o capital não é propriamente uma classe, sendo representado por várias) são inconciliáveis. Existe um antagonismo insanável. Os trabalhadores anseiam a melhoria das suas condições de vida, dependente do valor dos seus salários e dos serviços públicos capazes de serem prestado pelo Estado. O capital aspira à maior arrecadação de lucro possível, extraído directamente do produto do trabalho dos outros. Ou seja, a razão lucro/salário deve ser sempre a maior possível para satisfazer o capital, verificando-se o inverso para os trabalhadores. À medida que essa taxa diminui o capital perde terreno. E é da diminuição dessa taxa que depende a qualidade de vida dos trabalhadores, bem como a capacidade de qualquer Estado de garantir os serviços básicos à sua população.
Não é raro, antes recorrente, ouvir o governo e os partidos burgueses, argumentarem constantemente com este postulado. A diminuição dos salários reais, por exemplo, ilustra perfeitamente esta concepção. Quanto menores forem os salários, mais vontade de investimento terá o capital privado, sabendo à partida que retirará mais lucros da sua actividade, ou seja, sabe de antemão que disporá de uma razão lucro/salário elevada. Ora, só por si, isto contraria a tese de que existe uma relação simbiótica entre trabalho e capital. Existe sim, uma relação parasitária entre estas duas forças.
Desiludam-se portanto aqueles que descansam ao ouvirem falar de grandes lucros, ou aqueles que suspiram de alívio quando ouvem dizer que tudo será privado porque os serviços públicos não prestam. Desiludam-se aqueles que esperam da florescência do mercado de capitais e do crescimento dos lucros advenientes da especulação uma melhoria concreta nas suas condições de vida. O capital, enquanto dominar, proporcionará aos trabalhadores exactamente o grau de qualidade de vida que julgar essencial para o cumprimento efectivo das tarefas que cabem aos trabalhadores. O capitalismo não anseia a sua própria ruptura e vem tratando a suas feridas provisoriamente e de forma remediada há muito, o que conduzirá a uma exposição cada vez maior das suas contradições internas, bem como das suas consequências junto dos povos.
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