Após acesa contenda argumentativa, a Assembleia do Império Bárbaro decidiu, por unanimidade, o apoio a um candidato à Presidência da República.
Como blog que pugna, irremediavelmente, pela transformação do mundo e da ordem das coisas, esta era apenas mais uma fase que nos exigia tomar uma decisão. Ora, analisando as opções, a Assembleia, reunida numa viela de Lisboa onde cheirava a ginja e cidra, teceu a seguinte resolução.
1. Os candidatos à Presidência da República não surgiram agora, já existiam antes da marcação da data das eleições. Todos, sem excepção, também já existiam antes do anúncio das suas candidaturas a este órgão de soberania.
2. O Mário Soares é um traidor da classe operária, reciclada velharia do baú do desespero, contribuindo com a sua candidatura para a desacreditação do sistema democrático e da sua capacidade de auto-regeneração. Ao assumir-se como candidato, retira a confiança à própria população portuguesa, achando que é o único homem do país capaz de ser Presidente. O PS apoia este, porque se está borrifando para quem ganha as eleições, desde que seja o Cavaco, tolerando ainda o Soares e o Manuel. Aliás, para o actual governo do PS, o candidato que melhor garante a estabilidade dos trabalhos de desmantelamento nacional e atentados contra a pátria é o Cavaco. O Soares é um mito. Custa-me crer que ainda posso ter de vir a votar nele. Anima-me a ideia de que, caso isso tenha de acontecer, esta será provavelmente, a última vez.
3. O Manuel Alegre é um poeta fingidor no verdadeiro sentido da palavra. Ainda que fosse um poeta real e sincero, não faria dele automaticamente um humanista e um bom Presidente. No entanto, ele é mesmo falso. É resquício da aristocracia arrogante, do nariz empinado típico dos olhem-para-mim-que-sei-escrever-coisas-bonitas-mesmo-que-sejam-sobre-o-25-de-abril-revolução-que-em-vez-de-esperança-me-dá-comichão. É pois, este, um senhor que utilizou sempre a esquerda como o garante de poleiro. Um homem acima dos partidos mas a quem só faltou rastejar no esterco dos porcos do Montijo para implorar mais do que implorou ao PS o seu apoio partidário. Um caçador nato, não só de patos, mas de ingenuidades.
4. O Francisco Louçã é um candidato de ressabianço. O berloque não podia deixar passar esta oportunidade para relembrar todos que ainda existe. Principalmente depois da talhada que levaram nas autárquicas, impunha-se dizer ao povo que continuam cá. Com esta candidatura até garantem mais umas colocações acima do PCP nas sondagens. Mesmo que depois isso não se reflicta sequer num amendoim. O que importa são os jornais e os comentadores. Uma mentira repetida muitas vezes torna-se verdade… pelo menos na cabecinha mimada do senhor Francisco Louçã (passe a citação de Goebbels).
5. O Cavaco é o candidato dos interesses do capital. É o candidato que preferia matar a Constituição à facada que jurar ter de a cumprir e fazer cumprir. Mas… ele está disposto a fazer esse esforço: jurar defendê-la e depois assassiná-la com desdém. Cavaco tem um brilho horrível na testa que insiste em não limpar… nós achamos que é suor. Cavaco é de direita. Cavaco fingiu que já não gosta do PSD só porque ninguém gosta do PSD. Cavaco não quer o apoio público da mula da cooperativa, mas a mula é a sombra do Cavaco. O Cavaco diz que lá em casa, a sua mulher se farta de rir e que gosta muito dela. O Cavaco não sabe falar como deve de ser. O Cavaco gosta do Sócrates e o Sócrates gosta do Cavaco. Nós não gostamos do Sócrates. O Cavaco acha bem vender o país ao capital nacional e finge não saber que o capital nacional vende o país ao capital estrangeiro, que depois compra o Cavaco. O Cavaco é um ser do passado, um cogumelo das caves escuras da história do país, um ser que ainda cheira aos bolores do fascimo, do corporativismo e do chauvinismo. Cavaco é contra a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, defendendo que as mulheres portuguesas devem continuar a ser presas, julgadas e humilhadas por terem tomado a decisão mais difícil das suas vidas, confrontadas com a ausência de meios para sustentar o seu filho. Cavaco está-se nas tintas para a IVG porque as mulheres dos seus patrocinadores vão abortar ao estrangeiro. O Cavaco é o candidato anti-Portugal.
6. O Jerónimo é o único que assume a sua parcialidade. É o único que fala contra as últimas revisões constitucionais descaracterizadoras. É o único que fala de desenvolvimento, justificando simultaneamente, com a defesa e fortalecimento do aparelho de produção nacional. É o único que não fala por palavras fáceis, preferindo explicar o que diz, mesmo que isso não mereça capas de jornal, nem soe tão bem aos ouvidos dos mais distraídos. É o único que não molda o discurso conforme a plateia. É o único capaz de defender a Constituição e os seus princípios, não por palavras, mas por ideais. Além disso, o Jerónimo é sincero, afável e simpático. Não é doutor, não é poeta, mas é construtor. Construtor empenhado do mundo do futuro.
7. Não descansamos à sombra das barbaridades que nos dizem que o Cavaco é o imaculado salvador da pátria, o messias esperado. Relembramos o passado e o papel histórico de cada um dos candidatos, fazendo jus ao ponto 1. O Império bárbaro apoia a candidatura de Jerónimo de Sousa à Presidência da República Portuguesa.
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