Hoje, os deputados do Partido Socialista levaram à Assembleia da República o elogio dos seus próprios defeitos. Para quem quisesse ouvir.
Esta estratégia de propaganda começa a ruir. As brechas que vão ferindo o edifício de aparente concordância entre a população portuguesa e as políticas deste Partido Socialista são já tão largas que passam manifestações inteiras por entre elas. Manifestações grandes. Daquelas com centenas de milhar de jovens, empregados, estudantes, mulheres, reformados, professores, agentes da autoridade, funcionários da administração pública, operários, agricultores… das grandes, pois.
As brechas aí estão a demonstrar a ruína da propaganda do PS. A táctica de dizer que tudo está bem até à exaustão, mesmo quando as condições objectivas comprovam exactamente o inverso, começa a mostrar a sua fragilidade. O que não poderia ser de outra forma. Permito-me a utilizar a sábia expressão: “Podem enganar uma pessoa por muito tempo. Podem enganar muitas pessoas por algum tempo. O que não podem é enganar toda a gente, durante todo o tempo.”
Então aí estão os aumentos do custo de vida, a degradação das condições de vida dos jovens, dos trabalhadores e dos reformados. Aí estão as jogadas maquiavélicas em torno do aborto. Aí está a diminuição do custo do trabalho e a diminuição dos salários, o congelamento da progressão nas carreiras da administração pública, o aumento das propinas no ensino superior, o desmantelamento do Incentivo ao Arrendamento por Jovens, as “taxas moderadoras” de internamentos, consultas e tratamentos nos hospitais públicos, a destruição das redes de transportes públicos, a entrega do sector público à exploração privada, os aumentos dos custos da electricidade e dos combustíveis. (respira) Aí estão os impostos também para deficientes, a diminuição das verbas para os laboratórios de estado, a diminuição da acção social escolar, a privatização do ensino e dos serviços de cantinas, refeitórios e residências, aí está o aumento do IVA, a implementação da co-incineração como estratégia primária de tratamento de resíduos industriais perigosos ou banais. Aí temos a diminuição das verbas do Orçamento do Estado para as autarquias locais, a perseguição política a dirigentes sindicais, associativos e estudantis. Para não ir mais longe que já se entende o sentido de tão vasto rol de atrocidades.
Aí estão… para mostrar tudo quanto este governo tem feito para beneficiar os do costume. Os lucros da EDP, das petrolíferas, da indústria e comércio multi e transnacionais, da banca e das instituições de crédito agigantam-se escandalosamente. Daí nasce uma primeira pergunta: é de esquerda um governo que prefere a concentração dos meios de produção, dos lucros do capital produtivo e especulativo num punhado de balofos capitalistas ou empresas?
Isto porque foi hoje mesmo que o Partido Socialista nos brindou com a sua indignação perante a acusação de que não estaria executando políticas de esquerda. Observação do Partido Comunista Português em resposta à encenação que o Partido Socialista acabara de levar a cabo. Indignado, responde o PS de que é de esquerda sim senhor. Que não recebe lições sobre o que é ser de esquerda de ninguém e muito menos do PCP.
Escusar-me-ei a mais que o seguinte:
Sócrates diz no debate na generalidade sobre o Orçamento do Estado para 2007 que o PSD está irritado porque este Governo PS está a fazer tudo quanto o PSD queria ter feito, mas não foi capaz.
Palavras para quê? É de esquerda também o PSD…
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment