As correntes situacionistas, em grande parte escondidas não só nas caras tapadas dos putos anarquistas e no turismo "revolucionário" que se desloca atrás do G8 e das cimeiras dos senhores do capital mas também nos partidos políticos, são uma das mais poderosas formas de diversão e desconcentração do descontentamento e da luta.
Cada vez mais, ditos analistas, politólogos, comentadores, líderes partidários e movimentos anarquizantes, confluem nas teses superficiais do situacionismo. Alguns chamam-lhes insurreccionalismo ou activismo autónomo. Outros chamam-lhe mesmo "esquerda". Na verdade, tudo é apenas uma nova expressão da ofensiva ideológica do capitalismo. Fortemente alicerçada na ignorância de massas e no individualismo galopante, a doutrina da diversão e da ilusão, ancorada nas mais ignóbeis correntes idealistas do pensamento, vai fazendo caminho para conter a luta dos trabalhadores e dos povos.
O sistema capitalista, como bem podemos ver e sentir em Portugal, está em nova crise, daquelas cíclicas e estruturais que os marxistas sempre souberam identifcar. A crise atinge de formas diferentes as diferentes classes sociais, como seria de esperar. Ainda assim, desestrutura o funcionamento regular das sociedades dos países mais desenvolvidos e reduz significativamente a estabilidade dos processos de produção e da subsequente exploração. Ou seja, os equilíbrios são tão frágeis ou inexistentes que os próprios estados mais avançados do capital são alvo de profundas crises e agitados por autênticos terramotos económicos à mais pequena flutuação dos mercados e dos mecanismos de especulação.
E, no entanto, da mesma forma que os comunistas descodificam estes processos, o sistema capitalista conhece-os bem. Conhece-os perfeitamente, aliás. E é o próprio sistema e os seus homens-governos de mão bem colocados na política mundial que improvisa ponderadamente as medidas de mitigação de impactos e, acima de tudo, de manipulação de massas. Importa, pois, assegurar dois pontos essenciais: manter o descontentamento sem expressão revolucionária e manter a capacidade regenerativa do capitalismo, ou seja, da exploração.
Isto significa que, a cada altura, o capital estabelece as necessárias campanhas de ofensiva ideológica para satisfazer esses dois grandes desígnios fundamentais para a sua manutenção. O descontentamento atinge, particularmente em alturas de intensificação da opressão e da exploração, proporções massivas, mobilizando amplos sectores das camadas populares e dos trabalhadores. A conversão do descontentamento em consciência revolucionária é, no entanto, um processo exigente e prolongado, cujo desenvolvimento depende da existência de um conjunto de condições objectivas e subjectivas.
As bolsas de contenção do descontentamento funcionam essencialmente como bolsas de contenção do potencial revolucionário. É o próprio sistema que as acolhe e promove, desde sempre. Quer seja através dos situacionismos ou outros meios. O esquerdismo radical deixou de ter grande papel, sendo que não nos encontramos numa situação predominantemente revolucionária, mas sim resistente. Assim, importa dar outras expressões ao situacionismo. E eis que ele aparece sobre a forma de "forças de esquerda", "comícios da esquerda" e mesmo de "individualidades".
E todos esses, mais não são senão situacionistas. São os que se prestam a manter tudo como está.
Tudo para que a revolução continue fora das perspectivas dos descontentes. Só a luta de massas, em força, só o envolvimento directo dos trabalhadores, sem ícones ou chefes, sem ídolos ou guias, pode romper com o cerco do situacionismo e do capital! A luta é o caminho!
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1 comment:
E ainda há aqueles, que dizem -"eu não quero nada com os partidos, prefiro correr por fora".
E tambem existem aqueles partidos, que se denominam de esquerda, e a sua atitude, e prática, e tudo menos de esquerda.
E tambem existem "Alegres " que só fazem figuras tristes.
A luta é muito difícil e desigual, mas o número dos que estão dispostos a lutar vai aumentando, porque chegaram á conclusão que a luta é o caminho!
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