Friday, April 27, 2012

Capitalismo para Totós XXVIII - Racionalidade

Racionalidade é o substantivo agora utilizado para substituir "diminuição". A "racionalização dos recursos humanos" deve ler-se portanto "o despedimento de trabalhadores". A "racionalização de meios" deve ler-se "corte no financiamento". A "racionalização da rede escolar" deve ler-se como "encerramento de escolas". A "racionalização da rede de transportes" deve ler-se "corte, diminuição, extinção e encurtamento de carreiras". Ou seja, a "racionalidade" na linguagem dominante não significa o que aparenta. Até porque o termo não é neutro politicamente. Vejamos: "racionalidade" alude à qualidade do que é racional. E o que é "racional"? É "racional" o que resulta do raciocínio. Como tal, tendo em conta o raciocínio da classe dominante, "racionalizar" ou aplicar "racionalidade" é de facto, aplicar a "razão de classe". E que "razão", que "raciocínio de classe" é esse? É simples: organizar a sociedade em função do lucro e dos interesses de classe, subordinar toda as opções políticas à lei da mais-valia e da acumulação. Assim, não mentem os fantoches do Capital quando falam de "racionalidade" porque é verdade que aplicam a sua "razão". Não é menos verdade que o termo "racionalidade" aparenta revestir-se de uma neutralidade ideológica, de alusão à técnica em vez da política, cobre-se de uma "razoabilidade por ordem divina" que ilude o seu real significado. Com "racionalidade" a substituir "corte", "diminuição", "encerramento", passa-se de uma linguagem que gera reacção nas massas para uma que as tranquiliza e quase as faz ansiar o "corte", a "diminuição", o "encerramento".

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