Friday, July 04, 2014

Proletariado, a classe em ascensão IV

O capitalismo autodestruir-se-á, não pela falência dos seus sistemas (de vigilância, repressão, exploração) que, pelo contrário se reforçam a cada dia; mas pela ampliação da força da classe mais numerosa e poderosa que o próprio capitalismo, ao se realizar, gera.

O processo de realização capitalista implica a socialização do processo produtivo, acompanhada do desenvolvimento dos meios de produção. Nesse percurso, o capitalismo coloca nas mãos do proletariado os meios de produção, apesar de manter a apropriação do resultado. A tomada de consciência global, por parte da classe trabalhadora, de que a apropriação privada dos resultados não só não contribui para o desenvolvimento e progresso, como a partir de determinada fase os contém, significará a reivindicação pelo proletariado da própria planificação da produção.

O proletariado - o conjunto de todos os que dependem única e exclusivamente do seu trabalho para viver - não terá aliados nessa conquista, porque não existirá nada mais além do proletariado e da burguesia. Ou seja, no processo de acumulação capitalista em curso, existirão tendencialmente apenas duas classes: burguesia a trabalhadores, na medida em que todas as camadas intermédias serão espoliadas dos seus bens pela burguesia através do capital financeiro e do Estado. A terra será trabalhada por máquinas e trabalhadores, detida por um fundo internacional. A habitação onde morarão os trabalhadores estará integralmente nas mãos dos fundos imobiliários. A indústria funcionará com operários e máquinas, mas nas mãos do capital financeiro.As pequenas explorações comerciais encerrarão ou serão tomadas por grupos económicos transnacionais. As pequenas propriedades agrícolas serão apropriadas pelo capital financeiro e colocadas ao serviço da especulação ou da monocultura intensiva. Os chamados "profissionais liberais" exercerão as suas funções enquadrados num sistema privado, como subordinados, proletarizados. O Estado abdicará de todos os serviços de protecção do trabalhador e orientará contra este todos os seus meios repressivos.

Esse é o futuro a longo prazo. Mas mesmo esse futuro não deixa de comportar a implosão do próprio sistema capitalista, na medida em que acentua os antagonismos de classe à exaustão, além dos limites materiais que a hegemonia pode iludir. O proletariado terá aliados apenas se o processo revolucionário se iniciar antes da total aniquilação das camadas intermédias. A sua opção será serem liquidadas pelo socialismo ou pelo capitalismo.

O capitalismo autodestruir-se-á, não pela falência dos seus sistemas, mas por trazer no seu bojo a mais revolucionária e poderosa classe social, que, sendo crescentemente explorada, está simultaneamente cada vez mais próxima do poder concreto, da produção, dos meios de produção.

A organização dos trabalhadores, seja qual for a forma e o nome que ela tome, será a chave, a todo o tempo. Classe organizada, programa revolucionário, estrutura humana capaz de o concretizar.


1 comment:

Anonymous said...

Já fui menos comunista já.
Quando se praticam políticas cobardes que brindam os egocentrismos dos poderosos, ruma-se em direção ao retrocesso civilizacional.
Há estudos científicos que comparam o vício do jogo ao vício da cocaína.
Eu comparo isso ainda a muita da ganancia a que assistimos hoje, muitas vezes descabida e absolutamente perniciosa, inclusivamente para os próprios gananciosos.