Wednesday, May 22, 2013

a luta pela natureza é a luta pelo socialismo (ii) - 2013

A intensificação da exploração capitalista e da correspondente ofensiva ideológica veio remeter para segundo plano as fingidas preocupações ambientais do sistema. Dada a degradação das condições materiais da generalidade da população dos países capitalistas, a sensibilidade ambiental tão apregoada sofreu forte abalo. Esse quase ocaso da propaganda ambiental pode reflectir a real intenção com que era utilizada: criar focos de contenção e diversão, em torno de justas preocupações populares e criar um invólucro "ambientalista" a um conjunto de países ditos "desenvolvidos", enquanto na verdade os monopólios continuavam - como hoje continuam - a delapidar intensivamente os recursos naturais sem quaisquer preocupações com a sustentabilidade e equilíbrio dos ecossistemas.

Tendo em conta a ligação efectiva entre economia e ecologia, a sua interpenetração e interdependência, não podemos abdicar de, mesmo em contexto de crise financeira e económica do sistema capitalista, colocar como central a luta pela natureza e pela gestão popular e democrática dos recursos naturais, partindo desde já para a defesa da sua posse comum.

O desenvolvimento das relações sociais no quadro capitalista conduzem a uma socialização da produção com apropriação privada do produto, e essa socialização da produção é, em grande medida, consequência do desenvolvimento dos meios de produção. Também na luta pelo equilíbrio ambiental e pela preservação da natureza devemos ter em conta a constante evolução dos meios de produção e da tecnologia. 

Assim, acrescento apenas ao artigo de 2007, o seguinte:

Ao contrário do que possa parecer para muitos defensores da natureza, a relação da humanidade com a natureza é tanto mais estável quanto mais desenvolvidos se encontrarem os meios de produção e quanto mais socializado for o processo produtivo, associado a uma distribuição social da riqueza. O primitivismo, a defesa da estagnação do desenvolvimento, não corresponde nem à satisfação das necessidades materiais do ser humano, nem às necessidades que o equilíbrio ecológico impõe. A regressão tecnológica ou a estagnação do desenvolvimento técnico, científico e mesmo industrial, constituiriam factores de regressão social e ambiental catastróficos. 

A ilusão de um retorno a uma vida despojada de tecnologia é apenas sustentável em pequenas comunidades, pois mesmo as opções de vida ambientalmente menos prejudiciais que são tomadas por alguns só podem coexistir com a abundância material num contexto de utilização de tecnologia avançada. Ou seja, a auto-produção alimentar, a horta urbana, a reciclagem caseira, a eventual produção caseira de energia, por exemplo, são procedimentos que não negam o desenvolvimento tecnológico, antes que dele dependem e cuja eficiência com esse desenvolvimento cresce.

Confluem para a salvaguarda do substrato ambiental então, precisamente os mesmos dois factores que concorrem para a superação do Capitalismo: o desenvolvimento dos meios de produção e a luta de classes. 

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