Monday, October 10, 2005

O circo chegou à cidade!

Por todos os jornais e TV´s o PSD é o grande vencedor destas eleições autárquicas. O PS descarta os seus maus resultados, sacudindo a água do capote, com um discurso claramente orientado a nível nacional. Todos os seus candidatos derrotados assumem pessoalmente as derrotas e as responsabilidades pelos resultados negativos. Com a excepção do mítico Catarino Costa de Setúbal que obteve a pior votação no Partido Socialista e que culpa o governo pelos suas míseras duas dezenas de pontos percentuais. O PS escapa assim à fulminante derrota eleitoral que obteve por todo o país. Catarino Costa mantém a sua aura de egocêntrico ignorante.

Não deixa de ser curioso observar o comportamento do PS neste episódio eleitoral e, principalmente, compará-lo com o comportamento do PS quando Guterres era Primeiro-Ministro.

1. Na altura, o PS demite-se do poder executivo por considerar os resultados autárquicos demasiadamente punitivos, numa transposição política que não pode ser linear. O PS entregou o país de mão beijada aos seus amigos do PSD, a Durão Barroso, ao outro ordinário da Figueira da Foz e àquele pequenote hitleriano/salazarento/bolorento que se eclipsou depois das últimas legislativas. Ou seja, em 2001, o Partido Socialista entende que não estão reunidas as condições de confiança popular, por via dos resultados autárquicos e demite-se.

2. Nas autárquicas de 2005, o Partido Socialista sofre derrotas ainda de maior envergadura, vê desgastado o seu eleitorado e perde Câmaras para a CDU e para o PSD por todo o país, bem como vê algumas das suas maiorias a serem fragilizadas por perdas significativas de posições.
Mas, espantemo-nos nós e outros desprevenidos! Desta feita o PS não só não retira conclusões nacionais dos resultados autárquicos, como considera um disparate fazê-lo e afirma com todas as letras que o governo está capaz de manter a coesão e a capacidade governativas... Vá-se lá perceber estes xuxas.


Uma outra importante conclusão se retira destas autárquicas: só uma força é verdadeiramente surpresa pela positiva, só uma força apresentou uma inversão positiva de resultados. Vejamos, o PS continua a sua curva descendente, perdendo eleitorado e Câmaras Municipais. O PSD mantém-se numa curva ascendente, fruto da repetição de uma conjuntura que lhe é favorável e, essencialmente, capitalizando o descrédito que o PS angariou. A mentira do PS, a falta de ética e espinha dorsal, beneficiou o PSD, sem dúvida. O CDS desapareceu do mapa. O Bloco de Esquerda engoliu a sua presunção e reduziu-se à sua verdadeira dimensão, a da insignificância.
Resta ponderar os resultados da coligação dos comunistas e Verdes, a CDU. Esta coligação conquista 7 Câmaras ao PS, incluindo Peniche onde nunca havia sido poder. Salda-se num crescimento positivo de 4 Câmaras, por ter perdido três (Alcácer do Sal, Redondo e Estremoz).
No entanto, a CDU reconquista o Barreiro, Sesimbra, Alcochete, Marinha Grande, Barrancos e Vidigueira, mostrando que as populações que já experimentaram a gestão CDU não suportam a gestão desastrosa, enganosa e leviana do PS.

A CDU foi a única força que inverteu o rumo negativo que vinha sentindo desde 1989. Mas isto para os senhores jornalistas não é nada. Claro que bastaria ter tido um saldo negativo de uma Câmara para que páginas de jornais se enchessem vaticinando de novo a morte dos comunistas.

Assim se vê...

Os comunistas aí estão. A crescer, como papoilas num deserto de ideias. Os comunistas reforçam-se nas lutas do povo. Veja-se Sesimbra, Marinha Grande, claros exemplos de lutas populares recentes. Os comunistas lá estiveram lado a lado com as populações. E elas souberam reconhecer isso, souberam reconhecer aqueles que não traem.

post scriptum: os partidos que albergaram e promoveram as candidauras dos agora "independentes" tentam afastar-se desses candidatos, mas a história não esquece quem os criou, quem lhes deu as vitórias. O povo sem esgotos, sem saneamento, sem água e sem luz, sem livros, sem bibliotecas e sem alimento para o espírito está condenado a ser manipulado por essas figuras maiores da deplorável demagogia, enquanto não decidir questionar. Um dia o fará. Nesse dia, tanto os senhores criminosos terão de abandonar a política, como PS e PSD chamarão a Portugal uma ditadura. Será realmente uma nova ditadura, ditadura da liberdade sobre a ignorância, da cultura sobre a brutalidade, da criação sobre a massificação. Portugal novo, ressuscitado, no cumprimento de Abril e de quantas revoluções forem necessárias ainda fazer.

1 comment:

Anonymous said...

O povo tem memória curta... dá-lhes festa e vinho, que fica tudo sossegadinho.