O sistema capitalista, com quase 250 anos de construção não tem conseguido ultrapassar os problemas que desde logo se lhe colocaram. Sempre os marxistas acusaram o capitalismo de conter em si o gene da desumanidade, por centrar a organização da sociedade humana, não no Homem, mas na acumulação de capital.
A produção mundial conheceu avanços magníficos no quadro inegável da evolução do capitalismo, avanços esses fortemente relacionados com o funcionamento do próprio mercado capitalista e com as dinâmicas criadas pela concorrência entre empresas que acabou por favorecer a evolução tecnológica nos sistemas de produção.
Hoje, a produção é maior do que a necessária para que todos os seres humanos pudessem viver em condições de dignidade e a mão-de-obra envolvida na produção poderia empregar todos desde que diminuída a carga sobre cada indivíduo. A tecnologia dos sistemas de produção e os custos de produção também já permitem que os salários dos trabalhadores vão ganhando aproximação ao valor da produção.
No entanto, nenhuma destas potencialidades da humanidade e da sua sociedade mundial se verifica. Pelo contrário, a concentração de capital é cada vez mais acentuada, a produção e a riqueza são cada vez mais mal distribuídas entre as classes e entre os diferentes povos do mundo.
As ideologias, os sistemas de modelos conceptuais e bases teóricas para a acção, fazem hoje, cada vez mais sentido. Numa altura em que os povos se encontram numa encruzilhada histórica, urge construir um rumo alternativo para a história colectiva da humanidade. Tal não acontecerá por acaso.
Ao longo da história, as classes dominantes foram sempre utilizando diversas metodologias de ofensiva ideológica e de controlo, para a manutenção das relações inter-classistas. A repressão, a ignorância de massas, o controlo religioso, a fome, o desemprego e outras formas de opressão física, psicológica ou ideológica sempre foram os recursos mais utilizados pelas classes dominantes.
O capitalismo, no entanto, tem vindo a aperfeiçoar todos esses mecanismos, não abandonando nenhum deles, refinando cada um, aperfeiçoando-os enquanto metodologias. O capitalismo e os sistemas que representam os pólos opressores e exploradores têm levado a tortura, a guerra e outras formas de repressão a novos patamares de desumanidade, mas também encobertos pela arma de ponta do imperialismo e do capitalismo – a ideologia. E é aqui que o sistema capitalista tem desenvolvido as mais brilhantes testes (não menos erradas) ideológicas que lhe possibilitam de certa forma o controlo de massas.
Uma das questões centrais que se coloca é a que se relaciona com as novas formas de misticismos e idealismos baseados na ignorância que o capitalismo tem conseguido criar e espalhar, utilizando mesmo os recursos dos Estados como os sistemas educativos de massas. O ocaso das ideologias tão anunciado pelos professores da política neo-liberal e destacados quadros intelectuais do capitalismo é a mais refinada das evoluções da ofensiva dirigida contra os povos e contra os trabalhadores de todo o mundo. A ausência da perspectiva materialista que é infundida nas massas conduz à aceitação passiva de conceitos paralelos à realidade, um dos principais e cada vez mais sustentado pela rede ideológica do capitalismo é o do acaso, aliás já promovido desde que o marxismo sistematiza as leis da história.
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