Friday, February 22, 2008

Alterações enigmáticas

A conversa das alterações climáticas dá para tudo. É quase um assalto político, uma chantagem massiva sobre os povos. "Ou pagas ou morres".

Era altura de todos pararmos para reflectir um pouco sobre essa coisa das alterações climáticas.

Primeiro é curioso verificar que a conversa mudou de "aquecimento global" para "alterações climáticas", o que bem demonstra a fragilidade do conceito. Na prática, dá para tudo, faça sol ou faça chuva, pareça isto um forno ou um congelador, o conceito abrange tudo.

Segundo, seria útil que todos quantos hoje alarmam para essas alterações, pudessem dizer-nos quando começaram elas. Terá sido no Câmbrico quando a vida explodiu na Terra quase de um dia para o outro? Será que foi no princípio do Carbónico? quando florestas colossais morreram e deram origem a praticamente todos os depósitos de combustíveis fósseis do globo? ou terá sido no final do Cretássico no tal limiar histórico dos 65 milhões de anos em que os terríveis sáurios desaparecem da face do planeta num ápice? Ou terá sido já no Quaternário, quando a Mesopotâmia passa de Zona Húmida a Zona Seca e o Médio Oriente se desertifica? É que, depois de tantas significativas alterações climáticas, fica a dúvida: Se nessas alturas não existia ainda produção artificial de anidrido carbónico, metano, ou outros gases a que agora se atribui o epíteto de "gases com efeito estufa", o que provocou essas alterações massivas e globais no clima?

Mas adiante.

Dizia que estamos perante um assalto global, uma chantagem à humanidade: ou pagas a taxa ambiental ou morres num forno infernal; ou compras a lâmpada mais cara ou as águas sobem ao tecto da tua casa; ou mudas de carro ou tens um cancro pulmonar; ou reciclas ou matas a floresta tropical; e... qualquer dia... ou páras de respirar ou os gases com efeito estufa vêm à terra para te matar. Curiosamente, nunca se tem exigido às grandes corporações que parem a desflorestação, que invistam mais na investigação em torno de energias menos poluentes, que cessem a sobre-produção e a sobre-exploração dos recursos naturais. Como se fosse eu, ou tu, os culpados de eles produzirem o dobro do que é necessário.
Curiosamente, são exactamente esses, os que poluem, os que exploram e destroem, que agora vêm encostar-nos a arma etérea das "alterações climáticas" às costelas e dizer-nos "a carteira ou a vida". São exactamente aqueles que não abdicam dos aviões privados, das limusinas, do caviar, dos festins, casinos, da prostituição, da desflorestação, da poluição, das jóias, dos luxos, do lucro, que agora nos obrigam a pagar impostos pelas lâmpadas incandescentes que eles continuam a produzir. São exactamente aqueles que são donos das fábricas que poluem mais num dia que eu numa vida, que agora me vêm dizer que tenho mudar de carro, porque não tenho transportes públicos, porque eles os privatizaram. São aqueles que me dizem que para poupar água tem de se lhe aumentar o preço porque são exactamente eles que a vendem.

Já vamos estando habituados a que nos responsabilizem pelos seus erros e caprichos.

Independentemente de ser cada vez mais urgente uma política de relação entre o Homem e a Natureza diferente, uma política socialista de produção racional e de mercado ao serviço das populações ao invés de uma política que coloca as populações ao serviço do mercado, é cada vez mais importante descodificar as mensagens que circulam como dogmas. Independentemente da veracidade das tais "alterações climáticas", não podemos é permitir que isso seja utilizado como gume de uma faca que nos é apontada para nos responsabilizar e para nos extorquir. Se é verdade isso, então é apenas mais uma prova de que a sociedade humana precisa de encetar outra forma de organização, uma forma de organização socialista, com o objectivo de colocar a humanidade no centro das preocupações do sistema de poder e do sistema económico.

5 comments:

Fernando Samuel said...

Um texto (excelente!) que fazia falta.
Um abraço.

Anonymous said...

De facto, este texto é muito bom.Vou relê-lo e falar deste blog aos meus amigos. Estou fara de que me queiram fazer culpada por coisas de que não sou responsável.E, entretanto, os verdadeiros responsáveis continuam felizes e (quase) serenos.
Grande treta! Já não há paciência.
Campaniça

Anonymous said...

Excelente post!
A divulgar sem demora.

zapedmamma said...

"aquecimento global", "alterações climáticas" devem vir no dicionário de "desenvolvimentês", ali perto de "desenvolvimento sustentável" .Deus e o Diabo na terra!...
Bom post!

miguel said...

por acaso, são todos filhos da mesma mãe. :)