Amar talvez seja a capacidade suprema do Ser Humano.
O império bárbaro, no entanto, tudo faz para estropiar o amor. Leva-nos o amor pelo sol, pela lua, pelo mar e pela praia, o amor pelo vento, pelo gelo, pelas folhas do outono a cair, pela noite, leva-nos o amor por nós e pelos outros. Barbaramente, vamos, a cada dia que passa, ficando com cada vez menos tempo para amar e, pior, com cada vez menos objectos de amor. A humanidade ama a natureza, mas delapidam-na com máquinas sedentas de rocha, de óleo, de água, de madeira. A humanidade ama o desporto, mas vende-se ao quilo. Amamos a cultura mas destrói-se a criatividade e fecha-se o quadro lindo numa sala de ouro. Amamos a própria humanidade, mas encarceram-na num televisor enquanto é baleada com aço que ela própria tirou da terra. Amamos as mulheres, os homens, os filhos... mas já não os podemos ter... o império não deixa amar. Deixam-nos, quanto muito, acasalar e procriar. Mas amar...
O império bárbaro avança intrepidamente contra o amor. É mal a erradicar. O amor é a raíz do humanismo, pecado mortal na bíblia bárbara. Começa a ser comum ver as barrigas inchadas, as guerras sanguinárias, a pobreza miserável. Parece-nos inevitável que ao nosso lado o mendigo peça uma moeda, ou que à nossa frente um homem esquálido sinalize um lugar para estacionarmos o pópó. O humanismo, que é a forma suprema de amor, está a dar lugar outros sentimentos. Manipulados pela própria barbaridade, esquecemos que somos todos iguais.
Como já não exigimos ter o tempo do jantar para os putos? Como já achamos natural que as mulheres não tenham tempo para os filhos? E que os homens não tenham tempo para as mulheres? E que já ninguém se veja a outra hora que não seja a de acordar as seis da manhã para ir trabalhar? Como toleramos que nos levem o amor? Que nos façam odiar aqueles que tiveram o seu país destruído pela guerra ou pela barbaridade e que agora, sem soluções, migram para outras terras? Que nos façam olhar serenos para as árvores que caem e os indígenas que fogem por suicídio? Que nos toldem a revolta quando o esmagam a humanidade?
Enquanto uns vivem na opulência de relvados e piscinas, de casas e casarões, de mansões e de limusinas, outros vivem na miséria, outros vivem sem ter o que comer, sem nunca ter visto pai nem mãe... Enquanto crescem lucros como nunca antes, enquanto se canonizam papas, se constroem igrejas e outros santuários do luxo e da abundância, o povo lá fora morre aos poucos. Morre mesmo. Morrem os que nos deixam para sempre e morrem aos poucos aqueles que já não podem amar. Não os deixam amar.
Mas eles enganam-se quando pensam que podem amarrar-nos para sempre. Por toda a parte o amor nasce como espinhos de uma rosa, naturalmente. O amor pela luta e pela vida, pelos outros e por nós. O amor pela luz que nos deixa ver é incontrolável e mais cedo ou mais tarde, irrompe! na revolta. não nos levam o amor. Não nos levam o grito!
E a cada um que calam, outros mil se levantam. Não nos tiram o amor ainda que no-lo escondam! Não deixaremos que a vontade do lucro seja mais forte que a paixão pelo mundo e pela vida. Em cada canto nasce a papoila vermelha do combate! Aqui e ali as vozes dos homens levantam-se contra a mordaça. Ergam-se Homens, trabalhadores e trabalhadoras!
sob todas as formas, exijam respeito!
O outro dizia que "amar a humanidade é fácil, mais difícil é amar cada Ser Humano". E pois, amar é sentir a dor da Humanidade e com ela lutar pela sua libertação. Não podemos amar cada Ser Humano enquanto existirem os projectistas do império bárbaro.
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