Ontem faleceu uma figura maior da História contemporânea.
Ontem faleceu Álvaro Cunhal.
Álvaro Cunhal foi um exemplo de dedicação e de coragem. Foi um homem de elevados valores, mas que acima de tudo, deu tudo por eles. Um homem que marcou a luta dos trabalhadores portugueses, que marcou a conquista da liberdade e que foi um incontornável combatente pelas mais profundas aspirações do povo português.
Foi um comunista que expressou a sua grandeza em diversos níveis da vida. Expressou o seu magnânime Humanismo na arte, na pintura, na literatura. Um homem excepcional que deu um grandioso contributo para a construção e aperfeiçoamento das análises comunistas sobre o mundo, Portugal e seus problemas.
E agora... Deixa o exemplo e a inspiração, redobra a vontade transformadora dos comunistas com o seu legado.
Mas, e o que eu não esperava, mesmo no dia do seu falecimento, fomos todos presenteados com uma verdadeira operação de revisionismo e branqueamento histórico da sua vida e da vida dos comunistas e do seu Partido.
Logo nesse dia, uma iluminada abre as notícias da TV Pública como se possuísse o dom da análise sobre a vida de Álvaro Cunhal. Chama-lhe tudo: cruel (aliás como todos os comunistas), sedutor, e desistente. Como se portadora de uma verdade absoluta aceita de bom grado tecer comentários à vida de Álvaro Cunhal. Nesse mesmo dia, a mesma televisão pública desfere o golpe final contra a memória de Álvaro Cunhal no magnífico programa Prós & Contras, onde, pasme-se se sentam reconhecidos intelectuais da praça pública para desmantelar o património de luta e abnegação de Álvaro Cunhal.
O grande Senhor Luís Osório chega ao ponto de afirmar que Álvaro Cunhal não pedia duas vezes o mesmo prato para que ninguém soubesse qual a sua gastronomia favorita!!! Pá... só podes estar a gozar comigo!
Ficámos todos sabendo que Zita Seabra é pessoa indicada para falar de Cunhal e que não tem sequer réstias de suspeição e parcialidade. A falta de respeito demonstrada pela RTP devia suscitar todas as dúvidas.
Os jornais diários traziam hoje todo um conjunto das mais elementares teses anti-comunistas, sem sequer as fundamentar. Segundo estes, Álvaro Cunhal seria uma pessoa de cariz ditatorial, autoritário e arrogante, um Homem ao serviço de interesses estrangeiros que quis instaurar uma ditadura em Portugal... Benza-os Deus...
Estes senhores da comunicação Social, imparciais e verdadeiros paladinos da verdade, não respeitaram absolutamente nada! "Vai daí, o comuna morreu! Siga bombardear o pessoal com tretas inventadas só para dizer mal e cascar nos comunas!"
Como é possível que se proceda a tão caluniosa operação mesmo no dia da morte de um homem excepcional?
Mas quem são estas pessoas que gritam aos quatro ventos desde cedo a morte do comunismo e não há meio de se confirmar a maldita profecia??? Donde vêm, onde adquiriram tão profusa sapiência que os autoriza perante os milhões de portugueses e portuguesas a manipular os factos e a verdade a sabor da vontade de cada um?
Porquê a Zita Seabra? Porque o Luís Osório? Acaso foram amigos íntimos de Cunhal? E os milhares de militantes do Partido Comunista que com ele combateram anos a fio? Não seriam esses agora os mais importantes? os seus amigos? os seus camaradas?
Não deixa de ser curioso que, no dia da sua morte, tenham sido ditas as maiores barbaridades sobre a vida de Álvaro Cunhal... Um Homem que dedicou toda a sua vida à transformação da sociedade e à evolução do mundo para uma estado de maior organização e humanismo merecia pelo menos o respeito desses abutres que tudo farão para o apagar da História.
Mas desengane-se o pulha que pensa que pode enganar-nos todos. Álvaro Cunhal perdurará na memória colectiva do povo e dos trabalhadores portugueses, deixará as incontornáveis marcas no coração daqueles que anseiam por um mundo mais justo.
Descansemos, no entanto, porque o exemplo é seguido por muitos outros e porque sabemos que a luta continua. Álvaro Cunhal sabe que enquanto persistir a exploração do Homem pelo Homem, persiste a luta pelo socialismo!
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