O mamute, mais que não seja porque está morto, merece uma homenagem. O seu compromisso com a causa da Humanidade e com a transformação da Sociedade, de forma tão séria, tão enraizada no mais profundo sentimento e convicção, leva-o a assumir uma prioridade total.
A prioridade total da transformação social, esquecendo-se muitas vezes a si mesmo, como tantos outros milhares de comunistas apaixonados pela luta, pelos seus saltos e retrocessos, pelas suas conquistas, pelas suas dificuldades.
A prioridade que o mamute, embora morto, dedica com todas as suas forças a esse compromisso, faz com que o mamute tenha uma interpretação muito lúcida e racional, característica aliás, própria do mamute e outros paquidermes ancestrais. Claro que não quero com este post vir contrariar as teses do mamute, com as quais, no essencial, estou de acordo.
Concordo com o mamute na sua tese sobre o vegetarianismo, veganismo e outros ismos que, em nome da salvação do planeta, o ajudam a destruir. Como já foi referido, a produção desenfreada de soja, geneticamente manipulada ou não, é o principal responsável pela desmatação da Amazónia e, consequentemente, pela vida de sofrimento de milhares de pessoas das comunidades indígenas. Hoje, é comum o suicídio colectivo adolescente entre as tribos da amazónia afectadas pela desmatação. As empresas, visando exclusivamente lucrar, indemnizam as tribos e as comunidades desalojadas por quantias próxima da dezena de cêntimos por mês. Centenas de adolescentes indígenas suicidam-se. Centenas de adultos indígenas, de tribos em extinção, estão submetidos ao alcoolismo e ao trabalho explorado para essas empresas. O álcool foi um instrumento dessas próprias empresas para controlar as populações. E a soja, continua, em pacotes de leite, em granulado, em seitã ou tofu, a ser amiga dos amigos do ambiente, dos animais.
Não será demais dizer que a principal causa de extinção de espécies endémicas da amazónia é a destruição do habitat, ou seja, a desmatação.
Produzimos duas vezes mais do que precisamos, à escala mundial, para comer. Mesmo assim, mais de metade da população do nosso planeta não tem acesso a alimentação saudável. O que os países ditos desenvolvidos jogam fora num mês, chegaria para anos de vida num país da África sub-sahariana, ou do Corno de África.
Há realmente muita coisa por explicar... o capitalismo mostra a cada dia que, além de não resolver os problemas essenciais da Humanidade, tem vindo a agravá-los. Hoje morrem milhares de crianças, diariamente... vítimas da fome!!! A água canalizada é um bem de luxo em muitos locais do nosso globo. O acesso aos avanços da saúde e da tecnologia esstá limitado a quem os possa pagar.
De qualquer das formas, queria escrever a tal homenagem ao mamute.
Quando ouço um puto mimado dizer-me que é vegan porque é contra a forma como matam os animais, contra a forma como os criam, contra o tratamento hormonal que lhes dão, contra a dominância do ser humano sobre outros animais, etc. isso não me faz assim muita confusão. Agora... quando me vêem azucrinar com o veganismo como forma revolucionária de transformar o planeta e a sociedade, e dizer que "ah e tal, se todos fossemos vegans, o mundo era maravilhoso" e quando me vêm dizer que não comem animais porque querem acabar com a forma como são produzidos os produtos animais... e pergunto-lhes: e porque é que são assim tratados os animais? E respondem-me: porque as pessoas os comem. Até me passo!!!
Porra, então e o capitalismo? já ouviste falar? nunca te passou pela cabeça que os animais são assim tratados porque ao capitalismo o que interessa é o lucro? nunca te passou pela cabeça que a soja que comes é também fruto desse mesmo sistema capitalista, plantada, colhida e tratada por crianças nos campos desmatados da antiga amazónia? Não percebes que, mesmo que fossemos todos vegan, enquanto o capitalismo persistir como forma de economia dominante não há alimentação que nos valha? porque nunca te questionaste? Já pensaste o que seria se todos comessemos erva? Seria exactamente a mesma coisa, animais morreriam, extinções verificar-se-iam a um ritmo muito mais acelerado do que hoje. A desmatação das florestas acentuar-se-ia e onde um dia houvera árvores e arbustos, teríamos a soja. E laboratórios por todo o mundo vender-te-iam as leveduras de cerveja e a L-carnitina extraída de animais entubados, já que as plantas não a possuem em quantidade suficiente para ser rentável comercializar. O sistema capitalista tudo fará para lucrar com a alternativa vegan. Aliás, já o faz.
Realmente, come o que e como quiseres, se te chateia comer animais, óptimo, não os comas. Mas por favor, não me venhas encher com a treta da transformação da sociedade quando tratarmos bem as vacas.
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