Eis que nós, portugueses voltamos a dar provas de que merecemos os epítetos de povo sofredor.
A nossa sina, antes que alguma manhã de nevoeiro nos traga uma surpresa esperada há muito, será fustigada por vendavais de toda a ordem.
Eis que somos novamente postos à prova pelo Concílio dos Deuses. Marte não descansa o seu insaciável ódio ao nosso mártir povo. Pena que não venham hoje sereias, nem alcancemos ilhas de amor, para mitigar tão triste fado.
Mas tal castigo persegue-nos há muito. Por Júpiter!
Que nos reservará ainda o destino? Que fadigas e tormentas teremos ainda de dobrar antes do nascimento do nosso longínquo quinto império?
Nos entretantos, muitos vão reclamando a armadura sebastiânica. São figuras que já deviam viver nos antigos livros, remetidos aos negros capítulos da História sofrida a que, na verdade, pertencem.
Ah... trágicas estórias as da nossa Ocidental Praia Lusitana! Valha-nos um qualquer Deus menos fatídico, nem que seja um daqueles pequenos, menos famosos... ou mesmo um semi-deus que nos acuda. Se não há Neptuno, nem Júpiter, se nem Marte nos acode e se Vénus anda ocupada a tentar lembrar o amor a quem o esqueceu, contantavamo-nos agora com a ajuda de Baco, ou mesmo Dionísio mais arcaico, caso Baco esteja ocupado. (À falta deles, enviem-nos ao menos umas bacantes que nos dilacerem a carne e o sofrimento.)
Mas porquê, esta trágica invocação do Concílio há muito extinto, como todos sabemos, para ser substituído, curiosamente, num Concílio?
É simples. Não bastava sermos o país que orgulhosamente ocupa os primeiros lugares de tudo quanto é negativo e o último de tudo quanto é positivo no seio da União Europeia? Não, não bastava... Não basta também sermos um país corroído pela corrupção em larga escala, um país de cruzamentos promíscuos de interesses, um país de muitos pobres e poucos ricos. Nada disso basta. Não basta já vivermos a empobrecer enquanto trabalhamos, não basta ainda viver à míngua para comprar o pão e pôr a comida na mesa para os miúdos. Não, nada disso é ainda suficiente para que paguemos o pecado de sermos Portugueses. Há-que fazer jus à nossa sina.
Enquanto esperamos a manhã submersa em nevoeiro, outros há que vão fazendo fumo.
Capas de revista, de jornais, doutores da sapiência divina e paladinos da razão que já mais ninguém tem. São eles quem agora, a juntar a tudo, nos vem lembrar que estamos podres por dentro. Que não há decência contemporânea e outro remédio não nos resta senão o de remexer nos baús bolorentos do sótão político empoeirado.
Venham eles, que não estão cansados de governar o nosso país. Venham eles que já ninguém lembra. Aqueles que, à espreita, nunca deixaram de querer ser a nossa consciência. E nós, perdoai-nos Júpiter, Marte, Baco, Vénus, Neptuno... Devolvei-nos a memória e o discernimento que em má-hora no-los levastes. Não digo que não os tenhamos, mas tão apagados que estão, oh Deuses!
Venham eles de novo, em armaduras plásticas brilhantes e nevoeiros fingidos. Guerreiros contra a senescência e a idade, que talvez não mereçamos mais nem melhor.
Venham que o povo saberá, a seu tempo, pedir-vos as contas que lhe devem.
As soluções estão à vista. Contrariar os Deuses e seu concílio nunca foi fácil, e certamente, pagaremos caro por o fazer novamente. Mas a História do nosso país tem ainda muito que escrever. Em boa hora saberemos virar o rumo da nossa barca, contra soares, cavacos e outros parasitas arcaico-modernos, rumo a um futuro de vitórias. Um futuro a que não tenhamos vontade de chamar império, porque nele não subjugaremos ninguém.
Razão suba ao concílio extinto do Olympo, ou aos céus do Senhor pois o destino a que nos sujeitam em breve será ruína. Sobre a ruína, edificaremos um Portugal independente de vossos estigmas e ditames. Independente de vossos famigerados querubins, musas ou semi-deuses.
Não há deus que nos amarre para sempre, há vida para além de Soares e Cavaco. Há povo para além das ilustres casas e palácios. Há economia para além das grandes corporações. Há política para além do PS e PSD. Há política nas nossas mãos. Há Partido Comunista!
Deixo o post histórico-científico para o mamutemorto para ele dar uso ao que anda a estudar.
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1 comment:
Eu continuo à espera de um cometa e da extinção dos dinossaurios...
Não deve estar longe, acredito que seja um fenómeno cíclico.
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