Wednesday, February 29, 2012

Capitalismo para Totós XI - flexibilidade

flexibilidade - termo utilizado geralmente no universo das relações laborais. a flexibilidade (laboral) é o termo enfeitado para dar corpo a várias aspirações do grande patronato, como forma de aprofundar a exploração.

Há várias forma de flexibilidade (laboral) na terminologia capitalista:

i. a que se refere à flexibilidade do vínculo, sendo uma forma mais bonita de dizer "precariedade", mascarada pela falsa ideia de que essa flexibilidade do vínculo é resultante do "estilo de vida moderno" e que é mesmo desejada pelo trabalhador, porque "a malta jovem gosta é de poder andar de trabalho em trabalho, sem compromissos". Essa flexibilidade (dos vínculos), na verdade, beneficia apenas o patronato, na medida em que só o patronato tem limitações nas rescisões de contrato, podendo o trabalhador provocá-la a qualquer altura.

ii. a que se refere à flexibilidade do horário, quebrando e atentanto contra uma conquista social dos trabalhadores. A flexibilidade do horário de trabalho tem um reverso brutal: a flexibilidade da vida social, pessoal e familiar do trabalhador, com consequências fundas no seu bem-estar e na sua qualidade de vida. O horário de trabalho e o trabalho não são um elemento de elevação da qualidade de vida colectiva, mas antes uma imposição na vida colectiva ao serviço exclusivo dos que lucram com a exploração através de horários desregrados. Ao invés de o trabalhador ser remunerado por trabalhar em horários "flexíveis", a consagração da "flexibilidade" na letra da lei vem apenas isentar o patronato do justo pagamento do trabalho realizado fora do horário comum e estabelecido previamente.

iii. a que se refere ao conteúdo funcional das tarefas do trabalhador, fazendo crer que a flexibilidade resolve todos os problemas nas empresas quando na verdade, a flexibilidade funcional (polivalência) significa apenas que o mesmo trabalhador pode realizar as tarefas de outros, sem que o seu estatuto remuneratório seja ajustado. Isto significa que o patrão pode, explorando um só trabalhador, apropriar-se de uma mais-valia em diversas tarefas laborais, sem necessidade de contratação ou de pagamento além do salário estabelecido. Este conceito, por si só, demonstra bem que a actual concepção de "empresa" não está ao serviço da sociedade e dos homens e mulheres, antes pelo contrário, estão os homens, mulheres e sociedade ao serviço das empresas.

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